quinta-feira, abril 03, 2008

59 A véspera

59
Escrito por Diana Oliveira

Acordei com sensação de último dia. Guardo memórias que ora abrilhantam, ora agonizam minhas reflexões. Por momentos consigo esboçar um leve sorriso na expressão hipnotizada, em seguida recordo angústias com olhar distante. Cogito procurar todo mundo que me conhece e perguntar o que de mim provoca maior lembrança. Depois me calo, a inquietude da contagem regressiva me toma a voz.

Inevitável reprise no filme que passa por aqui. Quantas vezes poderia eu ter traçado outro destino. Quantos erros paguei com lágrimas e quantas virtudes me trouxeram nos olhos outras lágrimas. Quantos gritos, quanto sufoco, quantas reviravoltas meu incansável coração valente buscou. Quantos em mim acreditaram, de mim duvidaram, por mim se aventuraram. Quantos amigos eu tenho e amizades que fiz nascer, crescer e fortalecer. As brigas que causei. Quantos amores nasceram ou morreram através de mim. Quantas vidas entrelaçadas a minha e quantas outras apenas por minha causa.

Não nasci ontem. Não morrerei amanhã. Há mais vida em mim que no céu azul. Só não há mais velinhas no meu bolo que no de Oscar Niemeyer, já centenário. Eu sou eu, tu, nós... Eles não são. Vibrante, intenso, vermelho, colorado. Sou o gigante que mora na beira do rio, onde o sol se curva. Estou aqui e em todas as partes. Eu sou o Saci, o Fanático, o Corneta, o Gringo, a Prenda, o Gaudério, o Fernando, a Glória do Desporto Nacional. Completo noventa e nove anos amanhã e não vim ao mundo a passeio.
Eu, essa nação:
Sport Club Internacional.