Escrito por Daniel Chiodelli
Primeiramente gostaria de cumprimentar a todos que participaram do Mata-Mata. Foram vários temas e formas de abordá-los, todos interessantes e instigando o debate em altíssimo nível. Dá gosto de ver tantos colorados debatendo sua paixão de forma tão inteligente e articulada. A parceiria é forte!
O Mata-Mata é legal porque você escreve no anonimato. Você não é votado, mas sim o seu texto. Pra mim, foi uma honra e um privilégio ter minhas palavras publicadas aqui. O público é qualificado e, por conseqüência, a banca julgadora também. Platéia difícil!
Bueno, permitam que eu me apresente. Nasci em agosto de 1976. Sou gaúcho do interior, do município de Pinheiro Machado - http://pt.wikipedia.org/wiki/Pinheiro_Machado_(Rio_Grande_do_Sul). Em 81, fui morar em Cascavel/PR, terra de muitos gaúchos e, é claro, de muitos colorados. Foi lá, no oeste paranaense, que assisti pela televisão ao gre-nal do século e a Inter x Olímpia em 89. Em 90, fui morar em Caxias do Sul. Em 92, vim duas vezes ao Beira-Rio. Vi o “Gato” Fernandez pegar dois pênaltis contra o rival e, depois, vi Célio Silva chutar a bola e o chão contra o Fluminense. Em 94 vim morar em Porto Alegre, onde cursei a faculdade de Direito. Em 99, comecei a trabalhar como servidor público federal. Em 2003, mudei-me para Uruguaiana, retornando à Capital em 2004, quando me tornei sócio do Inter. E, agora, aqui estou.
O que me leva a escrever, além do gosto pelo difícil exercício da língua portuguesa, é o meu sentimento pelo Inter. Ser colorado pra mim é mais que torcer por um time de futebol, é uma questão de identidade cultural. É identificar-se com o clube e tudo aquilo que ele representa não só no contexto esportivo, mas também sócio-cultural gaúcho, brasileiro e mundial. É ter orgulho não apenas das conquistas do time, mas também da forma como elas foram construídas dentro e fora de campo. É ter ídolos por aquilo que eles fizeram nos gramados, mas também porque seguiram honrando o manto vermelho e o povo colorado após pendurarem as chuteiras.
No Mata-Mata, procurei expor o que penso sobre o momento atual do Inter. No primeiro texto, “Investindo na Auto-Estima”, fiz uma leitura resumida do time e do clube. No segundo, “Meu Amigo Eliseu”, brinquei um pouco com algumas das diversas faces do torcedor. O Eliseu é inspirado em alguns amigos, um pouco no “trio corneta”, mas também tem muito de mim nele. Daniel e Eliseu são meio como Jeckil e Hyde. Por fim, “Rei Vitório I” (muito provavelmente escrito pelo Eliseu) traz uma leitura da figura centralizadora do nosso atual presidente. Píffero faz parte do projeto político vitorioso dentro e fora de campo que chegou ao poder no Inter em 2002, mas suas características pessoais, às vezes, me preocupam.
A partir de hoje, será realmente um grande prazer poder escrever aqui! Para mim, isto é um grande título! Digo isso porque meus maiores títulos na vida, depois do maior de todos que é a paternidade, são as inúmeras amizades que constituí. Pois, agora, espero erguer mais uma porção de taças.
Entretanto, pra não dizer que não falei de flores nesta minha primeira participação "oficial", contarei uma breve história para abordar um dos temas preferidos aqui no BV: Abel Braga.
Após o trágico Brasileirão de 2005, tão logo Abel foi anunciado como novo técnico colorado, resolvi contrariar a lógica: botei na cabeça que iria dar certo. Apesar de todo o seu currículo de “vices” aliado ao histórico de “quases” do Inter, achei que algo como associar a Teoria do Caos à Lei de Murphy poderia funcionar. Sei lá, tipo, menos com menos dá mais, sabem? Mas, por mais que eu tentasse criar uma explicação mirabolante para acreditar no improvável, eu enlouquecia com os times que ele escalava e com as suas três substituições por jogo. Ele sempre faz as três, já repararam?
Só que, afora o Gauchão de 2006, o Abel, que já tinha feito uma baita campanha na primeira fase da Libertadores, determinando o segundo jogo dos mata-matas sempre em casa, não parou mais de ganhar. Pois foi aí mesmo que resolvi criticá-lo pra valer. Já não mais por convicção, mas por pura superstição. E não é que funcionou!
Só que no ano passado eu não conseguia mais fazer isso. Eu tava feliz demais! Não tava nem de ressaca, eu ainda estava bêbado! Mas agora já passou. Então veio o jogo contra o Caxias neste fim-de-semana. Quando vi a escalação do Inter, surtei! Começa o jogo, o Marcão é expulso e nada do Abel mexer no time no primeiro tempo. Veio a segunda etapa, Nilmar é substituído pelo Roger e eu quase entrando pela televisão. Resultado: Caxias 0 x 1 Inter.
Portanto, resolvi adotar novamente meu rito supersticioso de 2006. Vou descer a lenha no Abel desde já. Nem sei que time ele vai inventar para amanhã, só sei que é loucura total, sandice completa, doideira absoluta! Dele? Não sei. Mas minha é, com certeza. Afinal, de técnico de futebol e de louco, todo mundo tem um pouco.
Mas, enfim, se é pra ser louco, que seja por futebol, que seja pelo Inter, assim como eu sou: igualzinho a vocês!
Baita abraço a todos!