Escrito por Diana Oliveira
Com o novo concurso para bloguista BV, acabei recordando a minha participação na primeira edição. Escrever publicamente, pra mim, teve importância como algo inusitado, novo. E tudo que fazemos pela primeira vez desperta atenciosamente os sentidos, motivação, frio na barriga. Isso é intransferível e delicioso. Quando aparecia meu texto junto de outro concorrente eu sentia uma combinação estranha de ansiedade, queria ler de uma vez e também não queria. Loucurinha muito louca.
Mas aconteceu uma sucessão de fatos hilários no decorrer do percurso que hoje venho lhes contar. Eu conheci o Blog Vermelho através de uns amigos colorados, durante a Libertadores 2006, mas passei a acessar com freqüência depois da final, por causa de um desses amigos que, bêbado e nervoso ficava repetindo as palavras do Jorge Ramos na arquibancada, antes do jogo: “Renteria la queria, Renteria la tenia, Renteria la metia e Fernandon la empurrava... Inter, dos a uno...” Eu acabava de conhecê-lo e desde então assisto a todos os jogos junto dele e dos demais que estavam conosco, abrindo exceção apenas para o pessoal do blog - freqüentadores da ala do amendoim.
Quando escrevi o primeiro texto pro concurso enviei antes a ele por msn e, eufórico, me respondeu com um milhão de palavras de estímulo. O entusiasmo desse meu amigo foi contagiante e eu realmente passei a acreditar que poderia escrever. Fui me sentido cada vez mais inspirada e ele, confiante. Até que chegou o mata-mata que eu perdi. Nesse dia meu amigo ficou inconformado com os votos que surgiam para o meu adversário e aí começou a comédia. Somente ele sabia que eu era o então bloguista #8 (número que integra meu nick até hoje, pois além de ser meu é do Edinho!). Minhas amigas próximas também sabiam, mas a elas pedi que não votassem, era regra do jogo e nenhuma delas acessava o blog, estavam na torcida por mim no camarote.
À medida que o dia foi passando eu fui murchando, pois tinha uma causa feminina aliada à competitividade. Mas, fazer o que... É a vida... Tem que aceitar... Aceitar? Nunca! Pelo menos para o meu amigo. De uma hora pra outra começaram a aparecer votos e mais votos pro tal bloguista #8-excelente-texto! Uma enxurrada de elogios que beiravam ao delírio coletivo, tamanha quantidade de militantes. Era fim de tarde quando vi os primeiros extraterrestres votando em mim e chamei o cara no msn, pedindo que parasse com a boca de urna ostensiva, pois aquilo ia acabar me prejudicando. Só que ele ignorava meu comprometimento ético e a cada cinco minutos aparecia um voto. Eu reclamava e ele ignorava. Fui achando aquilo engraçado, parecia mãe de miss. Ao mesmo tempo me sentia culpada e constrangida. Encerrei o expediente e a caminho de casa achei que aquela falcatrua não ia dar em nada, o outro candidato tinha muitos votos.
Durante a noite tentava dormir e era impossível. Primeiro pelo receio de ser julgada em virtude da manobra escusa elaborada por meu especial e fiel incentivador. Segundo porque o Grêmio ganhou do São Paulo no Olímpico pela Libertadores e na frente da minha casa era uma gritaria desagradável. No dia seguinte cheguei ao escritório cedinho, precisava receber umas plotagens e finalizar rapidamente um projeto. Quando abri o blog e vi o número de comentários no post do concurso me deu até dor de barriga. Tudo que eu queria durante os segundos intermináveis que precederam à tela exposta com os votos era não ter vencido. Como eu ia me explicar? Fiquei tão nervosa que nem li o post acima onde o Louis confirmava a vitória do meu oponente. Contei de novo os votos, tudo errado. Suava e não conseguia parar de rir. Imaginava as pessoas me julgando e lembrava meu amigo dizendo “Vai ganhar, não tem essa!”.
Eu devia ter sido mais correta, mais incisiva, mas não fui. Eu não devia ter aberto para um leitor do blog qual candidato eu era, mas contei. A essas alturas me tornara um resumo de culpa e medo, apesar de comovida com tanto apoio que recebi, justamente da pessoa que me apresentou o blog. E a risadeira veio com tudo. Ria sozinha e transtornada no escritório. Tocou a campainha. Eram as plotagens. Abri a porta e o moto-boy me aparece com uma escandalosa jaqueta do Grêmio. Eu, rindo descontrolada. Ele pensou que eu fosse gremista e disse:
- Feliz hein, os colorado é que tão de cara!!
Pra quem já havia sido conivente com a injusta votação, passar por gremista a essas alturas era um peido...
Fechei a porta e tive que sentar no chão de tanto que eu ria. Voltei até o micro prontíssima para me denunciar, me justificar, ou tentar... Sei lá! Mas antes enviei um email pro Louis contando tudo. E que coisa o destino. O Gringo aconselhou a me identificar no final, dizendo que as pessoas iam gostar de saber quem eu era entre os concorrentes e o episódio acabaria esquecido. Foi a minha sorte, porque meu algoz do famigerado mata-mata era o Luis Felipe dos Santos, que abandonou o concurso para escrever no Final Sports e se eu tivesse revelado minha identidade naquele momento, seria impossibilitada de continuar na briga.
Quando chegou a final fiz meu amigo me jurar que não buscaria votos pra mim, mesmo assim apareceram uns ali que... Sei não... De qualquer maneira também perdi. A gente logo percebe quando não vai ganhar. Então no dia seguinte nem tive pressa de acessar o blog e foi esse meu espertinho, porém especial amigo quem me disse: Abre lá e lê o que tá escrito.
Era o Louis me convidando pra escrever também. Fui Vice, me classifiquei pra Libertadores. E aqui estou.
Não trapaceiem candidatos, não é gratificante. É gol roubado. Contudo, o que ficou pra mim dessa história um tanto engraçada foi ter de uma pessoa o que o Colorado tem da Popular: apoio incondicional.
E pra ele vai essa homenagem,
Vamo, vamo, meu Inter. Eu te quero, te preciso! E não paro de cantar
Tu é meu melhor amigo!!