quarta-feira, julho 30, 2008

20 1974 - 100% Colorado


No início do campeonato gaúcho de 1974, o time base colorado era: Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Pontes e Vacaria; Falcão e Carpegiani; Valdomiro, Escurinho, Claudiomiro e Lula. Este foi o time que entrou em campo, contra o Atlético de Carazinho, em 4 de agosto de 1974. Mas poucos presentes ao estádio poderiam supor que estavam vendo o início da melhor campanha de um campeão gaúcho em todos os tempos.
Sem um campeonato de segunda divisão organizado, o campeonato gaúcho de 1974 começou a ser montado em 1973, quando classificaram-se os 12 primeiros colocados da Copa Governador do Estado: Armour, Caxias, Santa Cruz, Atlético, Esportivo, Encantado, Novo Hamburgo, Internacional SM, São José, São Luiz, Gaúcho e Ypiranga. Pela Copa Cícero Soares classificaram-se o Riograndense RG e Pratense.

Estas 14 equipes disputaram uma 1ª fase, sem a dupla Gre-Nal, classificando-se para a fase final os 8 melhores: Caxias, Santa Cruz, Atlético, Esportivo, Encantado, Internacional SM, Gaúcho e Ypiranga. A fase final seria disputada em dois turnos, com ambos os campeões fazendo a final.

Campanha colorada no 1º turno:

04.08 1x0 Atlético - F - Lula
11.08 5x1 Santa Cruz - C - Claudiomiro (2), Valdomiro, Carpegiani e João Ribeiro
18.08 2x0 Ypiranga - F - Figueroa e Claudiomiro
25.08 4x0 Esportivo - C - Claudiomiro, Escurinho, Valdomiro e Cláudio Duarte
01.09 2x0 Encantado - F - Escurinho e Ademir (contra)
08.09 1x0 Caxias - C - Escurinho
15.09 1x0 Gaúcho - F - Valdomiro
22.09 4x0 Internacional SM - C - Claudiomiro (2), Borjão e Adílson (contra)

E chega a vez do Gre-Nal. O Grêmio estava dois pontos atrás, pois havia empatado em 3x3 com o Encantado, na estréia, em pleno Olímpico (chegou a estar perdendo por 3x0), e depois ficou no 0x0 com o Esportivo, em Bento.

29.09 Estádio Olímpico

O Internacional jogava pelo empate para ganhar o 1º turno do campeonato. Na 1ª etapa, o Grêmio pressionou mais, favorecido pelo vento, mas na única jogada de perigo que criou, Figueroa desarmou Iúra antes da conclusão. Do lado colorado, Lula desperdiçou duas chances de gol. Na 2ª etapa o Internacional tomou conta do jogo. Adiantando a marcação, Figueroa e Pontes liquidavam os ataques gremistas no meio de campo. Cláudio Duarte e Vacaria passaram a apoiar com frequência, e Falcão, o melhor em campo, comandava o time. A defesa gremista perturbou-se, e Beto Fuscão (de grande atuação) teve de pedir calma a Ancheta. Pressionado em seu campo, a única chance de gol gremista ocorreu em uma cabeçada de Dionísio, defendida por Manga. No finalzinho da partida, Escurinho aparou um cruzamento de Vacaria, cabeceando para baixo, e marcando o único gol do clássico. Foi um Gre-Nal bastante disputado, com 54 faltas e 6 cartões amarelos.

INT: Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Pontes e Vacaria; Falcão e Paulo César Carpegiani (Tovar); Valdomiro, Escurinho, Sérgio Lima e Lula

Técnico: Rubens Minelli

GRE: Picasso; Cláudio, Ancheta, Beto Fuscão e Jorge Tabajara; Carbone, Torino e Iúra; Zequinha (Dionísio), Tarciso e Loivo

Técnico: Sérgio Moacir Torres

Com a vaga na final assegurada, o Colorado foi para o returno, com tudo zerado. Mas Claudiomiro, às voltas com problemas de peso (estava 10 quilos acima do peso ideal) não era mais o titular. Sérgio Lima o havia substituído, mas seguidamente dava lugar a Tadeu. O Colorado não havia encontrado seu centroavante certo.

