Escrito por Diana Oliveira
E a promessa de vida nos vossos corações colorados?
Boa, não é mesmo? São consistentes os motivos para alimentarmos expectativas otimistas nessa temporada. Recordo bastante 2006, em especial de um jogo pelo campeonato Gaúcho. Não tenho certeza se era contra o Caxias, mas lembro que o Fernandão marcou um gol da entrada da área, na goleira da popular. Eu estava no Beira Rio, calor abafado de verão em Porto Alegre, poucos torcedores no estádio.
Sentei na superior, no ponto mais alto da arquibancada, onde poderia me proteger numa sombra projetada pelo pilar junto ao muro. Próximos de mim havia um pai com seu filho de uns dez anos, também ali pelo mesmo motivo, escapar do sol escaldante. Comemoramos juntos os gols, pessoas que nunca mais vi, se quer recordo a fisionomia. Na inferior podia se contemplar um número satisfatório de torcedores até, mas na superior acredito que fôssemos eu, o pai com seu filho e mais uns dois viventes no lado oposto do anel.
No começo desse jogo eu olhei à minha volta. Fiquei um tempo admirando o vazio. Sim, admirando, porque vislumbrei um futuro bem próximo e naquele mesmo lugar estaria uma multidão de torcedores gritando, vibrando, rindo, chorando, acreditando e vivendo a história do clube. Até hoje me questiono como eu tinha tanta certeza de que nos tornaríamos campeões da América. Juro, eu tinha uma convicção quase insana. Mesmo com o grupo confiante de 2005 e os fatos extra-campo, o final daquele campeonato com a derrota pro Coritiba foi decepcionante. Existia a malícia nas piadas do rival de estarmos sempre quase lá. Eu ignorava completamente tudo isso. Não sei se era ingenuidade, poder de premonição, confiança no time ou loucura de torcedora mesmo. Ou tudo junto.
E não é que no momento do gol do Tinga, na final, eu lembrei de imediato: a tarde quente e abafada de verão em que estive ali, naqueles degraus, assistindo a um jogo de Gauchão. Foi instantâneo. Pensei em gritar pra dentro “eu sabia!”, uma espécie de acerto de contas com a memória, mas não o fiz porque o jogo tava muito tenso, podia dar azar. E quando acabou... Bom, daí não lembrava mais minha idade, meu endereço e meu nome era Sóbis.
No início de temporada em 2006 meu inconsciente passava por uma fase Alex. Viva a sabedoria aleatória do instinto! Pois tive tranqüilidade para saborear cada detalhe da grandiosa e emblemática conquista colorada, desde o comecinho.
Veremos o que nos reserva o destino em 2008. Enquanto ele não chega... Tá calibrada essa canhotinha do cidadão de Cornélio Procópio heinhôoooo!!!