Escrito por Raul Pons
Na semana de carnaval, é impossível não falar do tema, principalmente se formos falar de futebol. Carnaval e futebol, juntos, são as duas maiores manifestações populares do país, e ambos tiveram uma origem parecida, junto às classes mais abastadas, mas que logo foram apropriadas pelas camadas populares, que expandiram em muito o alcance destes eventos.
E o Sport Club Internacional, já na sua origem, fazia esta simbiose. Na reunião de fundação do clube, em 4 de abril de 1909, dois blocos carnavalescos fizeram-se presente em bom número: o Venezianos e o Esmeralda. A presença majoritária do Venezianos foi decisiva para que o clube tivesse as cores vermelho e branco, as mesmas da entidade carnavalesca.
O Esmeralda foi fundado em 1873 ou 1874 (ano em que desfilou pela primeira vez), e era o grande rival dos Venezianos. Existiu até por volta de 1940, fazendo corsos e bailes. Seu lema era "Carnaval fino, chic e educado", gozado pelas concorrentes como "Carnaval feio, grosso e mal-criado".
Já o Venezianos, fundado em 1873, foi uma das duas grandes sociedades que deram início às grandes disputas carnavalescas de Porto Alegre. Os Venezianos existiram até por volta de 1912 e sua sede era na rua Venezianos (hoje Joaquim Nabuco). Os Venezianos eram considerados a sociedade do povo, em contraposição à Esmeralda, que seria representante da elite. Em 1907 os Venezianos desfilaram com mais de 100 cavaleiros, e houve uma vez em que a sociedade contratou todas as viaturas da cidade (charretes, coches, etc), deixando a rival "na mão".
Em 1926, quando entidades definitivamente populares, como o Furão de Rua, Vampiros, Passa Fome e Anda Gordo, Quem Ri de Nós Tem Necessidade, Tesouras (de onde sairia o craque Tesourinha) e Atravessados decidiram fundar a primeira Associação Carnavalesca Porto-Alegrense, certamente a maioria dos sócios destas entidades torcia pelo Internacional, clube quase hegemônico entre as classes populares de Porto Alegre, na época.
Em 1939, quando foram fundadas Aí Vem a Marinha e Loucos de Alegria, duas escolas de samba já extintas, mas que foram tradicionais na cidade, também os colorados certamente eram maioria.
Vicente Rao, o mais famoso Rei Momo do carnaval porto-alegrense, cargo que exerceu de 1950 a 1972, foi um histórico torcedor colorado.
Em 1959, quando o Internacional comemorava seu cinqüentenário, surgia na mesma rua Joaquim Nabuco dos Venezianos, a Imperadores do Samba, nas cores vermelho e branco. Esta escola, uma das mais vitoriosas da cidade, tem uma ligação íntima com o Colorado. Entre suas alas, figura a "Camisa 12", pertencente à torcida organizada colorada. Em 1988, um dos anos em que a escola foi campeã do carnaval, seu enredo homenageava Paulo Roberto Falcão. Em 2009 a escola pretende homenagear o centenário do Internacional, naquele que promete ser o maior desfile que a cidade já viu.
