Escrito por Raul Pons
A data de 11 de agosto de 1912 marcava mais uma partida válida pelo campeonato de Porto Alegre. Os clubes que entrariam em campo viviam situações opostas. O Internacional lutava com todas suas forças para ganhar seu primeiro título (que não viria ainda naquele ano), enquanto o Nacional amargava a lanterna, já tendo levado humilhantes goleadas (6x0 do 7 de Setembro, 7x0 do Internacional e 8x0 do Grêmio).
Uma novidade do campeonato de 1912 é que pela primeira vez ele teria dois turnos, e Internacional x Nacional marcava a abertura do returno. Como conhecemos bem o Colorado, vamos saber mais do rival. O Nacional havia sido fundado em 7 de agosto de 1909, e era um dos fundadores da Liga de Foot-Ball Porto-Alegrense. O clube era alvi-negro, e seu escudo era formado por uma chuteira tendo por cima uma bola e as iniciais SCN na extremidade. Seu campo ficava no arrabalde do Partenon, e por ser considerado muito distante, não era usado no campeonato. Por isso, a partida seria realizada na Baixada gremista.
O Internacional teve sua escalação anunciada na imprensa com o time completo. Atuariam estrelas como o goleiro Silla, o centromédio Carlos Kluwe (o grande herói colorado da época), e um ataque de respeito: Túlio Araújo, Vítor Galvão, Álvaro Ribas, Antenor Lemos e Francisco Vares. Destes, três merecem destaque. Ribas foi um dos principais jogadores colorados até ser esfaqueado em um Gre-Nal, em 1918. Antenor Lemos foi o maior dirigente colorado até o surgimento de Ildo Meneghetti. E Vares é o recordista de gols em um único Gre-Nal (6 gols). Mas, enfim, o time colorado anunciado: Silla; Ávila e Radagazio; Flores, Kluwe e Pedro Chaves; Túlio, Galvão, Ribas, Lemos e Vares (um dos zagueiros não jogou, porque estreou o uruguaio Tomás Scabillon).
O Nacional, apesar do nome, demonstrava em sua escalação forte influência alemã e italiana: Cabrera; Burgard e Frölich; Vieroski, Adolfo e Pedro; Dami, Vinhas, Júlio Grunewald, Alcides e Bagetta.
Uma vitória colorada fácil já era esperada pela assistência, mas os números superariam as expectativas. Ao final da 1ª etapa o Internacional já vencia por 7x0. A sucessão de gols manteve-se com ímpeto maior no 2º tempo, e as redes de Cabrera balançaram mais nove vezes. O Nacional havia sofrido 16 gols, e pela primeira vez o Internacional chegava a um placar de dois dígitos. Os goleadores colorados, naquela tarde inspirada, foram: Vares (4), Galvão (4), Pedro Chaves (3), Túlio (3), Kluwe e Scabillon. O Internacional estabelecia ali, em sua 23ª partida, um recorde que persiste até hoje.
O Nacional, a partir deste resultado, entraria em uma crise sem volta. Duas semanas depois, levaria 23x0 do Grêmio (também a maior goleada da história do rival). No final da temporada, o clube fecharia suas portas para sempre.
Uma curiosidade trágica sobre um dos atletas colorados desta partida. Em 29 de outubro de 1913, Scabillon, não mais jogador do Internacional, foi assassinado em Bagé por Satyro Bittencourt, jogador do Guarany local (Sátiro jogaria no Internacional em 1915).
Uma novidade do campeonato de 1912 é que pela primeira vez ele teria dois turnos, e Internacional x Nacional marcava a abertura do returno. Como conhecemos bem o Colorado, vamos saber mais do rival. O Nacional havia sido fundado em 7 de agosto de 1909, e era um dos fundadores da Liga de Foot-Ball Porto-Alegrense. O clube era alvi-negro, e seu escudo era formado por uma chuteira tendo por cima uma bola e as iniciais SCN na extremidade. Seu campo ficava no arrabalde do Partenon, e por ser considerado muito distante, não era usado no campeonato. Por isso, a partida seria realizada na Baixada gremista.
O Internacional teve sua escalação anunciada na imprensa com o time completo. Atuariam estrelas como o goleiro Silla, o centromédio Carlos Kluwe (o grande herói colorado da época), e um ataque de respeito: Túlio Araújo, Vítor Galvão, Álvaro Ribas, Antenor Lemos e Francisco Vares. Destes, três merecem destaque. Ribas foi um dos principais jogadores colorados até ser esfaqueado em um Gre-Nal, em 1918. Antenor Lemos foi o maior dirigente colorado até o surgimento de Ildo Meneghetti. E Vares é o recordista de gols em um único Gre-Nal (6 gols). Mas, enfim, o time colorado anunciado: Silla; Ávila e Radagazio; Flores, Kluwe e Pedro Chaves; Túlio, Galvão, Ribas, Lemos e Vares (um dos zagueiros não jogou, porque estreou o uruguaio Tomás Scabillon).
