quinta-feira, fevereiro 28, 2008

68 Acabei!

68
Escrito por Diana Oliveira

Desde segunda-feira minhas ocupações arquitetônicas têm sido um tanto exaustivas. Pra falar a verdade arquitetura quando não esgota, apenas cansa. Todo arquiteto sente uma leve e inexplicável atração por sofrimento, como o atleta pela dor. Completei nos últimos dias uma tarefa sacal, modificar o projeto pronto de um mini-complexo que abrigará um auditório com capacidade para 120 pessoas, uma sala de conferências e um ambiente para recepções. O cliente resolveu não gostar da escada. Alguém aí tem idéia do tempo que se leva pra detalhar uma escada? Também pediu que acrescentasse uma porta. As duas breves solicitações provocaram re-trabalho em nove arquivos: efeito dominó. Um saco.

Mas hoje eu finalizei. Acabei de acabar. Aliviada, refletindo sobre a vida, responsabilidades e tudo mais, volto à partida de ontem. Existe a máxima de que o jogo só acaba quando termina. Também sei que o pior erro numa disputa é subestimar o adversário. Mas é muito fraco o Nacional de Patos. Conforme vi na manchete do Wianey, imaginem um jogo entre o Nacional e o Jaciara... Cruzes.

Não falo isso por tentar desmerecer a vitória, tampouco seria uma tentativa de humilhar os frágeis adversários. É que percebi claramente no Inter a mesma disposição pra esse jogo que a minha para o trabalho dos últimos dias. Acho que se pudesse ler pensamentos encontraria em negrito, por trás da placa de titânio na testa do Fernandão, as palavras por mim pronunciadas em meu ofício da semana: Que saco!

Capitão perdeu um gol feito. Absolutamente todos em campo erraram passes. Welington Monteiro talvez tenha sido o mais displicente e não é de hoje a reivindicação dos torcedores: Bustos é da posição e muito mais jogador. Mas essa questão é tática, ou técnica, de acordo com as pretensões do treinador. Falo de postura, e individual, pois como grupo o resultado foi bastante satisfatório.

Fico num dilema, até que ponto o lamento em jogar essas partidas é condenável? Hoje à tarde estarei com o proprietário do futuro auditório e nem passa pela cabeça dele que eu acho um porre modificar um detalhamento completo, totalmente pronto. Ele é cliente, não posso me negar a fazê-lo, mas que é uma droga, isso é. De certa maneira me identifiquei com a função dos jogadores e até que saíram belos gols. Guiñazu marcou seu primeiro com a camisa colorada. Magrão fez um bonito gol também.

Penso que tudo são ossos do ofício. Não existe liberdade sem responsabilidade. Não há como vencer a Copa do Brasil sem passar pelo jogo sonolento de ontem. Não tem como seguir a execução do projeto sem efetuar as porcarias de modificações. Faz parte. Se tiver má vontade sou capaz de cometer algum deslize, que estoura na obra lá na frente. Se caírem no hábito desleixado de jogar, podem perder uma partida classificatória.

Um pouco de virtude e persistência a todos nós.

Segue o baile.