06.10 4x0 Gaúcho - C - Escurinho (2), Sérgio Lima e Manga
13.10 1x0 Esportivo - F - Figueroa
20.10 3x0 Ypiranga - C - Sérgio Lima, Escurinho e João Ribeiro
27.10 2x1 Internacional SM - F - Escurinho (2)
03.11 3x0 Encantado - C - Borjão, Vacaria e Lula
10.11 1x0 Santa Cruz - F - Sérgio Lima
17.11 4x0 Atlético - C - Sérgio Lima (2), Borjão e Betinho (contra)
24.11 3x0 Caxias - F - Escurinho (2) e Sérgio Lima

E chegamos novamente no Gre-Nal. Desta vez o Grêmio também tinha 100% de aproveitamento. Se o rival vencesse o returno, teríamos uma final. Se o Colorado vencesse, seria hexacampeão gaúcho.

01.12 Estádio Beira-Rio

O Grêmio começou pressionando. Iúra caía na ponta-direita, confundindo a marcação de Falcão e Vacaria. Tarciso lançava-se na esquerda, em cima de Cláudio Duarte, apenas parcialmente recuperado de uma lesão no tornozelo. Aos 17' do 1º tempo, Carlos Alberto ficou livre, na cara de Manga, mas o goleiro salvou. Aos 29', Iúra e Carlos Alberto foram tabelando quase até o gol colorado. Aos 40', Manga fez um milagre em chute de Luís Carlos. O Colorado estava tão perdido em campo que Falcão fez 5 faltas nos primeiros 10 minutos de partida.

A única conclusão colorada foi um chute de longe, de Lula. Mas no intervalo o Internacional mudou. Falcão e Vacaria acertaram a marcação, e Carpegiani passou a apoiar, e não apenas marcar. Mesmo assim, aos 13' Carlos Alberto acertou a trave colorada. Porém, esta foi a última chance gremista. O Internacional começou a tomar a iniciativa do jogo. Aos 20', Claudiomiro, mesmo fora de forma, entrou no lugar de Sérgio Lima, melhorando o time, pois passou a tabelar com Valdomiro e Lula, desorientando a zaga gremista. Aos 25', após uma confusão na área gremista, Ancheta cortou de cabeça, mas a bola caiu nos pés de Valdomiro, que mandou um foguete para as redes: 1x0. O estádio explodiu de alegria. Sérgio Moacir Torres tentou reagir, colocando Dionísio no lugar de Iúra, mas era tarde. Carpegiani entortava os meias tricolores com seus dribles. Aos 31', Valdomiro cobrou uma falta no poste.

Poucos minutos depois, Picasso fez milagre em cabeçada de Escurinho. O tempo foi passando sem que o Grêmio ameaçasse a conquista colorada. Quando Agomar Martins apitou o final da partida, torcedores colorados invadiram o gramado para comemorar. O grande time dos anos 1970 começava a mostrar sua força, ao igualar o hexacampeonato do Rolo Compressor.

OBS: A foto de abertura é de autoria de Pedro Luiz, colorado que está fotografando matérias da revista Placar sobre o Internacional desde os primeiros números, e disponibilizando-as na internet.

20 Comentários:

Fábio Mota disse...

Baita post Raul!!!
Sempre achei interessante essa história do Gauchão 100%.

Só pra informar, Daniel Carvalho já chegou!!!!

cjr-sp disse...

Belo Post Raul.

Agora, se puderes, diga para os mais jovens aqui do blog que esse time aí com 8 em campo tocaria uns 3 a zero no Ipatinga.....hehehe.

Em 74 já eramos para sermos campeoes brasileiros, pois fomos garfados na semifinal pelo vasco senao me engano que já tinha o campeonato brasileiro comprado...tanto que fizeram o cruzeiro perder o mando da final e jogaram a final no RIO....

Mas enfim, o nosso time de 74 ja era perfeito. senao perfeito, beirando a perfeiçao.

sds.

tela disse...

E no oitavo dia deste ano eu estava abrindo os olhos para este mundo e meu pai que tinha um conjunto musical na época estava gravando um Disco Compacto (aqueles que tinha uma música de um lado e uma música do outro) em homenagem ao Gigante da Beira-Rio com a participação adivinhem de quem: Paulo Santana .. hahaha.

Abraços.

