terça-feira, outubro 25, 2011
35 Talvez o próximo campeonato
Meninos, sinto muito, o momento passou, sua chance se foi. Vocês ainda não cumpriram o ritual de passagem, não estão prontos para se tornar homens. Agora, só numa nova estação. Quero citar um interessante diálogo, da famosa Oráculo para o titubeante e inseguro Neo, em Matrix:
Oráculo - Então... o que você acha? Acha que é o escolhido?
Neo - Sinceramente, não sei.
Oráculo - Sabe o que isso [placa na parede, atrás de Neo] diz? É latim. Diz: "Conhece a ti mesmo". Vou te contar um segredinho. Ser o escolhido é como estar apaixonado. Ninguém pode te dizer se você está. Você simplesmente sabe e não tem dúvida. Nenhuma. Bem, melhor eu dar uma olhada em você. Abra a boca, diga "Ah". Muito bem. Agora eu deveria dizer: "Ah, interessante, mas...". Aí você diz?
Neo - Mas o quê?
Oráculo - Mas você já sabe o que vou te dizer.
Neo - Eu não sou o escolhido.
Oráculo - Desculpe, garoto. Você tem o dom, mas parece que você está esperando por algo.
Neo - O quê?
Oráculo - Sua próxima vida, talvez. Quem sabe?
Esse diálogo pode ser aplicado quase que diretamente ao time do Inter. Os jogadores, com algumas exceções, têm o talento. Mas parecem esperar algo. Não acreditam. E por não acreditar, não brigam. Não dão tudo. Duvidam tanto que basta fazer um gol, para que o medo de perder se torne maior que a vontade de vencer e o time repita o velho filme de começar muito bem e terminar muito mal, frustrando a si e à torcida. Eles não acreditam. Talvez alguns, vá saber, mas não todos.
Rica Perrone disse tudo, aqui. Não vou repetir. Alguns torcedores ainda acreditam. Respeito, mas da minha parte estou certo que acabou este ano. Nem libertadores pegamos. Nossa moral morreu ontem, junto com a fé da torcida (de modo geral). A mobilização de ontem não se repetirá, assim como não haverá outro momento tão bom para arrancar. E, até pelo meu carinho com o clube, dessa vez nem quero estar errado. Pois acredito que uma frustração tão grande poderá gerar bons frutos para o próximo ano. Quem sabe ela não se transforme em motivação para um ano diferente, mais planejado, mais focado, mas esfomeado pelo CAMPEONATO BRASILEIRO.
E antes que os mais nervosinhos esperneiem, não, eu não torcerei contra o time. Simplesmente, porque eu não precisaria, além de ser impossível pra mim. Não. Vou curtir os jogos e continuar torcendo. Mas sei que o time vai naturalmente sucumbir diante de sua própria falta de segurança e confiança em sua própria força. Uma pena. Pois o Inter, diante de qualquer clube que jogou esse ano, quando jogou com postura de campeão, deu um baile. O primeiro tempo do jogo de domingo foi exemplar, ainda mais diante da presença de Jô. E há outros inúmeros exemplos. Mas em todos os momentos cruciais, a insegurança reapareceu. Pois o clube (jogadores, comissão e direção) ainda não sabe e nem mesmo acredita que é o melhor.
É uma pena. Temos o talento, mas parece que estamos esperando por algo. Talvez o próximo campeonato.