quarta-feira, março 18, 2015

Matemática e Deserto

Não sei se todo mundo sabe a diferença de arranjo e combinação na matemática. Eu, pessoalmente, sempre me confundo e não consigo afirmar de certeza, pela memória, qual é um ou outro sem antes olhar no Google.

Segundo informações encontradas em nosso oráculo dos incautos e "dessabidos", arranjo é agrupamento de um número finito de objetos em uma dada ordem. Já combinação é o agrupamento de elementos de um conjunto finito tomados indistintamente da ordem.

Vocês sabem por que comecei com essa coisa toda de álgebra? Por causa dos esquemas táticos: 4-4-2, 3-5-2, 4-2-3-1... e "la puta que te parió".

"Conjunto finito! hm... isso me lembra duas coisas e faz ver uma relação entre elas", pensei, matemática e times de futebol. Sendo mais direto, os times do Inter montados pelo Abel e os montados pelo Diego Aguirre.

Continuando com a franqueza e com todo respeito ao nosso ex-treinador, campeão da Libertadores e do mundo - usando uma de suas sábias palavras em Yokohama, o treinador que "descabaçou" o Inter em títulos continentais e no maior de todos - quando ele montava a equipe (algum gaiato dirá que ele apenas distribuía as camisetas, maldade...) eu não tinha confiança nenhuma, só esperança de melhora ou de que seria uma equipe de atitude e respostas diferentes em campo. 

Me sentia acompanhando uma moeda jogada ao ar esperando cair no chão pra ver se seria cara ou coroa, um time que traria a vitória ou que nos deixaria irritados. Nem passava pela minha cabeça a importância da formação, os números pra mim eram como os das linhas de ônibus no Rio de Janeiro: um formalismo, mas não tinha a minima ideia de onde ia me levar. Não sabia qual ia ser o ponto final de meu humor depois de 90 minutos.

Por outro lado, a sensação que tenho hoje de que será uma equipe diferente, melhor, com comportamento vitorioso em campo dependendo da formação anunciada é real.

Pelo menos pra mim, noto muita diferença hoje nos dias de Aguirre para os de seus antecessores. Num passado não muito distante, entre uma dose e outra de um bom 18 anos, debatíamos apenas qual "naba" tirar para o time não ficar ancorado ou com rombos e terminar a partida com a vitória.

Hoje entre uma dose de "cerveza y asado" ou um mate, além de quem achamos importante, passa pela nossa análise como esse conjunto finito de boleiros estará "combinado" em campo. E, além disso, saber que qualquer formação é possível desde que treinada.

Se isso tudo, a matemática, a tática, a técnica e as iguarias uruguaias vão nos levar a conquista da libertadores não sei. Mas, pelo menos tenho conseguido me divertir um pouco. Me deixa mais relaxado que as coisas estão sendo tentadas de maneira séria, profissional e com método científico. Como disse o nosso zagueiro Juan em uma entrevista: um estilo de trabalho igual ao encontrado nos clubes europeus.


É hoje!
PS: "Estávamos próximos da fronteira, e eram eles os responsáveis por guardá-la dos rebeldes. Encontrei, enfim, a guerra. Tinha cara amiga, e era difícil entender como se livrava dessa cara para matar"

Mais trechos do livro "Desertos" estão aqui. Esse é mais do que recomendado.