Escrito por Raul Pons
O Recife tinha fama de revelar grandes atacantes. Na década de 1940, o centroavante mais famoso do Brasil era Ademir de Menezes, revelado pelo Sport e que fazia sucesso no Vasco. No mesmo ano em que Ademir trocou o Vasco pelo Fluminense, em uma transação polêmica, despontava no pequeno Íbis um centroavante magro (64 kg) e baixo (1,75m), mas que por causa de suas cabeçadas fulminantes foi apelidado de Bodinho. Seu nome? Nilton Coelho da Costa.
Porém, diferente de Ademir, que do Sport veio para o Rio, Bodinho não foi imediatamente para o Sul Maravilha. Em 1947 ele foi jogar no Sampaio Correa, do Maranhão, onde foi vice-campeão estadual. Após sua passagem por São Luís, veio a chance em um grande centro. Bodinho foi contratado pelo Flamengo.
No rubro-negro carioca, Bodinho estreou em 18.07.1948, quando o Flamengo perdeu um amistoso por 5x4, para o América MG, em Belo Horizonte. Neste ano, Bodinho jogou apenas 10 partidas pelo Flamengo, sem marcar nenhum gol. No ano seguinte, foram 27 partidas e 5 gols, mas apenas 6 jogos pelo campeonato.
Em 1949 estava no Rio de Janeiro Francisco Duarte Júnior, o Teté. Técnico de futebol, mas militar por profissão, Teté estava no serviço ativo. Quando pode retornar ao futebol, foi convidado pelo Nacional, de Porto Alegre, para dirigir o clube. Bem relacionado no Flamengo, imediatamente conseguiu uma troca de Gago, promissor zagueiro de 17 anos, por vários jovens pouco aproveitados na Gávea. Entre eles, Luizinho, Florindo, Quinzinho e Bodinho.
No Nacional, esta turma encontrou La Paz, um goleiro uruguaio que viera dos juvenis do nacional de Montevidéu. Na primeira temporada, o Nacional ficou em 4º lugar no campeonato municipal, atrás de Internacional, Grêmio e Renner. Mas em 1951 o clube faria uma campanha inesquecível:
1º Turno: 1x2 Cruzeiro, 5x5 Renner, 1x1 Internacional, 2x0 Coríntians, 3x1 Grêmio e 3x1 São José.
Depois de um mal começo, o clube terminou o 1º turno na liderança, com 10 pontos, contra 8 do Grêmio e 7 do Internacional.
2º Turno: 1x3 Cruzeiro, 2x0 Renner, 3x4 Internacional, 2x1 Grêmio e 1x0 São José.
A partida decisiva foi um emocionante 4x3 para o Internacional. A seguir, o Nacional venceu seus dois confrontos seguintes, mas com a vitória do Colorado sobre o Renner, o título ficou nos Eucaliptos. Ao Nacional coube um honroso vice-campeonato. Mas a campanha do Nacional havia chamado a atenção. Na temporada seguinte desembarcavam no Internacional Teté, La Paz, Luizinho, Florindo, Quinzinho e Bodinho. No Colorado, essa turma formou a equipe que ficaria conhecida como Rolinho, e que comandou o futebol gaúcho na primeira metade da década de 1950.
Em 1952 o Internacional conquista o campeonato metropolitano, com direito a golear o Grêmio por 5x1, na partida decisiva. Bodinho marcou um gol, e Tesourinha vestia a camiseta tricolor. No campeonato gaúcho, mais um título, conquistado em um quadrangular contra Floriano, 14 de Julho de Santana do Livramento e Brasil.
Em 1953 a temporada começou com mais um título: O Internacional conquistou o Torneio Régis Pacheco, em Salvador, após golear o Bahia (7x1), Vitória (4x1) e empatar com o Flamengo (2x2). No campeonato metropolitano de 1953, Bodinho disputou todas as 14 partidas, marcando 16 gols. No estadual, dois jogos contra o Brasil, e dois gols.
Em 1954 Bodinho ganha a companhia de Larry, centroavante vindo do Fluminense, que havia disputado as Olimpíadas de 1952, mas não era aproveitado nas Laranjeiras. As tabelinhas entre os dois ficariam célebres no futebol gaúcho. Mesmo assim, o título não veio nesta temporada. O surpreendente Renner ganhou o metropolitano e o estadual. Ao Colorado coube outra conquista: a do Torneio Internacional de Inauguração do Estádio Olímpico. Após bater o Liverpool (URU) por 4x0, o título veio com a goleada de 6x2 sobre o Grêmio. Bodinho não marcou, mas Larry fez 4 gols.
