
Escrito por Raul Pons
A várzea porto-alegrense era um verdadeiro celeiro de craques, na década de 1930. Existiam dezenas de ligas e centenas de clubes que agitavam a vida esportiva dos bairros. Na Associação Tristezense de Esportes (ATEA), despontavam o Botafogo, o Tristezense, o Villa Nova e o Villa Crystal, entre outros. A Liga Esportiva do Menino Deus (LEMD) e a Liga Athlética Porto Alegrense (LAPA) também reuniam clubes importantes (o Renner, por exemplo, jogou várias temporadas na LAPA).
A região da Santana também era tradicional no futebol porto-alegrense, com o 20 de Setembro e Gaúcho. Rey da Zona, Juventude, Bambala, Flor da Pintada, Guanabara, Santanense, Pombal, Pernambuco e muitos outros clubes entravam em ação todos os finais de semana nos campos da Avenida Italiana, das ruas Arlindo, Sans-Souci e Santana e no fim da linha do bonde Menino Deus, entre outros locais.
Nesse ambiente futebolístico o adolescente Osmar Fortes Barcelos, nascido em 3 de outubro de 1921, começou a jogar suas primeiras partidas. O ex-atleta gremista, Severino Franco da Silva (o Lagarto), treinava equipes de garotos que destacavam-se nos torneios varzeanos. Com ele, Osmar, que já era chamado de Tesourinha (apelido herdado do bloco carnavalesco “Os Tesouras”, dirigido pela sua família), começou a destacar-se, chamando a atenção dos clubes profissionais da cidade.
Em 1939, antes mesmo de completar 18 anos, Tesourinha passou a ser disputado por dois clubes: Internacional e Ferroviário. O Colorado era um clube muito melhor estruturado e estava na Série A, mas o Ferroviário, apesar de estar na Série B, contava com vários amigos de Tesourinha, da várzea. Apesar do profissionalismo ser recente em Porto Alegre (foi oficializado apenas em 1937), Tesourinha acabou decidindo pelo clube que lhe oferecia melhores chances de se realizar no futebol.
A temporada de 1939 já estava quase no fim, quando começou o campeonato citadino. O Internacional tinha ganho seu último título em 1936, mas a conquista do Torneio Relâmpago (que definiu os clubes que formariam as Séries A e B) deu novo ânimo à torcida. Contudo, os esperados reforços não chegaram, apenas desconhecidas apostas, entre as quais Tesourinha.
Tesourinha estreou no Internacional em 22.10, no 2º jogo do Colorado pelo campeonato municipal, vitória de 2x1 sobre o Cruzeiro, nos Eucaliptos. Ele substituiu Carlitos, durante a partida. Foi uma das poucas partidas de Tesourinha como ponteiro-esquerdo, sua posição original. A categoria de Carlitos, também uma jovem promessa, mas já afirmado no time, fez com que Tesoura fosse deslocado para a direita. A convocação de Carlitos para a seleção gaúcha deu a Tesourinha a chance de atuar nas duas partidas seguintes (3x3 Americano e 5x3 Força e Luz). O primeiro gol só viria em um amistoso, na sua 4ª partida: 7x0 no Força e Luz. Em compensação, na abertura do returno, em 04.01.1940, o Internacional goleou o Grêmio por 6x1, e Tesourinha marcou o 2º gol colorado, aos 14 minutos do 1º tempo. Tesourinha jogaria todas as demais partidas do campeonato municipal, mas só voltaria a marcar no Gre-Nal decisivo, quando o Internacional perdeu por 4x2. Apesar da derrota, estava montada a base do grande esquadrão que comandaria o futebol gaúcho por 10 anos.
O campeonato municipal de 1940 prometia: o Cruzeiro contratou Walter Plá, campeão gaúcho de 1939 pelo Riograndense RG. O Força e Luz trouxe Acácio, Brandão e Filhinho, todos do Internacional. O São José contratou Alemãozinho (ex-Grêmio) e manteve o veterano Javel. O Internacional contratou Marques (ex-Cruzeiro) e o Grêmio, César (ex-Americano). Mas o grande destaque da temporada seria Tesourinha. O craque-revelação disputou todas as partidas do campeonato, marcando 6 gols e colaborando decisivamente para o título colorado. Também destacou-se no campeonato gaúcho, sendo escolhido o melhor jogador em campo, na final.
