Na minha casa, a religião “oficial” era a Espírita Kardecista. Já meus avós paternos, como de resto todos os colonos italianos de que tenho notícia, eram católicos. Por parte de mãe, cuja ascendência é quase toda ibérica, minha avó se dizia presbiteriana, enquanto meu avô dizia que não acreditava em assombração. Sempre gostei da forma objetiva com que o vô encarava a vida. Ah, o vô era colorado!
O interessante é que diante desse caldeirão religioso, acabei me tornando meio agnóstico. Meio, porque é aquele negócio, “no creo en las brujas, pero que las hay, las hay!”
Pois é justamente por não duvidar totalmente das coisas que não vejo que comecei a desconfiar do sobrenatural nesses confrontos do Inter contra o Juventude. Por mais que eu sempre busque explicações lógicas e racionais para o que acontece dentro de campo, depois desse domingo comecei a acreditar que aí tem coisa. E é coisa do outro mundo!
Considerando a quantidade de desfalques, o time até que entrou bem escalado, tanto em nomes quanto em postura tática. Só que a maldita bola insistia em não entrar. No segundo tempo até melhorou com a saída do Ji-Paraná (muito fraquinho) para a entrada do Titi, mas aí: cartão vermelho! E para completar, aos 47 do segundo tempo, o Fernandão, que desde quarta-feira tava correndo pelo Guiñazú, me perde uma bola no ataque e nasce o gol do Juventude. Ah, pode parar! Tem macumba na jogada! Só pode ser!
Sei lá, acho que deve ter tanta gente só na secação, só no olho gordo, só no mau olhado, que a urucubaca pegou! Junta tudo isso com a campanha pró-touca estimulada pela imprensa e até os colorados já ficam esperando pelo pior. Pois é justamente aí que ele acontece!
Mas agora chega, basta! Decidi que chegou a hora do contra-ataque e que vai ser pesado!
Ainda ontem de manhã iniciei minha procissão de fé em favor do Inter. Saí de casa e entrei na primeira igreja que encontrei. Assisti à missa das 10h, ajoelhei e rezei. Me confessei e paguei as penitências que o padre me recomendou. Acendi uma vela pra cada santo. Cheguei a hesitar na hora de acender uma para o Santo Expedito e outra para Santa Rita. O coroinha me disse que eram os santos das causas impossíveis. Achei um desaforo chamar de causa impossível ganhar de dois gols em casa do Juventude, mas, pelo sim, pelo não, acendi uma para cada um também.
Segui para o centro e fui num Templo Evangélico. Lá, um pastor de terninho me disse que Deus me ama e que por R$ 50,00 eu conseguiria a minha graça. Achei justo, pois tô meio sem graça mesmo, desde domingo. Mas quando eu falei pra ele que era a questão do Inter com o Juventude ele me cobrou R$ 100,00. Ah, que saco! Pra mim aquele pastorzinho era gremista. Mas paguei igual.
Depois me toquei para uma sinagoga. Lá conheci o rabino Jacó. Impressionante, o cara era igualzinho àquele cantor, o Matysiahu! Só depois que eu vi que todos os outros rabinos também eram. O rabino Jacó disse que o sábado é dia de descanso. Vou ter que cortar a balada. Também me proibiu o churrasquinho de porco. Até aí tudo bem, meu negócio é carne de ovelha. Agora, o bicho pegou quando ele disse que, pra me converter, pra encarar o negócio pra valer, eu tinha que dar um talho nas partes. Isso mesmo, cortar um pedaço fora. Eu já tinha ouvido falar em sacrifício e penitência, mas esse aí eu achei demais! Mas é aquilo, eu não vou agüentar perder mais essa para o Juventude, então... Quinta-feira,15h, Doutor Bráulio, Urologista.
Por fim, fui atrás duma mãe-de-santo. Bah! Essa aí me jurou que era encosto brabo e que já tava mais do que na hora de eu fazer uma sessão de descarrego. Lá fui eu pra a terreira, todo de branco, igual ao Inter contra o Paraná. Até que tem uma batucada legal lá. Também tinha cada mulata mais linda que só vendo. Viva as religiões afro-brasileiras! Bueno, mas não foi pra ver as gurias que eu tava lá. Fiz o descarrego direitinho, comprei umas tais de ervas para abrir os caminhos e também tive que degolar uma galinha! Não sei se virou canja, mas aí, também, já não era mais comigo.
Ainda nesta semana, quero ir a Três Coroas, lá no centro Budista, e também vou atrás de outras religiões, mesmo que elas briguem entre si. Vou em busca de todos os santos e entidades que puderem me ajudar. Farei isso porque cansei dessa história de perder pro Juventude. Já foram três, só este ano. Tá demais! Agora, chega!
Na verdade, só estou fazendo isso tudo porque respeito muito e acredito demais no poder da fé, não importa de que maneira ela se manifeste. Mas mais que isso, acredito piamente que, no domingo que vem, não vai ter nada, absolutamente nada de sobrenatural. O Inter vai entrar em campo com o Beira-Rio lotado. Vão ser 50 mil colorados fanáticos, fiéis, crentes. Crentes de que o Inter é mais time, de que tem mais qualidade e de que tá mais a fim, sim, de ganhar essa baba de Gauchão. Crentes de que o trabalho profissional, sério e dedicado gera frutos, gera vitórias, gera títulos.
