segunda-feira, janeiro 21, 2008

18 Pequena Miss Sunshine

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Escrito por Diana Oliveira



Assisti a esse filme ontem, ainda não tinha visto. É muito bom e chama atenção pelo baixo orçamento em contrapartida do excelente roteiro e atuação dos atores. Mas todo filme tem, a princípio, a intenção de deixar alguma mensagem e esse fala de algo bastante presente no cotidiano da sociedade americana e que pode ser estendido à vida de qualquer atleta: vencedores e perdedores.

Tá aí o Gringo que reitera ou acaba comigo, mas em diversos filmes diretores expõem na grande tela o conflito dos americanos com a questão de estar no topo, ser o melhor, vencer. Qualquer objetivo que esteja abaixo disso faz do cidadão um perdedor. No esporte isso ocorre com freqüência, em várias partes do mundo. Há pouco tempo um caso divulgado através da mídia escancarou o conflito de um pai agredindo a filha nadadora pelo “demérito” de uma segunda ou terceira colocação na prova.

Essa cobrança para nós brasileiros está direcionada ao futebol. Vice não serve. É algo até certo ponto revoltante, uma nação que pouco debate sobre, por exemplo, política – não aceito o argumento da disparidade social, conheço muitas pessoas com acesso à informação que declaram sem pudor: o assunto não me interessa. Já em qualquer mesa de boteco ou esquina se encontra um técnico em potencial. É inevitável que a cobrança se torne excessiva.



No filme uma garotinha encantadora sonha em ser miss. Ela se classifica para a final de um desses concursos de beleza infantil e toda família viaja numa kombi, mais de mil quilômetros, até a Califórnia, pra que ela participe do concurso. No decorrer da jornada os demais personagens lidam com suas frustrações, desiludidos o suficiente, neuróticos demais. Contudo, honestamente mobilizados pelo sonho da pequena Olive.

Aos trancos e barrancos chegam ao destino e o final do filme provoca uma combinação de comédia com melancolia. Comove pela pequena e brilhante atriz, representando a inocência do universo infantil e dá vontade de dizer não cresce, a vida é cruel, injusta... O que seria inútil, o mundo gira, parar é pior.



Não são poucos os meninos que ainda espremendo espinhas no rosto pisam nos gramados com a “responsa” de gente grande. Sidney, Roger, Maycon, Jonas e cia estão iniciando seus passos no concurso de beleza da bola, que não perdoa. Um pouco de pequena Miss Sunshine a todos eles é a minha mensagem neste início de semana. Não me desagradou o jogo de ontem, apesar de ainda carecermos de articulação no meio campo. Fernandão se sacrifica e a bola não chega até o Nilmar. De qualquer maneira foi uma boa apresentação, com várias chances de gol e algumas falhas individuais.

Tem uma cena do filme em que o vovô-mutcho-loco diz à garotinha que perdedores são os que não tentam. Concordo. Nada me incomoda mais que jogador se omitindo do jogo.
Desejo uma boa semana a todos.