Escrito por Raul Pons.
Calma, não tirem as crianças da sala, o assunto ainda é futebol! He, he, he.
Vocês já pararam para pensar qual foi a primeira partida que assistiram? Ou qual a primeira recordação que possuem do Internacional?
Buscando nos recantos mais escondidos da memória, descobri várias lembranças anteriores do que eu considerava o primeiro jogo que assisti do Internacional, a grande final do Brasileiro de 1976.
Eu me recordo vagamente do meu pai escutando uma partida em um rádio antigo que tínhamos. Considerando o rádio e a casa onde morávamos, esta partida deve ter ocorrido em 1973.
Já morando em Porto Alegre, outra recordação, esta bem mais viva: 28 de março de 1976. O Internacional enfrentaria o Cruzeiro, no Beira-Rio (pela Libertadores) e meu pai e meu tio decidiram ir ao jogo. Eu tentei de todas as maneiras convencê-los a me levarem, mas como era um jogo noturno, decidiram que eu tinha de ficar em casa. Menos mal, minha estréia no Beira-Rio não foi com derrota, pois nesse dia o Colorado levou 2x0 do Cruzeiro.
Os meses passam e chega dezembro. O Internacional vai decidir o campeonato brasileiro com o Corinthians: dia 12 de dezembro de 1976. Lembro muito pouco desta partida. Apenas de que ainda morávamos em Porto Alegre (pouco depois, nos mudaríamos para o interior). No pequeno apartamento, eu assistia a partida na cama dos meus pais, que tomavam chimarrão na sala. A única lembrança mais nítida da partida foi no momento do segundo gol colorado. A bola bateu no travessão e caiu dentro do gol, mas Tobias a puxou para fora. O juiz confirma o gol, mas o time do Corinthians vai para cima do árbitro. Na frente da TV, conhecendo as regras do futebol através do futebol de mesa e do acirrado futebol de rua (com traves pequenas e sem goleiro), eu gritava: “Bate de novo a falta, então, mas não anula!”. Na cabeça de uma criança de seis anos, uma falta direta era quase um pênalti, e não havia nada de errado em um juiz, em caso de dúvida, mandar cobrar novamente a falta, em vez de decidir pelo gol ou bola do goleiro. Por sorte, o senhor José Roberto Wright tinha mais de seis anos e manteve a decisão de gol.
De 1977, me recordo vagamente do Gre-Nal decisivo do campeonato gaúcho, e do salto mortal do André Catimba, após o gols que deu o título ao Grêmio. Foram dois sentimentos causados pela: surpresa, pois era a primeira vez na vida que eu via o Internacional perder um título para o Grêmio (desde que eu havia nascido, sempre o Colorado era o campeão gaúcho), e raiva, muita raiva! Torci para que o André Catimba tivesse quebrado o pescoço, ao cair errado, após o salto. Também lembro de ter colecionado o álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro.
A partir de 1978, aí o futebol tornou-se parte do meu cotidiano. Acompanhei o Mundial da Argentina, preenchendo minha primeira tabela de resultados. No campeonato brasileiro, minha memória mais clara foi a derrota para o Palmeiras, no primeiro jogo das semifinais (0x2). Eu achava inaceitável o Internacional levar um gol de um jogador chamado Toninho Vanusa! No campeonato gaúcho, a emocionante decisão em um jogo-extra, quando Valdomiro deu um show, marcou dois gols, conquistou o título para o Colorado e encerrou a carreira do goleiro Corbo no Grêmio.
O ano de 1979 foi a consagração. Todo jogo do Internacional, na TV ou rádio, eu acompanhava. Em 1981, minha estréia no Beira-Rio: empate em 0x0 com o Bangu. Logo comecei a anotar resultados, mas de maneira muito amadora, e perdia com facilidade as folhas onde copiava os dados das partidas. Somente anos mais tarde, ao voltar para Porto Alegre, começaria a anotar de forma mais sistemática as informações sobre jogos, montando o arquivo de mais de 4.000 jogos que hoje possuo.