Afinal de contas, depois de ir a tantos templos e de consultar tantos sacerdotes de diversas religiões, eu ainda fico mesmo é com a boa e velha lição do meu querido avô colorado: “Eu não acredito em assombração!”.
Inter: Campeão Gaúcho de 2008!
O interessante é que diante desse caldeirão religioso, acabei me tornando meio agnóstico. Meio, porque é aquele negócio, “no creo en las brujas, pero que las hay, las hay!”
Pois é justamente por não duvidar totalmente das coisas que não vejo que comecei a desconfiar do sobrenatural nesses confrontos do Inter contra o Juventude. Por mais que eu sempre busque explicações lógicas e racionais para o que acontece dentro de campo, depois desse domingo comecei a acreditar que aí tem coisa. E é coisa do outro mundo!
Considerando a quantidade de desfalques, o time até que entrou bem escalado, tanto em nomes quanto em postura tática. Só que a maldita bola insistia em não entrar. No segundo tempo até melhorou com a saída do Ji-Paraná (muito fraquinho) para a entrada do Titi, mas aí: cartão vermelho! E para completar, aos 47 do segundo tempo, o Fernandão, que desde quarta-feira tava correndo pelo Guiñazú, me perde uma bola no ataque e nasce o gol do Juventude. Ah, pode parar! Tem macumba na jogada! Só pode ser!
Sei lá, acho que deve ter tanta gente só na secação, só no olho gordo, só no mau olhado, que a urucubaca pegou! Junta tudo isso com a campanha pró-touca estimulada pela imprensa e até os colorados já ficam esperando pelo pior. Pois é justamente aí que ele acontece!
Mas agora chega, basta! Decidi que chegou a hora do contra-ataque e que vai ser pesado!
Ainda ontem de manhã iniciei minha procissão de fé em favor do Inter. Saí de casa e entrei na primeira igreja que encontrei. Assisti à missa das 10h, ajoelhei e rezei. Me confessei e paguei as penitências que o padre me recomendou. Acendi uma vela pra cada santo. Cheguei a hesitar na hora de acender uma para o Santo Expedito e outra para Santa Rita. O coroinha me disse que eram os santos das causas impossíveis. Achei um desaforo chamar de causa impossível ganhar de dois gols em casa do Juventude, mas, pelo sim, pelo não, acendi uma para cada um também.
Segui para o centro e fui num Templo Evangélico. Lá, um pastor de terninho me disse que Deus me ama e que por R$ 50,00 eu conseguiria a minha graça. Achei justo, pois tô meio sem graça mesmo, desde domingo. Mas quando eu falei pra ele que era a questão do Inter com o Juventude ele me cobrou R$ 100,00. Ah, que saco! Pra mim aquele pastorzinho era gremista. Mas paguei igual.
Depois me toquei para uma sinagoga. Lá conheci o rabino Jacó. Impressionante, o cara era igualzinho àquele cantor, o Matysiahu! Só depois que eu vi que todos os outros rabinos também eram. O rabino Jacó disse que o sábado é dia de descanso. Vou ter que cortar a balada. Também me proibiu o churrasquinho de porco. Até aí tudo bem, meu negócio é carne de ovelha. Agora, o bicho pegou quando ele disse que, pra me converter, pra encarar o negócio pra valer, eu tinha que dar um talho nas partes. Isso mesmo, cortar um pedaço fora. Eu já tinha ouvido falar em sacrifício e penitência, mas esse aí eu achei demais! Mas é aquilo, eu não vou agüentar perder mais essa para o Juventude, então... Quinta-feira,15h, Doutor Bráulio, Urologista.
Por fim, fui atrás duma mãe-de-santo. Bah! Essa aí me jurou que era encosto brabo e que já tava mais do que na hora de eu fazer uma sessão de descarrego. Lá fui eu pra a terreira, todo de branco, igual ao Inter contra o Paraná. Até que tem uma batucada legal lá. Também tinha cada mulata mais linda que só vendo. Viva as religiões afro-brasileiras! Bueno, mas não foi pra ver as gurias que eu tava lá. Fiz o descarrego direitinho, comprei umas tais de ervas para abrir os caminhos e também tive que degolar uma galinha! Não sei se virou canja, mas aí, também, já não era mais comigo.
Ainda nesta semana, quero ir a Três Coroas, lá no centro Budista, e também vou atrás de outras religiões, mesmo que elas briguem entre si. Vou em busca de todos os santos e entidades que puderem me ajudar. Farei isso porque cansei dessa história de perder pro Juventude. Já foram três, só este ano. Tá demais! Agora, chega!
Na verdade, só estou fazendo isso tudo porque respeito muito e acredito demais no poder da fé, não importa de que maneira ela se manifeste. Mas mais que isso, acredito piamente que, no domingo que vem, não vai ter nada, absolutamente nada de sobrenatural. O Inter vai entrar em campo com o Beira-Rio lotado. Vão ser 50 mil colorados fanáticos, fiéis, crentes. Crentes de que o Inter é mais time, de que tem mais qualidade e de que tá mais a fim, sim, de ganhar essa baba de Gauchão. Crentes de que o trabalho profissional, sério e dedicado gera frutos, gera vitórias, gera títulos.
Afinal de contas, depois de ir a tantos templos e de consultar tantos sacerdotes de diversas religiões, eu ainda fico mesmo é com a boa e velha lição do meu querido avô colorado: “Eu não acredito em assombração!”.
Inter: Campeão Gaúcho de 2008!
Baita abraço a todos!