Em 1955, o grande ano. Bodinho marcou 25 gols em 18 partidas do campeonato metropolitano, no melhor desempenho da história da competição. Seus jogos e gols:
1º Turno: 4x1 Aimoré, 8x1 Juventude (6), 0x3 Floriano, 7x1 Flamengo (3), 1x1 Renner, 4x0 Cruzeiro (1), 2x1 Nacional, 1x2 Grêmio e 4x0 Força e Luz (1).2º Turno: 5x0 Juventude (2), 4x0 Flamengo (1), 3x1 Aimoré (1), 1x0 Cruzeiro, 3x0 Floriano (3), 2x0 Renner, 3x1 Grêmio (2), 3x1 Nacional (2) e 5x2 Força e Luz (3).
No campeonato gaúcho, dois jogos e um gol.
Em 1956, Bodinho chegou à seleção brasileira. A CBD decidiu que o Brasil seria representado por uma seleção gaúcha no Campeonato Panamericano do México. Apesar do Grêmio ter mais convocados, a maioria dos titulares da seleção eram colorados, além do técnico, Teté. Bodinho disputou todas as partidas: 2x1 Chile, 1x0 Peru, 2x1 México (1), 7x1 Costa Rica (1) e 2x2 Argentina.
Mas no metropolitano, o clube foi derrotado pelo rival. Nos anos seguintes, apesar do bom time, as derrotas se sucederiam, e o time sensacional começou a ser desmanchado: em 1958 Chinesinho foi para o Palmeiras, Jerônimo, gordo, abandonou o futebol em 1960, Canhotinho encerrou a carreira na mesma época, Luizinho, veterano, foi para o São José em 1961, e Larry deixou de jogar em 1962. E Bodinho? Cansou do futebol e encerrou a carreira em 1959, aos 29 anos. Mas com vários títulos e gols.
Títulos do Bodinho no Internacional:
campeão metropolitano em 1952/53 e 55
campeão estadual 1952/53 e 55
campeão do Torneio Extra em 1952 e 54
campeão do Torneio Régis Pacheco em 1953
Porém, diferente de Ademir, que do Sport veio para o Rio, Bodinho não foi imediatamente para o Sul Maravilha. Em 1947 ele foi jogar no Sampaio Correa, do Maranhão, onde foi vice-campeão estadual. Após sua passagem por São Luís, veio a chance em um grande centro. Bodinho foi contratado pelo Flamengo.
No rubro-negro carioca, Bodinho estreou em 18.07.1948, quando o Flamengo perdeu um amistoso por 5x4, para o América MG, em Belo Horizonte. Neste ano, Bodinho jogou apenas 10 partidas pelo Flamengo, sem marcar nenhum gol. No ano seguinte, foram 27 partidas e 5 gols, mas apenas 6 jogos pelo campeonato.
Em 1949 estava no Rio de Janeiro Francisco Duarte Júnior, o Teté. Técnico de futebol, mas militar por profissão, Teté estava no serviço ativo. Quando pode retornar ao futebol, foi convidado pelo Nacional, de Porto Alegre, para dirigir o clube. Bem relacionado no Flamengo, imediatamente conseguiu uma troca de Gago, promissor zagueiro de 17 anos, por vários jovens pouco aproveitados na Gávea. Entre eles, Luizinho, Florindo, Quinzinho e Bodinho.
No Nacional, esta turma encontrou La Paz, um goleiro uruguaio que viera dos juvenis do nacional de Montevidéu. Na primeira temporada, o Nacional ficou em 4º lugar no campeonato municipal, atrás de Internacional, Grêmio e Renner. Mas em 1951 o clube faria uma campanha inesquecível:
1º Turno: 1x2 Cruzeiro, 5x5 Renner, 1x1 Internacional, 2x0 Coríntians, 3x1 Grêmio e 3x1 São José.
Depois de um mal começo, o clube terminou o 1º turno na liderança, com 10 pontos, contra 8 do Grêmio e 7 do Internacional.
2º Turno: 1x3 Cruzeiro, 2x0 Renner, 3x4 Internacional, 2x1 Grêmio e 1x0 São José.