Em 1941, bicampeão citadino e gaúcho, com direito a dois gols na final do estadual. Em 1942, repete-se a dose: tricampeão, e gol na final do estadual. 1943? Tetracampeão citadino e gaúcho, três gols marcados na final do estadual. A situação não mudou em 1944. O pentacampeonato citadino foi alcançado de maneira dramática. No Gre-Nal decisivo, o Internacional precisava vencer, e abriu o marcador aos 20 segundos, antes que qualquer gremista tocasse na bola, após receber um passe de Tesourinha. No início da 2ª etapa o Colorado fez mais um, mas começaram as lesões: Carlitos, Assis e Alfeu. Como não havia substituições, os três ficaram fazendo número em campo. Tesourinha teve de recuar e jogar de lateral, mas no fim o Colorado venceu, 2x1. Na decisão do estadual, mais um gol.
A fama nacional já havia chegado: Corinthians, Flamengo, Botafogo, São Paulo e Palmeiras tentaram contratá-lo, sem sucesso. Ainda em 1944, dois grandes momentos em sua vida: a estréia na seleção brasileira, em 14.05 (goleada de 6x1 no poderoso Uruguai, com um gol do ponteiro colorado), e a memorável vitória da seleção gaúcha sobre a paulista, por 2x1, pelo campeonato brasileiro de seleções, no Rio de Janeiro.
Em 1945, o hexacampeonato citadino e gaúcho (Tesourinha marcou dois gols na final do estadual). Com a conquista inédita, os jogadores colorados foram diplomados doutores de futebol. Pela seleção brasileira, disputou o campeonato sul-americano, quando foi escolhido o melhor ponteiro-direito do continente. Em 1946, novamente foi eleito o melhor sul-americano da posição. Mas o Internacional perdeu o campeonato citadino para o Grêmio.
Em 1947 o Rolo Compressor decidiu recuperar a hegemonia local. Ganhou o municipal e o estadual. Machucado, Tesourinha não jogou a decisão estadual, e pela primeira vez desde sua estréia, o clube foi campeão gaúcho sem um gol de Tesourinha. Mas neste ano o Internacional mostrou sua força também em amistosos contra adversários de fora do estado e do país. Bateu, entre outros, o Sol de América do Paraguai (5x0) e o América do Rio (3x1). Mas a vitória mais marcante foi o acachapante 6x2 sobre o incensado Flamengo. Nesta partida Tesourinha marcou três gols. O passeio foi tão grande que em determinado momento o lateral-esquerdo rubro-negro Jaime reclamou com Biguá, lateral-direito: “Cuida o teu lado, o Carlitos já fez dois gols!”, e ouviu de resposta: “Cala a boca, que o Tesourinha já fez três pelo teu lado!”.
Em 1948, Tesourinha foi bicampeão citadino e estadual. Disputou o Gre-Nal de 17.10, vencido pelo Colorado por 7x0 (maior goleada do clássico na era profissional), mas não marcou gols. No campeonato estadual, disputou as 4 partidas, marcando 2 gols, mas nenhum na final.
O ano de 1949 marcou o auge da carreira de Tesourinha. Pela Seleção Brasileira, foi campeão sul-americano, marcando dois gols na final, contra o Paraguai. Também foi escolhido o “Melhoral dos Cracks”, em uma promoção promovida pelo comprimido Melhoral, em todo o país. Tesourinha recebeu mais votos que os jogadores do eixo RJ-SP. No Rio Grande do Sul, porém, as coisas não foram boas. A perda do título para o Grêmio e uma lesão no joelho, que o perseguia, levaram a direção colorada a negociá-lo com o Vasco da Gama, no final de 1949, por 300 mil cruzeiros (uma fortuna, na época) e o passe do atacante Solís.
No Rio, Tesourinha fez história no Vasco, e era titular absoluto da seleção que disputaria a Copa do Mundo de 1950, mas uma lesão no joelho o tirou do Mundial. No Rio, destacou-se também na Seleção Carioca, pela qual foi campeão brasileiro. No final de 1951, aos 30 anos, Tesourinha já era considerado um jogador veterano, principalmente devido ao problema crônico no joelho. Dispensado pelo Vasco, voltou a Porto Alegre e tentou jogar no Internacional, mas a direção preferiu não contratá-lo. Assim, surgiu a proposta do Grêmio.
