Escrito por Diana Oliveira
Na ocasião da derrota para o Juventude eu me pronunciei solidária ao grupo colorado. Entendi como um tropeço. Primeiro porque atuações individuais estiveram aquém do esperado, segundo porque o precário time da serra achou um gol e só. Como de costume tento ponderar, ou seja, sou em cima do muro. E daí? Antes considerar outros argumentos que morrer abraçada em teimosia. Admito, porém, que cultivo meus resmungos e amo o Edinho, fazer o que? Mas voltando ao fracasso, desconfortável mesmo é perder para o Juventude – “tôca” dos daqui, filial dos de lá... Pô Fernandão! Como se explica isso em casa?
Venho rebatendo as críticas do Louis de que não há grupo no Inter. Discordo. E vou repetir o que escrevi nos comentários há alguns dias: Acredito nisso pela postura semelhante ao início do ano de 2006, quando o Inter tomava um gol e rapidamente marcava outro. Até o jogo contra o Juventude o Inter reagiu com autoridade quando sofreu gol, da Inter/ml ao São José. Enquanto não chega a próxima rodada o último jogo foi pra mim um tropeço. E se desilusões acontecem, em 2006 eu tava no Beira Rio na final do Gauchão.
E veio a rodada seguinte com a goleada sobre o Brasil de Pelotas.
O alerta para jogadores que substituem titulares absolutos existe. É muito difícil reparar a ausência do Guiñazu, e se ainda não jogar o Magrão, piora bastante. Aliás, este último é pouco lembrado pela mídia e por isso ataquei a imprensa que exaltou precocemente o Ramon. O Magrão é taticamente disciplinado, resistente, bom marcador, tem bom passe e quando chega à frente incomoda a defesa adversária. É comparável ao baixista de uma banda, não aparece tanto quanto o guitarrista, mas sem ele a banda sai do compasso. Portanto, o time vai sentir escalações alternativas, mas não significa que não há grupo. A prova disso é o retrospecto de 2008, até aqui só perdemos um jogo e as demais vitórias foram por excelência. Outro indício de fortalecimento do grupo são as boas atuações de Alex e Welington Monteiro, jogadores que crescem quando o coletivo se estabelece.
Ah mas carece um jogador aqui e ali... Peraí pessoal, em 2005 era Ediglê na zaga e a campanha foi excelente. Eu adoraria ter no plantel o Juninho Pernambucano, mas se não veio ou não virá este ou qualquer nome que almejo passo nem perto do desespero. A vida é assim ora. Eu também adoraria ter cinco arquitetos trabalhando sob minhas ordens e nunca mais achatar a bunda em frente ao computador desenhando, mas tenho estagiários que me fazem perguntas estúpidas e aos quais repasso as tarefas tentando tirar deles o melhor que podem me dar. Meu negócio é um desastre? Não. Também não é o maior da paróquia, mas já ganhei concorrência de escritórios renomados. Tô na luta. Estamos na luta: os colorados.
O Inter não se compara a mim, certamente, a situação é que se equivale. O time que temos hoje apresenta fragilidades pontuais, nem por isso deixa de ser um grupo forte e candidato a títulos em 2008. Sei que o recente ano passado foi decepcionante e as inseguranças provêm daí, mas estou me baseando em fatos, até aqui o time correspondeu. Acho que com Bustos na lateral direita e Marcão na esquerda meu maior receio está sanado, que eram estas posições. Se o articulador vai ser mesmo o Alex, espero que mantenha o padrão desse início de temporada. Mas como a direção pode e deve seguir trabalhando, esta seria a posição para se ter outras opções. Ou contratamos ou criamos alguém na base, pois carência de articulador provoca postura em campo de atacante isolado ou Fernandão deveras recuado. E isso é realmente problemático.
Ah mas o Abel não sabe o time que tem na mão... É verdade. O Abel por vezes parece fazer questão de complicar o simples. É mais treinador que técnico. Porém, volto a repetir o que escrevi no mesmo comentário de alguns dias: Sabem o que eu ouvi de um amigo gremista? O cara é de Farroupilha e vem à POA assistir aos jogos do Grêmio. Estávamos falando cada um das mazelas do seu time e chegamos à comparação Mano & Abelão. Eu curto o Mano e aceito o Abel. E ele me disse o seguinte: "Diana, todos os técnicos têm seus bruxos e fazem suas cagadas. O Mano foi totalmente favorecido pelo sucesso da batalha dos aflitos, mas se ele fosse tão bom a gente não teria chegado na última rodada, em plena série B, naquele desespero... E se ele não tinha time, os outros técnicos também não".
Ontem fiquei assistindo matérias sobre a Libertadores e me lembrei de uma sensação. Aquele agosto frio, chuvoso, o gosto de comemoração, uma alegria que não cabia nos meus 1,75m de altura. Sinto saudade de mim, num momento em que fui tão feliz. Volta, por favor.