A partida decisiva foi um emocionante 4x3 para o Internacional. A seguir, o Nacional venceu seus dois confrontos seguintes, mas com a vitória do Colorado sobre o Renner, o título ficou nos Eucaliptos. Ao Nacional coube um honroso vice-campeonato. Mas a campanha do Nacional havia chamado a atenção. Na temporada seguinte desembarcavam no Internacional Teté, La Paz, Luizinho, Florindo, Quinzinho e Bodinho. No Colorado, essa turma formou a equipe que ficaria conhecida como Rolinho, e que comandou o futebol gaúcho na primeira metade da década de 1950.
Em 1952 o Internacional conquista o campeonato metropolitano, com direito a golear o Grêmio por 5x1, na partida decisiva. Bodinho marcou um gol, e Tesourinha vestia a camiseta tricolor. No campeonato gaúcho, mais um título, conquistado em um quadrangular contra Floriano, 14 de Julho de Santana do Livramento e Brasil.
Em 1953 a temporada começou com mais um título: O Internacional conquistou o Torneio Régis Pacheco, em Salvador, após golear o Bahia (7x1), Vitória (4x1) e empatar com o Flamengo (2x2). No campeonato metropolitano de 1953, Bodinho disputou todas as 14 partidas, marcando 16 gols. No estadual, dois jogos contra o Brasil, e dois gols.
Em 1954 Bodinho ganha a companhia de Larry, centroavante vindo do Fluminense, que havia disputado as Olimpíadas de 1952, mas não era aproveitado nas Laranjeiras. As tabelinhas entre os dois ficariam célebres no futebol gaúcho. Mesmo assim, o título não veio nesta temporada. O surpreendente Renner ganhou o metropolitano e o estadual. Ao Colorado coube outra conquista: a do Torneio Internacional de Inauguração do Estádio Olímpico. Após bater o Liverpool (URU) por 4x0, o título veio com a goleada de 6x2 sobre o Grêmio. Bodinho não marcou, mas Larry fez 4 gols.
Em 1955, o grande ano. Bodinho marcou 25 gols em 18 partidas do campeonato metropolitano, no melhor desempenho da história da competição. Seus jogos e gols:
1º Turno: 4x1 Aimoré, 8x1 Juventude (6), 0x3 Floriano, 7x1 Flamengo (3), 1x1 Renner, 4x0 Cruzeiro (1), 2x1 Nacional, 1x2 Grêmio e 4x0 Força e Luz (1).2º Turno: 5x0 Juventude (2), 4x0 Flamengo (1), 3x1 Aimoré (1), 1x0 Cruzeiro, 3x0 Floriano (3), 2x0 Renner, 3x1 Grêmio (2), 3x1 Nacional (2) e 5x2 Força e Luz (3).
No campeonato gaúcho, dois jogos e um gol.
Em 1956, Bodinho chegou à seleção brasileira. A CBD decidiu que o Brasil seria representado por uma seleção gaúcha no Campeonato Panamericano do México. Apesar do Grêmio ter mais convocados, a maioria dos titulares da seleção eram colorados, além do técnico, Teté. Bodinho disputou todas as partidas: 2x1 Chile, 1x0 Peru, 2x1 México (1), 7x1 Costa Rica (1) e 2x2 Argentina.
Mas no metropolitano, o clube foi derrotado pelo rival. Nos anos seguintes, apesar do bom time, as derrotas se sucederiam, e o time sensacional começou a ser desmanchado: em 1958 Chinesinho foi para o Palmeiras, Jerônimo, gordo, abandonou o futebol em 1960, Canhotinho encerrou a carreira na mesma época, Luizinho, veterano, foi para o São José em 1961, e Larry deixou de jogar em 1962. E Bodinho? Cansou do futebol e encerrou a carreira em 1959, aos 29 anos. Mas com vários títulos e gols.
Títulos do Bodinho no Internacional:
campeão metropolitano em 1952/53 e 55
campeão estadual 1952/53 e 55
campeão do Torneio Extra em 1952 e 54
campeão do Torneio Régis Pacheco em 1953
campeão do Torneio de Inauguração do Olímpico em 1954
3 Comentários:
como sempre um grande história.. parabéns
obs: 8x1 Juventude =)
"VOLTA, COVARDE, PARA TOMAR MAIS QUATRO"
- Bodinho, para Sérgio Moacir Torres, no 6x2 sobre o Grêmio em 1954.
Raul, mto bom o texto, como sempre.
Já que falaste em desmonte... Há alguma similitude histórica em times colorados campeões. Quais as experiência positivas e as negativas?
Por exemplo, há semelhanças em 1977 e 2007?
Abraço.
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