Cleber_Tapes/RS disse...

muito legal essa história.....

sempre é bom recordar

e da mais vontade ainda do tão sonhado museu...

e tipo assim...

no museu poderia ter uma sala tipo um cineminha passando esses jogos né, com uma narração do do jogo que era muito ruim, mas uma narração discrevendo os jogadores os lances as partidas.... essas coisas.

mas como dizem os cornetas aki

Gauchão não vale nada.....

hahahahahaha

O Alex foi o craque do Gauchão esse ano, fazendo belos gols e ótimas partidas....

será que em 2058... terá um blog, falando no gaúchão de 2008....??

onde o Inter jogo pra carvalho...? e meteu um 8 a 1 na final???

será ???

porque hoje isso não tem valor pra alguns né.... mas isso pode ser como moéda.....

tem que invelhecer pra ter valor...

Marcelo Tiarajú disse...

Muito bom Raul!
Aquele que não conhece sua história está fadado a não ter futuro!

Valeu!

Cleber_Tapes/RS disse...

um OFF.

alguém aki ja comprou ingresso pelo site

ingresso.com??

como funciona, depois de comprar tu imprime um recibo e retira o ingresso na bilheteria do BR?

geoband disse...

Muito bom post. Parabéns mais uma vez, Prof.º Raul.

Led ZepellInter!!!!

Valter Aczel disse...

Realmente foi uma campanha irreparável.

Com relação a gauchão, era outra época. Quando nenhum clube tinha ganho nada fora do RS, é claro que pelo menos mandar em casa era motivo para grande comemoração, mas hoje, onde as conquistas alcançadas pela dupla são muito maiores, o nosso "ruralito" perdeu importância, o que é natural. Talvez quando o futebol gaúcho, e aqui estou falando de outros clubes do estado, alcançar maior notoriedade, com mais um clube na serie A, que pode ser o Juve e clubes na série B, como o Caxias e o Brasil-PE, os clubes de Poa menores, como o Zequinha, o Cruzeiro e o Porto Alegre estiverem na série A do Gauchão, recupere seu prestígio e volte a ser valorizado.

Parabéns Raul, por mais um capítulo contado da história do nosso Glorioso.

p.s. Vamos pra cima do Peixe, com a dupla sub-20... Oremos...

Almilano disse...

Prof. Raul mais uma vex parabéns pelo post, como é bom relembrar a história do nosso glorioso.

E veio o hepta, e o octa...

Fabiano- POA-Germany disse...

Belo post Raul! Fico com uma inveja de quem viveu essa época, devia ser lindo mesmo!!! E conheco a maioria destes jogadores ao vivo de ir nas excursoes pelo estado pelos veteranos do Inter com meu pai.
Saudacoes

ivair disse...

Eu tinha 8 anos na época e fui a quase todos os jogos no Beira-Rio. Foi inesquecível, principalmente o Gre-Nal final. Também marcou por ter sido o primeiro Gre-Nal que assisti no Olímpico. E uma lembrança adicional: como os tempos eram outros, eu, meu pai e um amigo dele assitimos a esse Gre-Nal nas sociais(!!!) do Olímpico, atrás do gol onde hoje fica a Geral. Inclusive com as tradicionais almofadinhas vermelhas! Impensável hoje em dia,
não?
Parabéns, Raul, grande texto (como sempre)!
Ivair
PS: no Blog do Alberto Helena Jr tem um post de hoje falando sobre o grande Rubens Francisco Minelli e, como não poderia deixar de ser quando se fala de Minelli, do grande Inter de 75/76. Vale a pena ler.

geoband disse...

OFF

Motivos:

# Teremos Dále e DC nas tribunas assistindo o jogo.

# Será a primeira vez de Dále no BR.

# O time do Santos é um dos grandes do futebol nacional. Clássico!

# Os peixes vem com espírito renovado após a goleada sobre o vaxco.

# Possuem um matador lá na frente, bem como Maycon Leite (acorda TT, o Marcão vai perder ele de vista!) e Eller na zaga.

# O treinador deles é gaymista.

# NÃO podemos perder pontos em casa.

# O jogo será duro, e a torcida sempre exerce papel importante nessas empreitadas.

# Afinal, o Gigante é o inferno ou não é?

Por isso conclamo à todos os colorados se fazerem presentes no BR. Precisamos ganhar, precisamos dar as boas vindas aos contratados e PRECISAMOS FAZER UMA BELA FESTA, p/ mostrar qual é o tipo do ambiente do Gigante em dia de jogo.