O Nacional, apesar do nome, demonstrava em sua escalação forte influência alemã e italiana: Cabrera; Burgard e Frölich; Vieroski, Adolfo e Pedro; Dami, Vinhas, Júlio Grunewald, Alcides e Bagetta.
Uma vitória colorada fácil já era esperada pela assistência, mas os números superariam as expectativas. Ao final da 1ª etapa o Internacional já vencia por 7x0. A sucessão de gols manteve-se com ímpeto maior no 2º tempo, e as redes de Cabrera balançaram mais nove vezes. O Nacional havia sofrido 16 gols, e pela primeira vez o Internacional chegava a um placar de dois dígitos. Os goleadores colorados, naquela tarde inspirada, foram: Vares (4), Galvão (4), Pedro Chaves (3), Túlio (3), Kluwe e Scabillon. O Internacional estabelecia ali, em sua 23ª partida, um recorde que persiste até hoje.
O Nacional, a partir deste resultado, entraria em uma crise sem volta. Duas semanas depois, levaria 23x0 do Grêmio (também a maior goleada da história do rival). No final da temporada, o clube fecharia suas portas para sempre.
Uma curiosidade trágica sobre um dos atletas colorados desta partida. Em 29 de outubro de 1913, Scabillon, não mais jogador do Internacional, foi assassinado em Bagé por Satyro Bittencourt, jogador do Guarany local (Sátiro jogaria no Internacional em 1915).
12 Comentários:
Pô Raul...esse era meio que o Ibis na época então?....rsrsrs
Raul, aproveitando que no final de semana o Corinthians completou 5000 jogos, tu sabes quantos jogos o Inter ja fez? Se puderes colocar a estatistica completa (vitórias, empates, derrotas, gols pró e contra) seria uma informação muito interessante.
Parabéns pelo teu trabalho.
Bah, o cara matou um ex-jogador do colorado e depois ainda foi contratado pelo time??!! Que época hein!!
Parabéns pelo trabalho
Gonçalves:
É, era um Íbis da época, he, he, he. No campeonato de 1911 tb foi saco de pancadas.
Rafael:
4.704 jogos
2.692 vitórias
1.106 empates
906 derrotas
9.834 gols pró
4.700 gols contra
5.134 gols de saldo favorável
Não creio que temos menos jogos que o Corinthians???
Bah naquela época os cara levavam pechera pra dentro do campo...
lokura..
Pô Prof. Raul, sábado se o Inter tivesse acelerado pra cima do Guarani de Bagé e se o F9 não tivesse perdido tantos gols-feitos, poderíamos ter feito uns 18x0. E o boleiro-assassino não pagou pena pelo assassinato? Credo!
Muito legal teus estudos... Abçs,
Anelise
Show de bola Prof. Raul!!!
5.134... isso que eu chamo de saldo positivo! hehehe
Parabéns professor!
Quanto informação!
Agora, analisando estes números, me orgulho mais ainda do meu time, tchê!
em 4704 jogos apenas 906 derrotas! E com saldo de 5134! A la pucha!
Pelos meus cálculos devemos chegar ao gol 10.000 no ano do centenário (faltam 166 gols), e TEM QUE SER DO F9! (ou do Alex...hahahaha)
"Saudações Saudosistas"
O Inter perdeu menos de 20% dos seus jogos. E ganhou mais de 57%. Isso é bem expressivo. Aliás, são muito poucos clubes bo Brasil que tem retrospecto positivo em confrontos contra o Inter.
Raul, parabéns pela tua coluna que resgata nossa história gloriosa. Se chegamos ao topo do mundo, é porque percorremos um longo e sólido caminho, em que cada jogo, cada gol tem a sua importância.
Ivair
Raul!
Sou gremista, mas tenho que te dar os parabéns pois estás trazendo a tona toda a história do futebol gaucho. Eu também adoro pesquisar, mas tu deves saber melhor que eu a dificuldade para se achar material, quem diria então fotos e reportagens. Mas tenho acompanhado tuas matérias, e são louváveis! Só me ajuda em uma questão: O Internacional e o Nacional foram fundados exatamente no mesmo ano, teria influencia no nome de algum deles?
Poderia me responder no e-mail se preferir: kameloth2004@hotmail.com
Mais uma vez parabéns pelos relatos históricos. Rivalidade sadia é isso, conhecer a história do rival para poder respeitá-lo.
Um abraço.
Allan Spillmann
Como um jogador pode cometer um assassinato e dois anos depois já estar jogando novamente??? Que coisa maluca isso!!!!!
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