Trocar de técnico, depois de iniciada temporada, é sempre difícil. O time tem que se adaptar a um novo projeto e os resultados levam seu tempo para refletir o novo trabalho. Porém, de quatro em quatro anos o calendário dá uma forcinha pra quem decide (ou precisa) fazer a troca. E cá estamos, em ano “bi-sexto”. Foi-se o Passat e veio Gol.
E por falar em ano de Copa, apesar das recordações apaixonantes de quatro anos atrás, qualquer comparação não passa de forçada coincidência, diante da mudança de técnico. E também, quer saber, já era tempo de cessarem os flashbacks. Tá na hora de imaginar outra narrativa.
A nova história conta que o regional ficou para os parentes. Tá, eu sei, em 2006 também. Mas dessa vez o caneco foi com chope aguado pro lado de lá do muro. E ninguém aqui sofreu mais com esse título, do que com o fato de não saber de cor, até o momento, os onze titulares do Inter.
Isso porque, depois da estréia contra o Emelec, 2x1 no Beira Rio, aconteceu o empate no Equador. Aquela coisa toda... no esquema do regulamento.
Aí o Walter se escondeu pra comer cachorro-quente em paz. Houve o jogo em Rivera e a invasão colorada. Espetáculo da torcida e, outra vez, nada dentro de campo. Mandaram fabricar mostarda e catchup light pro gordinho, que voltou a todo vapor. Jogo de volta e guardamos 2x0.
Então, quando se esperava que o ataque desencantaria, novo empate medonho em Guayaquil. Depois teve o jogo de volta, contra o Deportivo Quito e Giuliano fez um belo gol no finalzinho, que definiu o próximo adversário: Banfield, da Argentina. No pequeno encrenqueiro estádio Florêncio Sola, depois da injusta expulsão de Kleber, fomos vencidos por 3x1. E foi nessa derrota que a Libertadores começou a esquentar.
Em casa, matamos o jogo em 2x0. Gols de quem tá ali pra isso: Alecsandro e Walter. Parecia que o time estava se encontrando e o técnico, se rendendo às preces e fatos que derrubavam seus argumentos. Veio o Estudiantes, último campeão, experiente. No Beira Rio foi goleada de 1x0 e se os primeiros noventa minutos foram dureza, o que nos diriam os outros noventa, em Quilmes, com Verón na veia.
Taí algo que fez da teimosia de Fossati a sua missão no Inter. Tivesse o time jogado com Walter desde o início, quem sabe o placar se construísse menos cardíaco. É bem verdade que nenhum cenário ou formação criariam jogo fácil contra a equipe vitoriosa de La Plata. E também é certo dizer que os dois gols foram “achados” no brilhantismo de seu craque e oportunismo do gandula. Mas a demora na busca do nosso gol se deu, novamente, pela ausência de um atacante.
E a convicção irredutível acabou resultando no mais estrondoso grito que a torcida, comissão técnica, diretoria e jogadores colorados ecoaram, unidos, até o presente momento de 2010. Em meio à angústia no relógio dos (eternos) crédulos e fumaça na festa dos apressados, incrédulos, o gol de Giuliano produziu de maneira íntegra, impulsiva e honesta, o mesmo espírito. Este sim, quando se repete, dá o indício.
A nova história da Libertadores está sendo escrita desse jeito, diferente da primeira, talvez mais enigmática, inconstante. E que seja distinto. Jorge Fossati, mesmo sem saber (ou querer), teve a simbólica tarefa de despertar no inconsciente coletivo o que é genuíno de campeão, algo que embala no sonho e desperta no grito.
Obrigada Fossati, pelo valor poético daquele 361 - yo si, lo se reconocer. Segue teu caminho, enquanto descrevo a trajetória sinuosa pela qual não sei exatamente como vamos passar e que, no entanto, conheço o fim.