quinta-feira, fevereiro 07, 2008

25 Uma dose de Galeano

25
Escrito por Diana Oliveira

Já falei aqui sobre o livro de Eduardo Galeano: Futebol ao Sol e à Sombra. Pois bem, hoje vou lhes apresentar mais um trecho do livro, uma crônica engraçada e desgraçada sobre a vida de um juiz... Bom proveito.

Pobre mãezinha querida

No final dos anos sessenta, o poeta Jorge Henrique Adoum voltou ao Equador, depois de longa ausência. Nem bem chegou, cumpriu o ritual obrigatório da cidade de Quito: foi ao estádio, ver jogar o time do Aucas. Era uma partida importante, e o estádio estava repleto.
Antes do início, fez-se um minuto de silêncio pela mãe do juiz, morta na véspera. Todos se levantaram, todos calaram. Em seguida, um dirigente pronunciou um discurso destacando a atitude do esportista exemplar que ia apitar a partida, cumprindo com seu dever nas mais tristes circunstâncias. No meio do campo, cabisbaixo, o homem de preto recebeu o denso aplauso do público. Adoum piscou, beliscou um braço: não podia acreditar. Em que país estava? As coisas tinham mudado muito. Antes, as pessoas só se ocupavam do árbitro para gritar filho-da-puta.
E começou a partida. Aos quinze minutos, explodiu o estádio: gol do Aucas. Mas o árbitro anulou o gol, por impedimento, e imediatamente a multidão recordou a finada autora de seus dias:
- Órfão da puta! – rugiram as arquibancadas.


* Li a “crítica às críticas” do Magrão, que aparece no link ao lado. Concordo. Mas vou um pouco além. A mesma imprensa que ovacionou de maneira descabida o garoto Ramon na partida contra o Veranópolis, promove terra arrasada pela indiscutível péssima atuação contra o Juventude. Menos. O Ramon marcou um belo gol contra o VEC, no entanto o surpreendente da jogada foi o passe do próprio Magrão. De resto ele foi um guri inexperiente. Não é possível que profissionais do esporte oscilem entre o entusiasmo e a frustração com tanta facilidade.
Ora meus senhores, dêem-se limite... Isso é ridículo.