
Mas especificamente no que tange à Cris, objeto centro desse texto, digo que sentava-se geralmente próxima de onde eu costumeiramente ficava. Ela chegava carregando alguns livros, ajeitava-se e lá ficava, solitária, à espera do início da aula. Toda noite a mesma coisa. Eu chegava mais cedo e ficava enrolando, fingindo que entendia as regras dispostas nos livros de física, matemática, química, biologia e afins. Meus olhos, porém, ficavam de prontidão, à espreita da chegada sempre triunfal da Cris.
Quando ela chegava, se espremendo entre uma fileira e outra de cadeiras, passava sempre deliciosa e cheirosa, sem olhar para a periferia, apenas mirando seu assento. Quando ela passava, eu pensava e me espremia em pensamentos sórdidos: "Putz, que coisinha mais gostosinha, que coisinha mais gostosinha!" Pelo que me parecia, era tímida a Cris. Eu também. Então, qualquer aproximação entre eu e aquela delicinha era improvável durante o percurso do semi-extensivo.
Impensável, impensável, sem dúvida.
Mas tudo bem, as aulas sucediam-se e o impensável ocorreu, tirando-me de sopetão da minha confortável situação de mero espectador da colega gostosa. No meio de uma intrincada aula de geometria analítica, a guria vira-se pra mim e pergunta se eu entendia o que o professor explicava. Eu sinalizei com a cabeça que sim, sem muita confiança, no entanto. Na verdade, eu tinha vaga noção do que acontecia naquela aula. Mas pela Cris valeria a pena. Mesmo que eu não soubesse, daria um jeito. E mesmo se não desse, assumiria uma postura de quem sabia. Confesso que na verdade eu não sabia porra nenhuma. "Qual tua dúvida?" Perguntei. Ela olhou pro meu caderno e me indicou, com o seu lápis. E eu: "Ah, isso aqui tu faz assim..." Milagrosamente eu tinha prestado atenção naquela parte da aula e graças ao bom Deus aquilo me permitiu "levar" a moça.
Ela pareceu-me muito grata pela gentileza e perguntou meu nome. Respondi e lhe fiz a mesma pergunta. E ela: "Cristiane. Mas pode me chamar de Cris." Tinha uma voz levemente rouca. Naquela noite eu só queria curtir aquela aproximação inesperada. Na noite seguinte, pra meu delírio, a Cris vem e senta-se ao meu lado, puxa assunto, pergunta o curso que almejo na faculdade, onde moro. Coisa boa, coisa boa! Minha timidez não permitia que eu fosse mais a fundo, mas daquele jeito já estava bom demais. Seria questão de tempo. E de abertura da Cris, óbvio.
Ela parecia sentir-se segura ao meu lado. Já nem sabia se ela estava se aproveitando do meu aparente ar de "sabedoria" que meus óculos conferiam ou se estava com segundas intenções mesmo. Bah, que vergonha, tchê! Até parecia que eu é quem estava fazendo o papel da "mocinha" insegura. Semana vai, semana vem, nossas conversas foram se intensificando e a moça revelou-me que estava "boiando" nas aulas de matemática. Na verdade, ela estava "boiando" em todas as matérias e eu há muito já havia percebido essa dificuldade da parte dela. Tudo bem, eu me colocava à disposição para ajudá-la. Eu não sabia quase de nada de nada, mas o que isso importava? Eu estava me sentindo O FODÃO!
E empolgado sugeri à Cris que lhe ensinaria com aquelas questões, se ela assim quisesse. Pra minha surpresa, ela ficou empolgadíssima e topou na hora. Faltava apenas marcar o dia, a hora e o local. Eu morava no centro e ela no Sarandi. Ela achou melhor vir à minha casa, afinal eu disse que estaria sem ninguém no final de semana, assim poderíamos "estudar" melhor. Marcamos um local para que eu fosse buscá-la no centro, perto do terminal do ônibus que a levaria. Fiquei na dúvida se realmente ela apareceria, mas fui. E ela apareceu. E agora? Cumprimentamo-nos e seguimos pra minha casa. Era primavera e os primeiros dias de calor já se faziam sentir. E a Cris não deixou por menos: estava com uma mini-blusa apetitosa e uma calça jeans coladinha às curvas irresistíveis de seu corpo pequeno. Umbigo de fora e seios estourando, quase saltando. Sacanagem da moça... Como eu conseguiria ensinar-lhe matemática naquelas condições "adversas"?
