sexta-feira, novembro 14, 2008

16 A Dinastia

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Em decorrência do pleito colorado de que o Campeão da Sul-Americana ganhe uma vaga na Libertadores, surgiu mais um fato que facilitaria a inclusão do nosso Clube no principal campeonato do Continente de 2009: uma punição à Federação Peruana. Motivo: intervenção do Governo. Por qual motivo a FIFA não aceita esse tipo de "intervenção"?

O governo de um país, quando democrático, representa o seu povo, porque é eleito por ele. O que há de tão errado em o presidente de uma federação esportiva, de qualquer esporte, ser indicado ou regulamentado pelo Governo? O motivo é evidente: contraria o mecanismo de Poder das Federações.

A FIFA têm uma imagem bem melhor no inconsciente coletivo do que a CBF, mas a história de poder de ambas é intimamente ligado. João Havelange, o Presidente de Honra da FIFA, é o patriarca das duas. Ele foi presidente da antiga CBD, depois foi eleito presidente da Federação máxima do futebol, em 1974. Dizem que assumiu a FIFA com 20 dólares em caixa, e a deixou com 4 bilhões. Quando cansou, cedeu lugar para Josef Blatter, que era secretário-geral de Havelange desde 1981. Blatter venceu a disputa de Lennart Johansson, que tinha apoio do Pelé (que até hoje tem relações ruins com Teixeira).

Quem vota na escolha do presidente da Federação são as confederação nacionais. E quem vota nas entidades nacionais? Os clubes, que sabemos, nem todos são democráticos.

E como, enfim, funciona o mecanismo de pressão? Ora, vota-se no Novelleto, porque ele foi indicado pelo Perondi, o vice da CBF. Ricardo Teixeira também foi “rererereeleito” com voto do Inter. Motivo para nos revoltarmos contra nossa diretoria? Não. Se tu vota contra os "donos" das Federações, tu corre sérios riscos de represálias por parte de "instituições" de controle e pressão política: STJD, Paulo Schimit, Zveiters, Globo e deverivados. Teixeira conseguiu fazer a Globo “ganhar” a “concorrência” para transmitir a Copa de 2010 e 2014 juntas. E a Globo, por sua vez, aproveita-se da “vitória” sobre a concorrência e cala-se em críticas à CBF. Alguém viu criticarem a CBF pela Fonte Nova, por exemplo? Alguém viu o sistema Globo criticar o Zveitão 2005?

É assim que nem ouvimos falar sobre votações, eleições e debates sobre a FGF, CBF, Conmebol e FIFA. Elas tem donos e pronto, não é? Noveletto está lá e continuará por muito tempo, Teixeira ficará até cansar, Nicolas Leoz, idem, Blatter também. Mas parece que ele já tem data para sair.

DIZEM QUE EM 2015, APÓS A COPA, SAI BLATTER E ENTRA RICARDO TEIXEIRA, EX-GENRO DO JOÃO HAVELANGE, O REI.

Enfim, o futebol é uma monarquia. E viveremos sob a dinastia Havelange por muitos anos. Sempre pensei que o "Governo" deveria criar uma lei regulamentando eleições nas federações esportivas, limitando as reeleições, mas as notícias da questão da Federação Peruana fez eu perceber a minha ingenuidade.

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Para ler um pouco mais sobre a eleição Blatter x Johansson em 1998, clique aqui.