terça-feira, novembro 25, 2008

30 Eleições

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Quando pensamos em eleições no Internacional caímos de imediato em nomes para presidente. O que é normal, trata-se da grande expectativa entre os torcedores, contudo, concentramos erroneamente o pensamento na pessoa que ocupará o cargo máximo e esquecemos de outro fator determinante no controle, debate e fiscalização de qualquer gestão, seja qual for o presidente.

Para legitimar, questionar ou reprovar ações do clube existe o Conselho Deliberativo.

Deliberar
(lat deliberare) 1 Decidir ou resolver (algo) após discussão e exame. 2 Determinar-se, resolver-se consideradamente. 3 Tomar decisão consultando consigo ou com alguém.

Ou seja, o conselho não propõe, mas vota as ações em pauta, enquanto as funções administrativas ficam sob responsabilidade do presidente e seus vices. Normalmente o conselho é solicitado para decidir questões de longo prazo, além de contas e orçamento. Os conselheiros não decidem a compra de um jogador, por exemplo, mas foi por meio do conselho que se optou por destinar a verba da venda dos Eucaliptos à reforma do Beira Rio e não à caixa comum do clube.

Então o conselho decide o que lhes for levado em pauta? Sim, mas não fica só nisso. Estão a cargo do conselho também as Comissões para Assuntos Especiais, como a de Obras. Cada comissão é formada por cinco conselheiros, escolhidos pelo presidente do conselho. Existe ainda o Conselho Fiscal, também com essa formação e que se renova de dois em dois anos.

Até aí se entende que o Conselho Deliberativo é uma interface entre a presidência e o torcedor, especialmente o sócio. Seria impossível levar à votação geral todas as questões, pra isso existe um número de pessoas que devem representar o consenso no Sport Club Internacional.

Mas o que acontece quando o conselho se compõe de maioria que segue um ou dois grupos? Pode resultar em presidente do conselho que escolha comissões formadas por sua turma, ou no presidente do clube ser aclamado e o sócio nem votar. É notório que atingimos um novo patamar de time e torcida por méritos de uma gestão promissora, mas e se os próximos anos forem de insucessos, quem pode contestar diante de um conselho dominado pelos que aí estão? Enquanto isso, na oposição de hoje vigoram nomes desgastados de um lado e inexpressivos de outro.

O Inter mudou graças aos méritos já mencionados e com isso mudou também o perfil do torcedor. É preciso entender que o atual conselho está formado em minoria por torcedores do concreto que, antes de mais nada, vivem o reflexo das decisões do clube. Não se vê conselheiro torcendo abaixo de chuva fria no inverno gaúcho às margens do Guaíba, ao mesmo tempo, são mínimos os torcedores que entram no conselho. O que existe são forças políticas consolidadas e que um dia foram os que hoje anseiam por espaço. O torcedor precisa, merece e quer espaço. Um lugar no conselho é a oportunidade pra isso.

A eleição para presidente significa apoiar ou rejeitar uma gestão. A escolha do conselho representa a renovação de um ciclo fundamental para a saúde do clube. É importante germinar agora sementes que um dia se tornarão forças políticas, do contrário cairemos numa alternância de poder entre poucos. Só chegamos onde estamos porque um dia um grupo de apaixonados pelo Inter dedicou-se a fazer parte do Conselho Deliberativo. É vital que se dê continuidade ao processo de revigoramento que freia o crescimento dos vícios de poder e que injeta novas vozes. Não se pode atrelar o destino de um Clube das dimensões do Inter a um único nome. É preciso incentivar o surgimento de novas caras entre as quais este mesmo nome fez escola, com exemplo de dedicação e competência, aliando ao aprendizado o espírito de torcedor consciente e participativo. O presidente é pra hoje, o conselho, pra amanhã.