segunda-feira, abril 19, 2010

38 Natália

38

Foi o nome do jogo de ontem, na final feminina da Superliga de Vôlei.

O time de Osasco venceu o Rio de Janeiro, do multi-mais-que-vencedor técnico Bernardinho. Dedico minha segunda-feira de taça “ídolo rival” a essa jogadora. Vocês, caros leitores, entenderão por que.

Terceiro set, Natália ataca, a bola raspa no bloqueio adversário e cai fora da quadra. A jogadora vai com tudo pra cima do juiz, indignada e acaba levando cartão amarelo. No ataque seguinte, a levantadora serve a então inconformada colega que vira a bola sobre o bloqueio com fúria de vencedora. Aquela parcial foi vencida pelo time carioca, mas a força de Natália se fez valer até o último e derradeiro set, sendo a grande pontuadora do jogo. Se não pelo score simplesmente, mas pelos momentos importantes da partida em que carimbou a quadra oponente.

O Osasco venceu a partida e o campeonato, por sua força coletiva e brilho incansável de Natália - de evidente, admirável técnica; aliada ao espírito valente.

É claro que o torcedor sempre quer ver algo de belo, muito difícil de ser repetido por meros mortais, aquilo que faz de atletas quase deuses. Com certeza técnica envolve, encanta. Mas nada consegue ser tão sedutor quanto garra, camisa, suor e lágrima.

O gesto sublime daquela criatura de habilidade superior aos demais prende a visão do espectador frente à tela da TV, ao gramado, quadra, pista ou o que for. Contudo, o que te ergue da poltrona num pulo vibrante e “é ponto”! Ou te faz abraçar bêbado suado gritando “gol!”. E até mesmo te deparar inconformado gritando “foi fora!” da linha que não anula o lance, já que é tênis e tu entende tanto quanto de motor de helicóptero. Sabe o que provoca isso? Espírito, garra, inconformismo. Síndrome de campeão.

Eu quero o Inter assim.

Virar placar de 2x0 é jogo de Natália. Mesmo analisando as falhas que promoveram estes gols, vale um salve pro Pelotas que, sejamos honestos, também não se entrega, tal como a moça do vôlei. Salientando que há de se impor determinação pra reverter dois de diferença.

Não suporto ver o burocrático time que esteve em campo contra o Emelec na semana passada. Libertadores é pra Natália, ou Bolívar, que bateu seco no escanteio quando o mundo caía nas costas alvi-rubras e saiu intimando os colegas, levando a mão na cabeça de um por um, gritando (tirem as crianças da sala):

- Vamo! Porra!

Parafraseando Paulo Bonfá: é ou não é, totalmente excelente?

Quero uma equipe invariavelmente guerreira. A técnica nos fará superiores e a garra, campeões.

Beijos e boa semana.