Eu costumo me apegar muito a jogadores. Sou um órfão do Fernandão, um saudosista do Iarley e sou viúvo do Clemer. Sei que vou ser criticado por isso, mas eu sou eternamente grato ao Goleiro Múmia do Beira-Rio, que levantou todas as taças mais importantes do clube neste século. Quando o Clemer é citado em qualquer conversa entre colorados, ou não, eu sempre saio em sua defesa. Ele foi fundamental na conquista da Libertadores e fantástico no jogo decisivo contra o Barcelona, em Dezembro de 2006.
Além disso, foi líder, símbolo, guia, história. Só não soube a hora de parar. E até isso eu entendo, porque demonstra a vontade que ele tem de vestir a Camisa 1 do nosso colorado. E foi por estes motivos que eu temi quando ele foi para o banco de reservas. Já não tínhamos mais o Renan, substituto natural e de inquestionável competência. O Agenor ainda estava muito jovem pra assumir a responsabilidade de ser titular do Inter. E, pra mim, o terceiro goleiro do Cruzeiro, que tem o Fábio como titular, não seria a solução. Mas, felizmente, eu estava errado.
Lauro não precisou de muito tempo. Deve ter jogado umas 15 partidas pelo Inter, se tanto. E já demonstra estar acostumado com a titularidade. Foi na Bombonera (onde o Clemer fez feio três anos atrás) que ele se firmou. Até então era apenas um goleiro que não comprometia. Lá foi muito mais do que isso. Pegou muito, deu tranqüilidade à defesa, saiu bem em quase todos os cruzamentos e quase pegou o pênalti do Riquelme. De lá pra cá, tem estado cada vez mais seguro. Mais dono da área. Mais credenciado pra ser o substituto de um ídolo eterno do Internacional. Aja vista, que o Inter tomou apenas um gol (de pênalti duvidoso) nos últimos cinco jogos.
E assim, em pouco tempo o Lauro acabou com uma polêmica que parecia evidente. De onde viria o Camisa 1 para o Centenário do Clube? Pois ele já está no Beira-Rio, não tem um currículo vitorioso, não tem jeito de ídolo e nem status de seleção. Mas tem a segurança e a competência necessária para levantar a sua primeira taça na quarta-feira e começar a fazer história, como um dia fizeram Benitez, Manga, Tafarel e Clemer. Quem sabe o Lauro não entra nesta galeria? Pra isso precisa títulos, faixas no peito e taças no armário. E chegou a oportunidade do Lauro escrever seu primeiro Capítulo na história Colorada. É quarta-feira no Gigante e eu vou estar lá para ver de perto.