Saturnino Vanzelotti pretendia contratar Tesourinha, para romper com a tradição racista do Grêmio. Tesourinha era um jogador consagrado, mas mesmo assim, sócios e dirigentes gremistas foram à imprensa, publicar uma nota contrária à contração de um jogador negro. Tesourinha não ganhou títulos pelo Grêmio, mas sua maior vitória no clube foi ferir de morte o preconceito tricolor.
No final de 1954, Tesourinha foi dispensado pelo Grêmio e transferiu-se para o pequeno Nacional, onde jogou até setembro de 1957. A despedida de Tesourinha do futebol ocorreu no Dia do Cronista de 1957. Esta data era comumente celebrada com torneios e amistosos festivos. Neste ano realizaram-se três amistosos no Estádio Olímpico (Aimoré 1x0 Renner, Cruzeiro 1x0 Internacional e Grêmio 1x1 Corinthians-SP). Antes da última partida, Tesourinha fez a volta olímpica no gramado, deu o pontapé inicial à partida vestindo a camiseta do Nacional, para a seguir descalçar as chuteiras, encerrando as suas atividades como atleta profissional.
Dias antes da partida inaugural do Beira-Rio, o Internacional disputou um amistoso com o Rio Grande, preparando uma surpresa à sua torcida. No 2º tempo Tesourinha substituiu Bráulio na partida vencida pelo Colorado por 4x1. Após o jogo as luzes do Estádio apagaram-se e, ao som do hino do Internacional, Tesourinha e Carlitos retiraram as redes do estádio e levaram-nas para o vestiário. Voltava finalmente o craque a vestir o uniforme do clube que amava.
Os anos 70 marcaram a melhor período da história do Internacional, mas foram também o ocaso da existência de Osmar, o Tesourinha. Em 1977 o ex-jogador passou a ter problemas de estômago e a partir do ano seguinte iniciaram-se uma série de internações hospitalares: Hospital Petrópolis, Hospital de Clínicas e Hospital Conceição. Em 16 de junho de 1979 o câncer finalmente venceu o grande jogador, que até hoje gera polêmica sobre quem teria sido melhor: Tesourinha ou Garrincha?
A região da Santana também era tradicional no futebol porto-alegrense, com o 20 de Setembro e Gaúcho. Rey da Zona, Juventude, Bambala, Flor da Pintada, Guanabara, Santanense, Pombal, Pernambuco e muitos outros clubes entravam em ação todos os finais de semana nos campos da Avenida Italiana, das ruas Arlindo, Sans-Souci e Santana e no fim da linha do bonde Menino Deus, entre outros locais.
Nesse ambiente futebolístico o adolescente Osmar Fortes Barcelos, nascido em 3 de outubro de 1921, começou a jogar suas primeiras partidas. O ex-atleta gremista, Severino Franco da Silva (o Lagarto), treinava equipes de garotos que destacavam-se nos torneios varzeanos. Com ele, Osmar, que já era chamado de Tesourinha (apelido herdado do bloco carnavalesco “Os Tesouras”, dirigido pela sua família), começou a destacar-se, chamando a atenção dos clubes profissionais da cidade.
Em 1939, antes mesmo de completar 18 anos, Tesourinha passou a ser disputado por dois clubes: Internacional e Ferroviário. O Colorado era um clube muito melhor estruturado e estava na Série A, mas o Ferroviário, apesar de estar na Série B, contava com vários amigos de Tesourinha, da várzea. Apesar do profissionalismo ser recente em Porto Alegre (foi oficializado apenas em 1937), Tesourinha acabou decidindo pelo clube que lhe oferecia melhores chances de se realizar no futebol.
A temporada de 1939 já estava quase no fim, quando começou o campeonato citadino. O Internacional tinha ganho seu último título em 1936, mas a conquista do Torneio Relâmpago (que definiu os clubes que formariam as Séries A e B) deu novo ânimo à torcida. Contudo, os esperados reforços não chegaram, apenas desconhecidas apostas, entre as quais Tesourinha.
