sábado, junho 30, 2007

20 A conversa

20
Escrito por Diana Oliveira

Caso algum dos nobres leitores não entenda do que se trata o assunto de hoje, leia o post escrito ontem, por Rafael Severo, intitulado Blog vermelho no poder.

Após ser empossada como vice-presidenta de futebol do Sport Club Internacional, fui à cata do novo treinador e, de fato, não poderia ser outro, Nelson Baron. Venho aqui contar-lhes um pouco de como foi nossas 15 horas de conversa rápida.
O local não poderia ser mais apropriado, o Tudo Pelo Social, restaurante popular, tudo a ver com o clube do povo. O prato, bife à parmeggiana, serviu pra mim e pro Nelson um terço, o restante foi pro Perdigão. Na mesa ao lado, para nossa surpresa, estava o Abel, acenando com ar de esperança aos novos comandantes do clube e curioso pelo novo técnico. Clima pacífico, papo vai papo vem, cerveja pro Perdigão vai... e fica.

E assim eu começo:
- O Perdigão fica. Mas é o seguinte neguinho, vamos tirar teu coro e essa cervejinha vai acabar, aproveita bem teus últimos goles que de agora em diante tu vai te submeter à disciplina da saúde, certo?
- Claro Dona Diana. Um brinde a minha nova chance!

Ah êeeee!!!!! Tim-tim.

- Bom Nelson, além do Perdigão, o Chiquinho volta ao time, não tenho dados concretos e convincentes do real motivo de seu afastamento, sendo assim, o Chico é nosso ala esquerdo, até que ele me prove o contrário.

- Estamos indo bem.

E o Perdigão:
- Um brinde ao Chiquinho!

Ah êeeee!!!!! Tim-tim.

- Bom, eu quero o melhor pro Inter e as minhas vontades não estão acima disso, portanto, aviso-te que estou vendendo o Edinho, apesar de toda a admiração que tenho por esse jogador. Acho que é o melhor pra ele e pro clube, vai jogar na Europa, ganhar em euro e penso que aqui o ciclo dele se fechou.

- Que ótima notícia.

- Sabia que tu ias gostar, mas é o seguinte, eu quero um novo Edinho, se for o João Guilherme, beleza, se a técnica desse novo Edinho for mais qualificada (o que, reconheço, não é difícil), melhor ainda, mas eu quero um jogador de força e garra nesse time. Se me aparecer um volante boleiro, porém cagão, tu vais responder por isso. Não quero alguém que fuja da responsabilidade em jogos decisivos, isso o Edinho nunca fez e por isso gosto desse jogador. Preciso de alguém assim no time, então me inventa um Edinho.

- Vou fazer um Edinho muito melhorado.

- É o que eu espero.

E o Perdigão:
- Um brinde ao novo Edinho!

Ah êeeee!!!!! Tim-tim.

- Outra coisa, o Índio não vai pro banco. Tenho informações, não do próprio jogador, mas de fontes seguras que ele se desmotivou após a eliminação do Gauchão, naquele jogo em Veranópolis. Jogaram ovo no Índio, poucos meses após o título do Mundial, o jogador que ficou em campo com o nariz quebrado na partida mais importante da história do Inter, leva ovo na cabeça... Vou conversar com o atleta e resolverei isso na diplomacia, portanto, a zaga é Índio e Marcão. Algum problema?

- Nenhum, desde que ele volte a correr, senão vai pro banco!

E o Perdigão, mais o Abel, que a essa hora já estava sentado junto à mesa:
- Um brinde ao Índio!

Ah êeeee!!!!! Tim-tim.

- Bom, agora vem a parte delicada, Nelson, o Iarley e o Alex permanecerão no grupo...
- Nãaaa...
- Sim! São reservas de luxo, os dois. O Alex é reserva do Pinga e o Iarley, do Pato. Sempre que esses titulares não puderem jogar, por qualquer motivo, esses são os nomes indicados. Claro, o Adriano tá chegando com autoridade, não imponho a utilização do baixinho, o Roger também pode desbancar o Alex, mas irei cobrar de ti algum tipo de perseguição, como a que sofreu Perdigão e Chiquinho. Veja bem Nelson, os jogadores são patrimônio do Clube, tu não.
- Mas Diana, eu já vi mais de seiscentos jogos do Inter e....
Daí pra frente foram as 14:30 horas restantes de conversa, Perdigão ofereceu mais uns cinqüenta brindes, Abel observava com olhos lacrimejantes até o momento em que interrompeu o novo técnico dizendo:

- Nelson, estou admirado com teu conhecimento. Eu, como técnico campeão Mundial, te desejo toda sorte do mundo! Tenho certeza de que irás fazer um excelente trabalho no Inter e.... posso ser teu amigo?

Nelson por um momento tentou escapar discretamente, mas não conseguiu fugir do abraço de urso que ganhou do Abelão, tão pouco pôde disfarçar seu sorriso amarelo ao agradecer pela força. E nessa hora, eu e Perdigão; Guilherme Mallet e Tiago F; o Colorado que veio à cavalo de Bagé; Felipe, soltando rojões; o Louis, pela web cam; o Ricardo, direto da terra da garoa; o Rafael, Denilson e Gonçalves que apareceram pra tomar café da manhã; o Darlan, filmando tudo; o Raul Pons, que registrou o momento para história:

- Um brinde aos amigos, Nelson e Abelão!!!!!

Na saída o novo técnico ainda me perguntou:
- E o CJR?

- Falo com ele outro dia, encarar vocês dois juntos não dá. É muita coisa.