Escrito por Diana Oliveira
Tem um sentimento que invadiu muitos, se não todos, os colorados depois do dia 16 de agosto de 2006. Quantas vezes cada um de nós ouviu, durante a vida inteira, dos gremistas:
- Vocês nunca serão campeões da Libertadores...
- Nunca serão campeões...
- Nunca campeões da Libertadores...
- Nunca...
Toda vez que ouvíamos esse martírio, prenúncio arrogante, como se o futuro pudesse ser controlado, alguns de nós baixavam a cabeça num silêncio revoltante, outros rebatiam com diversos argumentos, nenhum, porém, igualável. A verdade é que em cada momento desses, todos nós engolíamos à seco tamanha prepotência e o pensamento, imaginável particular, sorria-nos profeciando, um dia nós vamos... Ah se vamos.
Pois é, hoje, em terras asiáticas, um grupo de meninas esbofeteou uma hegemonia que predominou por anos no futebol feminino mundial, 4x0 nas americanas. Quem bate esquece, quem apanha quer se vingar. Durante todo o tempo em que estiveram no topo, nenhuma jogadora americana refletiu sobre um fato tão certeiro quanto a morte, o mundo dá voltas.
As pessoas se revelam quando têm poder e com as garotas do Tio Sam não foi diferente. Abusaram do sarcasmo, da humilhação, da supremacia que lhes deu títulos, quando deveriam ter conquistado antes de mais nada consciência e maturidade. Se alguém da então imbatível seleção americana tivesse o mínimo interesse pela condição desfavorável em que vive o futebol feminino do Brasil, já teriam, naquela época, quando venciam com autoridade, reconhecido a bravura e o talento destas órfãs de confederação, patrocínio e oportunidade. Talvez até tiveram conhecimento dessa realidade, mas ao que tudo indica, pouco importou.
Agora tá aí, Marta e sua turma, amassando tudo e todas. Nada como um dia após o outro.
O melhor nem é escancarar o ressentimento de todo o histórico opressor. O melhor está por vir, desde o ano passado sou identificada como colorada, até então só me chamavam de sofredora. Por isso toda vez que ouço um gremista me chamar de colorada eu abro um sorriso leve, no canto da boca e lá no meu pensamento, o mesmo daqueles negros anos, busco a lembrança dos comentários e penso: nada como um título após o outro...
Então meninas, não caiam na armadilha do poder, vocês mostraram mais uma vez a heróica batalha de uma jogadora de futebol brasileira. Mais uma vitória importante, sem apoio popular algum. Falta só mais um jogo. Só mais um e vai ser preciso a Nike bordar uma estrela nessa camisa, a primeira feminina.
Por isso não provoque, é cor-de-rosa choque...
Rita Lee
Tem um sentimento que invadiu muitos, se não todos, os colorados depois do dia 16 de agosto de 2006. Quantas vezes cada um de nós ouviu, durante a vida inteira, dos gremistas:
- Vocês nunca serão campeões da Libertadores...
- Nunca serão campeões...
- Nunca campeões da Libertadores...
- Nunca...
Toda vez que ouvíamos esse martírio, prenúncio arrogante, como se o futuro pudesse ser controlado, alguns de nós baixavam a cabeça num silêncio revoltante, outros rebatiam com diversos argumentos, nenhum, porém, igualável. A verdade é que em cada momento desses, todos nós engolíamos à seco tamanha prepotência e o pensamento, imaginável particular, sorria-nos profeciando, um dia nós vamos... Ah se vamos.
Pois é, hoje, em terras asiáticas, um grupo de meninas esbofeteou uma hegemonia que predominou por anos no futebol feminino mundial, 4x0 nas americanas. Quem bate esquece, quem apanha quer se vingar. Durante todo o tempo em que estiveram no topo, nenhuma jogadora americana refletiu sobre um fato tão certeiro quanto a morte, o mundo dá voltas.
As pessoas se revelam quando têm poder e com as garotas do Tio Sam não foi diferente. Abusaram do sarcasmo, da humilhação, da supremacia que lhes deu títulos, quando deveriam ter conquistado antes de mais nada consciência e maturidade. Se alguém da então imbatível seleção americana tivesse o mínimo interesse pela condição desfavorável em que vive o futebol feminino do Brasil, já teriam, naquela época, quando venciam com autoridade, reconhecido a bravura e o talento destas órfãs de confederação, patrocínio e oportunidade. Talvez até tiveram conhecimento dessa realidade, mas ao que tudo indica, pouco importou.
Agora tá aí, Marta e sua turma, amassando tudo e todas. Nada como um dia após o outro.
O melhor nem é escancarar o ressentimento de todo o histórico opressor. O melhor está por vir, desde o ano passado sou identificada como colorada, até então só me chamavam de sofredora. Por isso toda vez que ouço um gremista me chamar de colorada eu abro um sorriso leve, no canto da boca e lá no meu pensamento, o mesmo daqueles negros anos, busco a lembrança dos comentários e penso: nada como um título após o outro...
Então meninas, não caiam na armadilha do poder, vocês mostraram mais uma vez a heróica batalha de uma jogadora de futebol brasileira. Mais uma vitória importante, sem apoio popular algum. Falta só mais um jogo. Só mais um e vai ser preciso a Nike bordar uma estrela nessa camisa, a primeira feminina.
Por isso não provoque, é cor-de-rosa choque...
Rita Lee