Tesourinha estreou no Internacional em 22.10, no 2º jogo do Colorado pelo campeonato municipal, vitória de 2x1 sobre o Cruzeiro, nos Eucaliptos. Ele substituiu Carlitos, durante a partida. Foi uma das poucas partidas de Tesourinha como ponteiro-esquerdo, sua posição original. A categoria de Carlitos, também uma jovem promessa, mas já afirmado no time, fez com que Tesoura fosse deslocado para a direita. A convocação de Carlitos para a seleção gaúcha deu a Tesourinha a chance de atuar nas duas partidas seguintes (3x3 Americano e 5x3 Força e Luz). O primeiro gol só viria em um amistoso, na sua 4ª partida: 7x0 no Força e Luz. Em compensação, na abertura do returno, em 04.01.1940, o Internacional goleou o Grêmio por 6x1, e Tesourinha marcou o 2º gol colorado, aos 14 minutos do 1º tempo. Tesourinha jogaria todas as demais partidas do campeonato municipal, mas só voltaria a marcar no Gre-Nal decisivo, quando o Internacional perdeu por 4x2. Apesar da derrota, estava montada a base do grande esquadrão que comandaria o futebol gaúcho por 10 anos.
O campeonato municipal de 1940 prometia: o Cruzeiro contratou Walter Plá, campeão gaúcho de 1939 pelo Riograndense RG. O Força e Luz trouxe Acácio, Brandão e Filhinho, todos do Internacional. O São José contratou Alemãozinho (ex-Grêmio) e manteve o veterano Javel. O Internacional contratou Marques (ex-Cruzeiro) e o Grêmio, César (ex-Americano). Mas o grande destaque da temporada seria Tesourinha. O craque-revelação disputou todas as partidas do campeonato, marcando 6 gols e colaborando decisivamente para o título colorado. Também destacou-se no campeonato gaúcho, sendo escolhido o melhor jogador em campo, na final.
Em 1941, bicampeão citadino e gaúcho, com direito a dois gols na final do estadual. Em 1942, repete-se a dose: tricampeão, e gol na final do estadual. 1943? Tetracampeão citadino e gaúcho, três gols marcados na final do estadual. A situação não mudou em 1944. O pentacampeonato citadino foi alcançado de maneira dramática. No Gre-Nal decisivo, o Internacional precisava vencer, e abriu o marcador aos 20 segundos, antes que qualquer gremista tocasse na bola, após receber um passe de Tesourinha. No início da 2ª etapa o Colorado fez mais um, mas começaram as lesões: Carlitos, Assis e Alfeu. Como não havia substituições, os três ficaram fazendo número em campo. Tesourinha teve de recuar e jogar de lateral, mas no fim o Colorado venceu, 2x1. Na decisão do estadual, mais um gol.
A fama nacional já havia chegado: Corinthians, Flamengo, Botafogo, São Paulo e Palmeiras tentaram contratá-lo, sem sucesso. Ainda em 1944, dois grandes momentos em sua vida: a estréia na seleção brasileira, em 14.05 (goleada de 6x1 no poderoso Uruguai, com um gol do ponteiro colorado), e a memorável vitória da seleção gaúcha sobre a paulista, por 2x1, pelo campeonato brasileiro de seleções, no Rio de Janeiro.
Em 1945, o hexacampeonato citadino e gaúcho (Tesourinha marcou dois gols na final do estadual). Com a conquista inédita, os jogadores colorados foram diplomados doutores de futebol. Pela seleção brasileira, disputou o campeonato sul-americano, quando foi escolhido o melhor ponteiro-direito do continente. Em 1946, novamente foi eleito o melhor sul-americano da posição. Mas o Internacional perdeu o campeonato citadino para o Grêmio.
