Escrito por Rafael Severo
Zé Paulo aguarda com certa ansiedade, no bar da esquina, a chegada de Isadora. Combinaram uma cervejinha de final de tarde, pra botar o papo em dia, afinal era verão. Enquanto ela não chega, Zé Paulo pondera consigo mesmo que é sempre agradável bebericar na companhia da Isadora. Bela Isadora, aliás... bela, inteligente, espirituosa e de grande afinidade com ele, o Zé. Torciam pro mesmo time, inclusive. Sem dúvida, um grande papo! E, sem dúvida, aquela seria uma grande noite. "Será que vamos transar?" pensa ele, concentrado em si mesmo, sem perceber o movimento furtivo de veículos e pessoas em volta. Uma dessas pessoas era a própria Isadora, cujo vulto se materializou ao seu lado, trazendo-lhe de volta à "realidade". O Zé ficou visivelmente sem jeito pela chegada repentina da amiga, como se ela tivesse capacidade de leitura sobre seu livre arbítrio cognitivo. Ato contínuo, Zé Paulo levanta-se e puxa, com dissimulada gentileza, uma cadeira para que Isadora se acomode à mesa do boteco. Afinal, ela merecia.
A cerveja vem e a conversa flui, a cerveja vem e o mijo flui... Pausa na conversa, o banheiro chama... Mão na parede, outra no pinto, e Zé Paulo mira com esforço o jato do mijo dentro do buraco do vazo sanitário, que àquela altura parecia ser do tamanho de uma caçapa de mesa de sinuca. E como bom intelectual de boteco, Zé Paulo racionaliza o próprio mijo: "E pensar que essa "mijança" toda vai parar no Guaibão"... Em seguida pensa em questões mais profundas: "Será que vamos transar?"
Retorna à mesa e percebe que Isadora está ainda mais bonita, como se isso fosse possível. Tudo que o Zé Paulo quer é quebrar as convenções e se atirar por cima da mesa e se atracar com selvageria nas carnes da Isadora. Mas Zé Paulo tem auto-controle, não vai fazer bobagem, pensa.
Depois de oito saideiras, finalmente a dupla resolve que está na hora de ir embora.
- "Vais comigo até um pedaço?" Pergunta Isadora.
- "Claro!" Responde Zé.
Isadora morava a duas quadras do bar, mas como a noite adiantada escurecia as ruas pediu "escolta" para o Zé. Pelo menos até a parte mais movimentada do bairro. O resto ela seguia sozinha. E se foram bairro adentro. No entanto, Isadora permitiu-lhe que a levasse até a porta do prédio em que mora e agradeceu-lhe a "carona".
- "Que isso, foi um prazer!" Murmurava Zé Paulo, olhando para o chão.
- "Estava ótima a noite. A gente se vê de novo?" Indaga Isadora.
- Sim, como não?! É só combinar!
E a despedida não poderia ser melhor: um beijão na boca em estilo grande, molhado e faminto, como se uma boca quisesse engolir a outra.
E Zé logo pensa: "Será que vamos transar?"
E Isadora logo diz: "Eu não vou te deixar subir".
Na verdade, Zé Paulo e Isadora mantinham um relacionamento de alguns meses já. Paixão contida que fora extravasada sexualmente apenas uma vez. Depois disso, mantinham as aparências como bons e civilizados amigos. Mas Isadora queria mais do Zé. Queria iniciativa, desejava despudoradamente o Zé. O Zé, não. Ele a desejava mas se escondia, como se fosse um "cagalhão" qualquer. Casado e com filhos, Zé achava que tinha razão de ser assim. Mas Isadora, não. E corajosamente aceitou todos os "entraves" da limitada vida do Zé e esperou com paciência algum ato de reciprocidade deste. O ato não veio e de certa forma, Isadora cobrava ali, com aquele beijo, uma atitude do Zé Paulo, como quem diz: "ou caga ou desocupa a moita, cara."
- "Eu pretendo viajar no meio do ano e ficar um tempo fora." Revelou-lhe Isadora. E o olhar firme da moça dizia tudo: "Decida-se!"
Por isso, foi de um alívio tremendo para o Zé Paulo escutar da boca da Isadora que eles não subiriam ao seu apartamento aquela noite. Dessa forma, estava respondida a pergunta que tanto o inquietou na mesa do bar: não, eles não iam transar. Assim, Zé Paulo evitaria de se envolver ainda mais com Isadora e, dessa forma, abrir mão de tudo em nome dessa mulher sensacional. Era chegada a hora de deixar essa mulher ser feliz, livre e longe da presença perturbadora de um fantasmagórico Zé Paulo, que tanto lhe sugou as expectativas e sonegou-lhe a felicidade. Faltou-lhe coragem pra viver longe dos filhos e de um casamento em ruínas. Faltou-lhe coragem pra ser feliz...
