terça-feira, janeiro 19, 2010

53 Primeiras Impressões

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Em 2007, o Inter B era o refugo. Jogadores profissionais que não seriam utilizados mais no grupo principal mesclados com guris da base que, já se sabia, não seriam promovidos. Mas acreditava-se, ainda assim, que aquele grupo seria capaz de jogar todo o Gauchão. Um erro de avaliação que escancarou uma falta de convicção, redundando na alteração de planejamento de toda uma temporada. Resultado: eliminação precoce, tanto no Gauchão quanto na Libertadores.

Já em 2010 a história começa bem diferente. O Inter B é um time de garotos, exclusivamente, mas todos eles com potencial ou para subirem para o grupo principal ou para renderem uns trocos. Enquanto isso, o grupo principal completa sua pré-temporada sem atropelos. O resultado imediato foi uma boa estreia no Campeonato Gaúcho.

O Gauchão é uma competição que inicia cedo demais e termina tarde demais. Todos os estaduais são assim. Mas é a cultura do futebol brasileiro e também (e principalmente) das redes de televisão que, hoje, são a principal fonte de renda de quase todos clubes participantes desses torneios. Então, que se faça do limão uma limonada.

Aproveitemos o campeonato regional para lapidar valores do time aspirante. Sob o olhar atento de Jorge Fossati, os guris terão a motivação necessária para jogarem com a seriedade e o empenho que o torcedor colorado exige de quem quer que represente o clube, mesmo que seja em competição de futebol de botão. Contra o Ypiranga, o que mais me chamou atenção foi justamente a seriedade com a qual o time colorado entrou e se postou em campo, até o minuto final.

Contudo, não se guarde no congelador a equipe principal. Na hora em que for necessário, de acordo com o planejamento da Vice Presidência de Futebol, que entrem em campo para que se defina uma equipe base, para que se adquira ritmo de jogo e para que também se busque outra coisa fundamental em futebol: confiança.

Não sei qual o cronograma da Comissão Técnica colorada neste início de ano. Tampouco conheço as condições físicas dos jogadores que compõem o grupo principal. Contudo, comenta-se que jogarão dia 27, contra o Juventude e, em seguida, o grenal do dia 30, em Erechim.

Olhando de fora, parece mais que estão preocupados com a rivalidade regional. Eu compreendo a dificuldade de um dirigente em assumir exclusivamente para si o risco de uma derrota num clássico ao determinar a escalação de um time secundário. Se perde com os titulares, perdem todos. Se perde com o B, perde só o dirigente. E aí, que aguente sozinho a fúria da massa e a corneta da imprensa, que tratará um jogo de fase preliminar de Gauchão como uma final de Copa do Mundo. Enfim, são as imposições da supervalorização de um confronto e, indiretamente, do rival.

Seja lá quais forem as reais motivações, espero que não atrapalhem a preparação da equipe que começa a sua importante caminhada somente depois do carnaval. Um dos aspectos positivos da rivalidade citadina é que também se pode aprender com os erros e acertos do vizinho. Se o Inter se perdeu em seu planejamento em 2007, o rival se perdeu em 2009. Apanhava no interior com time reserva para apanhar da gente, aqui, com titulares. Resultado: perdeu o técnico, perdeu o Gauchão, a Libertadores e o rumo de casa.

Portanto, neste início de 2010 torço pelo time B, torço pelo time principal e, tanto quanto para eles, torço para que os responsáveis pelo planejamento do futebol colorado saibam o que estão fazendo e não percam o rumo, nem antes, nem depois do fim do verão.

Começamos bem, confesso que até melhor do que eu imaginava. Mas foi apenas um jogo. Ainda é pouco, muito pouco para qualquer avaliação definitiva. Mas são indícios, bons indícios. Espero que eles saibam o que estão fazendo. Parece que sim!