Em 1947 o Rolo Compressor decidiu recuperar a hegemonia local. Ganhou o municipal e o estadual. Machucado, Tesourinha não jogou a decisão estadual, e pela primeira vez desde sua estréia, o clube foi campeão gaúcho sem um gol de Tesourinha. Mas neste ano o Internacional mostrou sua força também em amistosos contra adversários de fora do estado e do país. Bateu, entre outros, o Sol de América do Paraguai (5x0) e o América do Rio (3x1). Mas a vitória mais marcante foi o acachapante 6x2 sobre o incensado Flamengo. Nesta partida Tesourinha marcou três gols. O passeio foi tão grande que em determinado momento o lateral-esquerdo rubro-negro Jaime reclamou com Biguá, lateral-direito: “Cuida o teu lado, o Carlitos já fez dois gols!”, e ouviu de resposta: “Cala a boca, que o Tesourinha já fez três pelo teu lado!”.
Em 1948, Tesourinha foi bicampeão citadino e estadual. Disputou o Gre-Nal de 17.10, vencido pelo Colorado por 7x0 (maior goleada do clássico na era profissional), mas não marcou gols. No campeonato estadual, disputou as 4 partidas, marcando 2 gols, mas nenhum na final.
O ano de 1949 marcou o auge da carreira de Tesourinha. Pela Seleção Brasileira, foi campeão sul-americano, marcando dois gols na final, contra o Paraguai. Também foi escolhido o “Melhoral dos Cracks”, em uma promoção promovida pelo comprimido Melhoral, em todo o país. Tesourinha recebeu mais votos que os jogadores do eixo RJ-SP. No Rio Grande do Sul, porém, as coisas não foram boas. A perda do título para o Grêmio e uma lesão no joelho, que o perseguia, levaram a direção colorada a negociá-lo com o Vasco da Gama, no final de 1949, por 300 mil cruzeiros (uma fortuna, na época) e o passe do atacante Solís.
No Rio, Tesourinha fez história no Vasco, e era titular absoluto da seleção que disputaria a Copa do Mundo de 1950, mas uma lesão no joelho o tirou do Mundial. No Rio, destacou-se também na Seleção Carioca, pela qual foi campeão brasileiro. No final de 1951, aos 30 anos, Tesourinha já era considerado um jogador veterano, principalmente devido ao problema crônico no joelho. Dispensado pelo Vasco, voltou a Porto Alegre e tentou jogar no Internacional, mas a direção preferiu não contratá-lo. Assim, surgiu a proposta do Grêmio.
Saturnino Vanzelotti pretendia contratar Tesourinha, para romper com a tradição racista do Grêmio. Tesourinha era um jogador consagrado, mas mesmo assim, sócios e dirigentes gremistas foram à imprensa, publicar uma nota contrária à contração de um jogador negro. Tesourinha não ganhou títulos pelo Grêmio, mas sua maior vitória no clube foi ferir de morte o preconceito tricolor.
No final de 1954, Tesourinha foi dispensado pelo Grêmio e transferiu-se para o pequeno Nacional, onde jogou até setembro de 1957. A despedida de Tesourinha do futebol ocorreu no Dia do Cronista de 1957. Esta data era comumente celebrada com torneios e amistosos festivos. Neste ano realizaram-se três amistosos no Estádio Olímpico (Aimoré 1x0 Renner, Cruzeiro 1x0 Internacional e Grêmio 1x1 Corinthians-SP). Antes da última partida, Tesourinha fez a volta olímpica no gramado, deu o pontapé inicial à partida vestindo a camiseta do Nacional, para a seguir descalçar as chuteiras, encerrando as suas atividades como atleta profissional.
Dias antes da partida inaugural do Beira-Rio, o Internacional disputou um amistoso com o Rio Grande, preparando uma surpresa à sua torcida. No 2º tempo Tesourinha substituiu Bráulio na partida vencida pelo Colorado por 4x1. Após o jogo as luzes do Estádio apagaram-se e, ao som do hino do Internacional, Tesourinha e Carlitos retiraram as redes do estádio e levaram-nas para o vestiário. Voltava finalmente o craque a vestir o uniforme do clube que amava.
Os anos 70 marcaram a melhor período da história do Internacional, mas foram também o ocaso da existência de Osmar, o Tesourinha. Em 1977 o ex-jogador passou a ter problemas de estômago e a partir do ano seguinte iniciaram-se uma série de internações hospitalares: Hospital Petrópolis, Hospital de Clínicas e Hospital Conceição. Em 16 de junho de 1979 o câncer finalmente venceu o grande jogador, que até hoje gera polêmica sobre quem teria sido melhor: Tesourinha ou Garrincha?