Escrito por Diana Oliveira
Nunca ouviram falar deste, mais um entre tantos, conto dos pampas futebol clube? Pois é, há uns anos soube dessa lenda que torcedores do Inter ouvem ou gostam dos Beatles e no rival, Roling Stones. Engraçado isso da rivalidade, quando a gente pensa que nada mais pode ser disputado, aparece alguma teoria psico-social da coisa. Mas hoje chove em Porto Alegre para o alívio dos que vêm derretendo sob o mormaço gaúcho, um daqueles dias em que se não precisasse mensalmente pagar minhas contas, ficaria em casa dedicando meu nada pra fazer à sétima arte. Sem tela e pipoca, vamos fantasiar.
Coincidentemente eu, colorada, sou apaixonada por Beatles e nada sinto por Roling Stones. Gosto de algumas coisas, admiro o trabalho, mas não é “na veia”. Já o quarteto de Liverpool produziu o que, de certa forma, posso realmente comparar ao Colorado, porque os anos passam, eu ouço as mesmas músicas novamente e nunca enjôo. Também me detenho a outros estilos, passeio por outros palcos, mas sempre retorno a eles e no primeiro acorde penso: que saudade dessa música, exatamente o que vou dizer ao presenciar o primeiro jogo da temporada, no Beira Rio. Quando digo que a comparação se dá parcialmente, é porque da mesma forma vou e volto pro gordo, preto, safado Tim Maia; o que não ocorre na camisa vermelha, não há como deixar o Inter pelo Flamengo por exemplo, mesmo que temporariamente. Isso não existe.
O rubro negro era o time do coração do saudoso síndico, diga-se de passagem.*
Nunca me dediquei a pesquisar entre meus amigos colorados e gremistas do que mais gostam. Poderia eu formular uma tese artística da dupla GRENAL? Acho difícil, não há uma relação lógica entre a música que o indivíduo aprecia e o time que torce. Talvez eu possa ao menos imaginar alguma teoria, digamos, subjetiva, tendenciosa e maliciosa para o caso. Então, vejamos:
Inter é Raul Seixas – Grêmio, Paulo Coelho;
Inter é Madonna – Grêmio, Britney Spears;
Inter é Tom Jobim – Grêmio, Francis Hime;
Inter é Chico Buarque – Grêmio, Jorge Vercilo;
Inter é Tim Maia – Grêmio, Fat Family;
Inter é Mutantes - Grêmio, Pato Fu;
Inter é Rita Lee – Grêmio, Zélia Duncan;
Inter é Jorge Clinton – Grêmio, Sexy Chocolate;
Inter é Ziggy Marley – Grêmio, Artistas Reunidos;
Inter é Guns N’ Roses – Grêmio, Poison;
Inter é Isaac Hayes – Grêmio, Barry White;
Inter é The Clash – Grêmio, Billy Idol ou Supla, tanto faz;
Inter é Marisa Monte – Grêmio, Vanessa da Mata;
Inter é Elis Regina – Grêmio, Maria Rita;
Inter é Zeca Pagodinho – Grêmio, Sambalanço;
Inter é Cartola – Grêmio, Dudu Nobre;
Inter é Stivie Wonder – Grêmio, Guilherme Arantes;
Inter é Cascavelletes – Grêmio, Cidadão Quem;
Inter é Jorge Ben – Grêmio, Casa da Sogra;
Inter é Aretha Franklin – Grêmio, Whitney Houston;
Inter é Nirvana – Grêmio, CPM22;
Inter é Ramones – Grêmio, Detonautas...
E por aí vai...
* Correção: Tim Maia torcia pro América - RJ. Existe uma música no seu disco de 1971 que se chama Flamengo, mas não é uma homenagem de torcedor, como eu pensei que fosse. Desculpem-me pelo equívoco e obrigada ao Luís Felipe e ao Polaco da Serra pela observação.