terça-feira, agosto 05, 2008

44 Os ídolos

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Reproduzo o post abaixo, que eu já tinha escrito para quando da confirmação da venda do Guinazu. Segue…

Os clubes brasileiros, como um todo, são loucos por venderem jogadores. A palavra da moda é dinheiro, bufunfa, grana, money, verdinhas.

“São 3 milhões de euros”... E daí? Há quanto tempo o Inter não tinha um jogador como o “Perro Loco”, que fizesse o torcedor comprar uma camisa com orgulho, assinar um pay-per-view, comprar um ingresso (cada vez mais caro) de arquibancada?

Há quanto tempo não fazia que o torcedor fosse capaz de ver materializado em campo com as cores do colorado um jogador com tamanha garra, empenho, dedicação, obstinação e perseverança, brigando por cada bola como se fosse um esfomeado lutando por um prato de comida?

Quanto vale um ídolo?

Os clubes brasileiros não conseguem enxergar nada além de um maço de dinheiro. Não conseguem enxergar que vendendo jogadores identificados e de qualidade cometem suicídio a longo prazo.

Estão destruindo nosso futebol, transformando paixão em balcão de negócios. Ninguém consegue fazer uma conta a longo prazo, de que segurar e valorizar craques é a única maneira de se manter verdadeiramente grande, de fazer “crescer a marca” Internacional.

“Guinazu veio quase de graça, como vou recusar 3 milhões de euros por ele?”, pergunta o cartola, comandante do clube. Quem pensa assim está no cargo errado. Deveria ser gerente de banco. Clube de futebol não é banco. Ninguém, além dos acionistas, torce pelo Itaú, o Bradesco, o Unibanco.

Eu lhe peço, Guinazu, que antes de ir embora você dê mais uma contribuição ao futebol brasileiro. Diga que o clube prefere vendê-lo. E de fato, se o clube não quer, consente! Por que quando o clube não se opõe, liberando apenas pela multa rescisória, não há negócio.

Guina, por favor, jogue um pouco de luz nesta discussão. Mostre que o papo, em tom de lamento, de que “não conseguimos competir com o futebol europeu” é uma grande desculpa. Nossa cartolagem quer vender. É mais fácil que trabalhar em busca de outras receitas. Resolve as dívidas na hora.

Cegos...

Guina, portanto, diga que o clube quer vendê-lo. Sentirei sua falta por aqui. Eu e todos colorados, que se temos uma certeza, é que você, acima de tudo encarna a bravura e a valentia farrapa. Voce não é digno de vestir o manto colorado, você o faz ainda mais digno.

Os colorados perdem talvez seu mais importante jogador. Ficamos um pouco mais pobres sem o seu futebol, querido El Cholo. Mas é vida que segue.

O próximo, por favor.

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Louvada seja a direção (e aqui cabe meu elogio, ao segurar o Guina), que se não é brilhante (eu pessoalmente tenho inúmeras ressalvas) ultimamente vêm qualificando a equipe e segurando os principais jogadores.

Vejam bem que jamais serei defensor de más administrações e descalabros financeiros.

Clube tem que ser administrado de maneira profissional sim senhor. E para isto, é inevitável vender um ou dois bons jogadores por ano. Mas quando vender, buscar peças de reposição a altura. Estar preparado para eventuais saídas. Isso se chama planejamento.

O que não pode acontecer é o clube virar balcão de negócios. O futebol é o CARRO CHEFE de qualquer clube e assim sempre será. Sem time forte, não há centenário nem quaisquer planos de grandeza futuros que se concretizem.

No momento em que se especula a saída de Nilmar, Alex e outros jogadores, torço para que a direção mantenha a filosofia e não desfigure a equipe. E que continue a trazer e a viabilizar a chegada de Daniéis Carvalhos e D´Alessandros da vida.

Afinal, quanto vale um ídolo?