sexta-feira, janeiro 16, 2009

27 Quem se importa com o passado?

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No começo de 2008, tão logo o Conselho aprovou a venda do Estádio Eucaliptos, fui lá fotografar e registrar aquele concreto nostálgico. Incursei pelas arquibancadas, pelo campo, fui entrando pelos corredores. Cheguei a um salão nobre (que já tinha visto em fotografia). Fui registrando os ambientes e tentando achar algo que pudesse ser uma relíquia histórica, mas só encontrei algo imóvel, que fazia parte da construção. Os portões de ferro.
Um deles é esse aqui:
Imaginei que pudesse ser usado em algum espaço do Beira-Rio ressaltando seu valor histórico. Na pior das hipóteses a peça poderia ser leiloada, pois muitos colorados de mais idade pagariam um bom preço tê-lo em casa.
Um belo dia, passando pela Rua Silveiro, notei sua ausência, fora substituido por tijolos. Onde estará o portão? Sempre fica aquele desejo de torcedor que tem fé até o último minuto: o novo Museu, claro! Levaram para o novo Museu!
Um belo dia, andando pelo Complexo Beira-Rio, vi um negócio estranho. Será o velho portão? De fato ele foi restaurado e instalado no Complexo Beira-Rio. Pelo menos, esta lá. Desfigurado, descontextualizado, totalmente nú de sua história. Atrás do Centro de Eventos e do Gigantinho. Sem uma placa. Desfigurado. Apenas com o propósito de reaproveitar um ferro-velho emendado num outro portão qualquer.
O descaso com o Portão que por décadas esteve na esquina da Rua Silveiro com a Barão do Guaíba é apenas um reflexo de como o Internacional trata e tem tratado sua história. Exemplos não faltam. A Praça Sport Club Internacional, localizada no lugar em que situava-se o antigo campinho da Rua Arlindo, onde o Inter deu seus primeiros passos, não tem nem uma identificação. Toda a questão do nome inspirado, como se fosse uma cópia vazia e sem significado, na Internazionale nascida em 1908 do outro lado do oceano. Entre tantos outros absurdos que eventualmente podem vir a ser resgatados ou perdidos para sempre para as traças.
Qualquer um capaz de pesquisar no Google, sabe que o símbolo do Internacional era de letras vermelhas em fundo branco até o tempo do Rolo Compressor. Depois, inverteu-se as cores e só depois (no final da década de 1960) mudou-se o formato das letras e o modo do seu entrelaçamento. Isso não impede que a Página Oficial do Clube diga que em 1975 continuava o símbolo das letras vermelhas com fundo branco e com uma estrela(!). Além disso, os logos apresentados no "site" do Clube não mostram os detalhes do entrelaçamento, que na época era totalmente invertido do atual.

Quem sabe, o Internacional não começa a revalorizar sua história institucionalmente nesse ano? Até porque ainda não sei quem é o responsável pela pesquisa histórica do novo Museu, ou eu até sei, mas me nego a aceitar que seja o mesmo autor do livro "oficial" do Centenário. Aliás, o Museu do Inter tem nome: VICENTE RAO. Temos que cuidar para que não esqueçam.
As minhas fotos do Eucaliptos e da Praça Sport Club Internacional estão aqui: http://picasaweb.google.com/guilhermemallet. A Cópia é livre.


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ADENDO

Conforme muito bem lembrado pelo Tiago "Colorado no Canadá", vale lembrar o exemplo do Sporting Lisboa, que mantém na parede de seu estádio "José Alvalade XXI" um portão do antigo "José Alvalade", estádio que foi demolido. Valorizar e respeitar o passado é melhor que apegar-se a ele.