-------------------------------------------------------------------------------------------------Zé Paulo aguarda com certa ansiedade, no bar da esquina, a chegada de Isadora. Combinaram uma cervejinha de final de tarde, pra botar o papo em dia, afinal era verão. Enquanto ela não chega, Zé Paulo pondera consigo mesmo que é sempre agradável bebericar na companhia da Isadora. Bela Isadora, aliás... bela, inteligente, espirituosa e de grande afinidade com ele, o Zé. Torciam pro mesmo time, inclusive. Sem dúvida, um grande papo! E, sem dúvida, aquela seria uma grande noite. "Será que vamos transar?" pensa ele, concentrado em si mesmo, sem perceber o movimento furtivo de veículos e pessoas em volta. Uma dessas pessoas era a própria Isadora, cujo vulto se materializou ao seu lado, trazendo-lhe de volta à "realidade". O Zé ficou visivelmente sem jeito pela chegada repentina da amiga, como se ela tivesse capacidade de leitura sobre seu livre arbítrio cognitivo. Ato contínuo, Zé Paulo levanta-se e puxa, com dissimulada gentileza, uma cadeira para que Isadora se acomode à mesa do boteco. Afinal, ela merecia.
A cerveja vem e a conversa flui, a cerveja vem e o mijo flui... Pausa na conversa, o banheiro chama... Mão na parede, outra no pinto, e Zé Paulo mira com esforço o jato do mijo dentro do buraco do vazo sanitário, que àquela altura parecia ser do tamanho de uma caçapa de mesa de sinuca. E como bom intelectual de boteco, Zé Paulo racionaliza o próprio mijo: "E pensar que essa "mijança" toda vai parar no Guaibão"... Em seguida pensa em questões mais profundas: "Será que vamos transar?"
Retorna à mesa e percebe que Isadora está ainda mais bonita, como se isso fosse possível. Tudo que o Zé Paulo quer é quebrar as convenções e se atirar por cima da mesa e se atracar com selvageria nas carnes da Isadora. Mas Zé Paulo tem auto-controle, não vai fazer bobagem, pensa.
Depois de oito saideiras, finalmente a dupla resolve que está na hora de ir embora.
- "Vais comigo até um pedaço?" Pergunta Isadora.
- "Claro!" Responde Zé.
Isadora morava a duas quadras do bar, mas como a noite adiantada escurecia as ruas pediu "escolta" para o Zé. Pelo menos até a parte mais movimentada do bairro. O resto ela seguia sozinha. E se foram bairro adentro. No entanto, Isadora permitiu-lhe que a levasse até a porta do prédio em que mora e agradeceu-lhe a "carona".
- "Que isso, foi um prazer!" Murmurava Zé Paulo, olhando para o chão.
- "Estava ótima a noite. A gente se vê de novo?" Indaga Isadora.
- Sim, como não?! É só combinar!
E a despedida não poderia ser melhor: um beijão na boca em estilo grande, molhado e faminto, como se uma boca quisesse engolir a outra.
E Zé logo pensa: "Será que vamos transar?"
E Isadora logo diz: "Eu não vou te deixar subir".
Na verdade, Zé Paulo e Isadora mantinham um relacionamento de alguns meses já. Paixão contida que fora extravasada sexualmente apenas uma vez. Depois disso, mantinham as aparências como bons e civilizados amigos. Mas Isadora queria mais do Zé. Queria iniciativa, desejava despudoradamente o Zé. O Zé, não. Ele a desejava mas se escondia, como se fosse um "cagalhão" qualquer. Casado e com filhos, Zé achava que tinha razão de ser assim. Mas Isadora, não. E corajosamente aceitou todos os "entraves" da limitada vida do Zé e esperou com paciência algum ato de reciprocidade deste. O ato não veio e de certa forma, Isadora cobrava ali, com aquele beijo, uma atitude do Zé Paulo, como quem diz: "ou caga ou desocupa a moita, cara."
- "Eu pretendo viajar no meio do ano e ficar um tempo fora." Revelou-lhe Isadora. E o olhar firme da moça dizia tudo: "Decida-se!"
Por isso, foi de um alívio tremendo para o Zé Paulo escutar da boca da Isadora que eles não subiriam ao seu apartamento aquela noite. Dessa forma, estava respondida a pergunta que tanto o inquietou na mesa do bar: não, eles não iam transar. Assim, Zé Paulo evitaria de se envolver ainda mais com Isadora e, dessa forma, abrir mão de tudo em nome dessa mulher sensacional. Era chegada a hora de deixar essa mulher ser feliz, livre e longe da presença perturbadora de um fantasmagórico Zé Paulo, que tanto lhe sugou as expectativas e sonegou-lhe a felicidade. Faltou-lhe coragem pra viver longe dos filhos e de um casamento em ruínas. Faltou-lhe coragem pra ser feliz...
Anuncia-se que talvez Iarley esteja de partida. Acho que a atual condição físico-atlética do baixinho é perfeitamente discutível. O que é indiscutível, no meu entendimento, é sua condição de ídolo. Essa nunca partirá no coração dos torcedores. Principal responsável - junto a Gabiru - pela maior alegria de nossas vidas coloradas, devemos ser eternamente gratos e entender que ele tem todo o direito de partir e, assim, garantir sua aposentadoria. Ele merece e tem os meus respeitos. É hora da reciprocidade, afinal o baixinho arretado tem todo o direito de ser feliz...