segunda-feira, janeiro 25, 2010

22 Lado B

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No campo artístico se denomina lado B toda produção que não fez “aquele” sucesso. O termo surgiu no meio musical, fazendo referência aos LPs, onde no lado A ficavam as composições candidatas a hit e no lado B, aquelas mais discretas, ou também, as mais difíceis, elaboradas, que só os fãs poderiam entender e apreciar tal arranjo. Com o tempo esta classificação se espalhou e a coisa evoluiu de maneira que se pode chamar um disco inteiro de algo como “produção lado B”. Todo músico ou banda tem suas canções lado b e assim também acabou acontecendo com cineastas, pintores, escultores e por aí vai.

O interessante é que para um bom apreciador o lado A não basta. Quem gosta de Beatles tem que conhecer o disco Magical Mysterious Tour. Tem Penny Lane (famosa), mas também, I am the Walrus. E quem gosta do quarteto de Liverpool tem que conhecer I am the Walrus. Nada impede que alguém cante She loves you, com aquele entusiasmo juvenil, o conhecedor também gosta dessa e canta junto, mas ouve a melancólica I me mine, com ares de colecionador.

Não que eu consiga transferir a teoria do lado B para o Inter B, pois futebol também tem sua versão escondida e esta se trata de uma equipe com jovens promessas. Diferente dos discos raros, o Inter B está mais para novas músicas que vão surgindo e ainda não sabemos se vai pegar ou virar peça de colecionador.

Acho que o Gamarra é um tanto Lado B do Internacional. Pelo momento em que foi lançado, este clássico em vermelho e branco não atingiu o sucesso de Índio, por exemplo, bem mais popular. No entanto, quem gosta e acompanha sabe, Gamarra é um Abbey Road, produção que só conheceu (ao vivo) quem estava no estúdio, ou no clássico show do terraço. Lojas lançaram esse disco quando os Beatles nem mais faziam show, mas não tem fã dos caras que não o mencione. Aliás, para os fãs já nem é mais lado B, é clássico imprescindível!

Mas, voltando ao Inter, no presente momento, tudo em ritmo de sombra e água fresca, o Inter B parece show de verão, numa quinta-feira no Ocidente. Provavelmente não estará lotado, por esta razão e afortunadamente a ceva estará gelada e a banda toca um som despretensioso. Me escoro no balcão, bebo sem pressa e aguardo a canção que me fará questionar: e aí, vira hit ou lado b?

Não entro no mérito se B é ruim, se A é o que há (ou vice-versa). Eu mesma acho tremendo charme os discos escondidos, os shows que poucos viram, essas coisas. Contudo, me detenho à pergunta, por exemplo, Josimar vira hit?
Achei que foi o melhor em campo na partida de ontem.