A reportagem foi ao ar ontem, dia 08 de março, no programa Globo Esporte. Segue o vídeo, peço aos leitores que assistam com atenção.
Recebi, do amigo Adir, no último sábado (quando vimos um time colorado reserva melhor que a encomenda na partida contra o VEC) os “não-cumprimentos” pelo dia internacional da mulher, sob argumento de que a saudação soa machista. Outra explicação que se usa é a de que todo dia é da mulher. Caro amigo, não te preocupa, és um exemplo do gênero, se todos fossem no mundo iguais a você...
Na verdade, a mim provoca certo desalento, quando penso no motivo que proclamou tal homenagem. Há conflito nos registros históricos da greve de 130 tecelãs nova-iorquinas que teria ocorrido no dia 08 de março de 1857, quando estas, protestando por melhores salários e condições de trabalho, foram trancadas na fábrica em chamas, onde morreram carbonizadas. Existem fontes que negam este crime, afirmando que o mesmo haveria acontecido em outra data, na mesma cidade.
O fato é que o dia simboliza uma luta por igualdade em valor na sociedade. Em parte, concordo que todo dia é dia, contudo, ainda convivemos com inúmeras injustiças, violência física e intelectual contra a mulher, em pleno século XXI, em várias partes do mundo. Sendo assim, valorizo a existência de um dia no ano onde, pelo menos, ocorra alguma reflexão sobre o tema, ainda que seja insuficiente. Detendo-me no território brasileiro, credito ao futebol o grande expoente da discriminação sofrida por mulheres, que aqui se manifesta subjugando, ignorando, sempre de maneira implícita. Quando se fala no assunto, há uma receptividade em teoria, que finda na prática. Este é o país do futebol e não existe um campeonato decente, patrocínio interessado, real incentivo dos clubes e, pior, iniciativa séria das confederações.
Ah mas tem a musa do Gauchão, do Brasileirão...

Camille Claudel
O Abandono
1905
Bronze
* A maior escultora da segunda metade do século XIX, e da primeira metade do século XX. Dentro de um universo artístico quase exclusivamente constituído por homens, ela permitiu que Rodin amadurecesse sua extraordinária obra. Facilitou também o caminho para outras escultoras de talento, que antes ficavam relegadas ao insucesso e à frustração. A sua vida difícil representa um verdadeiro sacrifício, mas também um marco que permitiu derrubar um muro de preconceitos que existia durante o séc. XIX e começo do séc. XX contra as mulheres – e particularmente as artistas.
“A imaginação, o sentimento, o imprevisto que surge do espírito desenvolvido é proibido para elas, cabeças fechadas, cérebros obtusos, eternamente negados à luz”
*Camille Claudel