quinta-feira, janeiro 10, 2008

13 Os alquimistas estão chegando

13
Escrito por Diana Oliveira

Na década de 60 e 70 foi produzido quase tudo que eu gosto de música. Até 2006 eu costumava dizer que nasci na época errada, pois não vivi o que considero a melhor fase de criação musical, o auge dos artistas que aprecio, tampouco havia presenciado as maiores conquistas do meu Inter, o tri brasileiro. Pois o destino quis assim e apesar de ainda não ter tido o prazer de conhecer alguma canção que supere o contento máximo de meus ouvidos diante das raridades, pude acompanhar intensamente o que marcou tanto a minha particular, como toda história do Clube do Povo: América e topo do mundo.

Em 1974 Jorge Ben lançou o disco A Tábua de Esmeralda, uma obra prima da música brasileira. Talvez este seja o mais importante de seus trabalhos, legítimo clássico. O disco abre com uma música que considero providencial dedicar aos jogadores colorados, em virtude da postura em campo na final do Torneio de Dubai, Os Alquimistas. E na confusão de passado com presente, música com futebol, explico os porquês analisando a letra no decorrer das próximas linhas.

Eles são discretos e silenciosos, moram bem longe dos homens...
Quem chega aos torneios com flashes e papel picado encomendado são os “homens”. Realmente, os alquimistas moram bem longe, no fim da região sul do país tropical.

Escolhem com carinho a hora e o tempo do seu precioso trabalho, são pacientes, pacientes e perseverantes...
Abriram o placar logo de início com magia - um golaço. Contudo, providos de sabedoria, elaboraram com tranqüilidade a fórmula de transmutação do metal inferior (falta maldosa) em ouro (gol de bicicleta).

Executam segundo as regras herméticas desde a trituração, a fixação, a destilação e a coagulação...
Executaram mesmo e a regras herméticas estipulam que depois de abrilhantar a partida, os alquimistas tenham segurança para administrar o infortúnio do empate e finalizem com gol de placa. Pois é a verdade- sem mentira- certo- muito verdadeiro.

Trazem consigo cadinhos, vasos de vidro, potes de louça. Todos bem e iluminados...
Isto são seus instrumentos, no caso, o manto, fardamento iluminado.

Evitam qualquer relação com pessoas de temperamento sórdido...
Portanto, de nada adianta provocar corte em supercílio, entradas violentas em atacante ágil, pois os alquimistas respondem com educação, tocando a (e na) bola. Alquimia ignora status porque não se compra, nem com milhões de euros. Trata-se de uma filosofia ancestral, glorificada através do tempo pelos bem aventurados, tal como a instituição Sport Club Internacional e todos que por ela passam ou dela fazem seu bem mais valioso: amor incondicional a esta camisa que a Europa há de respeitar.

O que, alquimia é mito, lenda, folclore? Chama o Inter pra jogar...



*Com a fábula do mérito conquistado em terras árabes mostro a face poética do que o Dudu aponta com visão objetiva em seu texto logo abaixo: o espírito. Grupo vencedor tem espírito antes de mais nada. Torcemos para que assim seja o ano que acaba de começar.