Mas fomos pra casa e um senso de profissionalismo que eu não conhecia tomou conta de mim. Com os livros espalhados em cima da mesa da sala, eu realmente me empenhava nas tarefas de ajudá-la na matéria. No entanto, nem ela parecia entender o que eu explicava, nem eu sabia se estava explicando corretamente. Aquilo me incomodava mas, ao que parece, a Cris não estava nem aí. Fazia caras de incompreensão, mas seguia firme ali, como que aceitando divertidamente meu show de charlatanismo. No fundo, ela sabia que eu não manjava porra nenhuma. Então, pra quebrar o gelo, ofereci a ela um copo de suco. Ela aceitou, a gente conversou um pouco e seguimos adiante.
Eu juro que tentava ensinar, mas quando ela se debruçou com os ombros sobre a mesa, ao meu lado, expondo um pouco mais os "melõezinhos" lindos que quase explodiam por dentro do sutiã, eu não aguentei. Pensei: É agora!" E perguntei à Cris: "Quer dar uma volta no Gazômetro? É aqui perto."
Pois bem... fomos ao Gazômetro, jogamos conversa fora, rimos bastante e chegamos à conclusão de que não aprendemos bosta nenhuma naquele domingo de sol. Depois, levei-a até seu ônibus, despedimo-nos e cada um seguiu o rumo de suas casas. Eu pensava comigo: tremenda "pipocada" que dei! Como deixei passar a oportunidade? Mas ao mesmo tempo me conformava, afinal ainda tínhamos alguns meses de convívio e certamente a guria estava na minha mão. Ela não viria lá do Sarandi à toa... Eu pegaria a gostosa, sem dúvida. Então eu estava tranqüilo.
Mas os meses até o vestibular passaram e eu não peguei a Cris. Puta que pariu! E nem por ela, mas por mim. Nem sei se na verdade ela se chamava Cristina ou Cristiane, se era colorada ou gremista nem se queria cursar Educação Física ou Artes cênicas ou se hoje ela está obesa e com um monte de filhos, mas o fato é que a saudosa e gostosa Cris foi uma das maiores "pipocadas" da minha vida, eu admito. Que fase aquela! E Repito, com um pingo de constrangimento: fui um tremendo de um pipoqueiro. Só faltou alguém berrar assim, de longe: Ô Rafael, seu pipoqueiro FDP, o Ediglê vai quebrar a tua perna!!!
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O quê dizer sobre o Inter? Nada além do que já se disse e do que possa vir a ser dito nos próximos dias, com a perspectiva nebulosa que nos recai. Não tenho nada a acrescentar. Talvez fazer um mea-culpa: disse semana passada que Wellington Monteiro era a solução menos precária pra lateral direita. Ele me provou que nem ele nem ninguém do grupo colorado tem condições de assumir a posição. a gente deve assumir quando se equivoca e é isso que estou fazendo. Mas todos erramos, não. Afinal, de mais a mais, tem gente "entendida" que jurava até pouco tempo atrás que o Jonas era a solução pra lateral direita... O Colorado está adiando a cada rodada a tão proclamada redenção no campeonato, como o personagem pipoqueiro da história acima. E, sinceramente, acho que já sei o final.
E já me acusaram deselegantemente de ir para o Beira-rio e ao invés de assistir ao jogo ficar pensando em peitos, bundas e assemelhados. Até pode ser, mas antes pensar nisso vez que outra do que ocupar a mente exclusivamente com o Alex e seus possíveis "custos". Aliás, não sou fã do Alex, todos sabem, mas ele ontem fez uma falta danada. Quem diria, hoje o Alex faz falta. E isso também precisamos reconhecer, abstrair, ou sei lá que termos se usa pra isso. Talvez pensar mais um pouco em bundas, peitos e assemelhados ajude um pouco. Às vezes é preciso desvincular-se um pouco da escravidão das próprias convicções. Senão a vida fica muito chata e ranzinza. E de chato, já basta esse campeonato brasileiro de 2008 com gosto de 2007.