TODOS AO GIGANTE P/ EMPURRAR O COLORADO!

Ah, TT saca o Marcão do time, por favor...

Nelson - CONVERGÊNCIA COLORADA disse...

Grande post Raul:

Eu era um rapá de 20 anos e fui em quase todos os jogos daquele campeonato...

A inveja mata, Fabiano, eu fui aprendendo desde aquela época, aprende comigo.............huauauauaua

Cleber, naquela época Gauchão era LA quem ganhava, ganhava o ano, ou era 100% ou ZERO !

Tudo era diferente, ou ias ao campo ou ´imaginava` pelo radinho de pilha, VT só às 23:30 hs, sem melhores momentos, câmeras em vários angulos ou replay, piscou ? Já era....

Ou o cara via ou não via !

col disse...

Excelente. Infelizmente nao vi jogar.

Marco disse...

Raul,

voltei à minha infância, nesta época já tinha TV a cores, não eram mais tons de cinza na telinha.

Timaço, jogava sério contra todos e ganhava.

Mas, hoje estou em Espírito Olímpico e, aproveitando o post polêmico do Louis de ontem, declaro:


WAZARY, NILMAR!
IPPON, GUIÑAZU.

Hoje, contra o peixe, a molecada Colorada vai provar que sabe pescar, ou os cornetas pedófilos (adoram a molecada das bases, hehe) se calarão.

Aposto na primeira hipótese:, cardápio da noite:

Entrada: Sashimi, pelo Sushiman Valter da Silva.

Prato Principal: Moqueca gaúcha, pelo Chef Guto.

Sobremesa: Chocolate (prá mim, 3x0 é chocolate), por Chef Guto.

Cleber_Tapes/RS disse...

tomara marco....

vamos torçer muito pra isso

mas acho que não vai ser fácil

principalmente com esses ..

Marcão, Edinho e Andrezinho

tres nabas

os outros vão ter que jogar muito pra ganhar

Raul Pons disse...

Mais algumas informações:

Jogadores que atuaram no campeonato:

18 partidas
Manga (goleiro)
Figueroa (zagueiro)
Pontes (zagueiro)
Falcão (volante) foi substituído em 1 partida
Valdomiro (atacante) foi substituído em 1 partida
Lula (atacante) foi substituído em 2 partidas
17 partidas
Cláudio Duarte (lateral) foi substituído em 1 partida
Vacaria (lateral) foi substituído em 1 partida
Escurinho (atacante) foi substituído em 6 partidas
16 partidas
Paulo César Carpegiani (meia) foi substituído em 3 partidas
12 partidas
Sérgio Lima (atacante) foi substituído em 5 partidas, entrou no time em 2 partidas
10 partidas
Claudiomiro (atacante) foi substituído em 3 partidas, entrou no time em 2 partidas
7 partidas
Tovar (volante) entrou no time em 5 partidas
4 partidas
Borjão (meia) entrou no time em 3 partidas
3 partidas
João Ribeiro (atacante) entrou no time em 3 partidas
Tadeu (atacante) entrou no time em 3 partidas
Hermínio (zagueiro) entrou no time em 3 partidas
2 partidas
Dorinho (meia) entrou no time em 2 partidas
1 partida
Valdir (lateral)
Édson Madureira (lateral)

Artilheiros:
Escurinho - 11 gols
Claudiomiro e Sérgio Lima - 6 gols
Valdomiro - 4 gols
Borjão - 3 gols
Lula, João Ribeiro e Figueroa - 2 gols
Paulo César Carpegiani, Cláudio Duarte, Vacaria e Manga - 1 gol
Gols contra:
Ademir (Encantado), Adílson (Internacional SM) e Betinho (Atlético) - 1 gol

Almighty disse...

Só uma pergunta, no primeiro jogo do returno, contra o gaúcho, ali aparece gol do Manga. ta certo isso?

Raul Pons disse...

Almighty:

Tá certo.

O Manga marcou de pênalti. E foi uma confusão. Carlos Alberto, goleiro do Gaúcho, achou que era humilhação levar gol de goleiro, e tentou convencer Manga de não bater. Os outros jogadores do Gaúcho reclamaram para o árbitro, que disse que não havia nenhuma proibição ao goleiro cobrar. No fim, chorando, Carlos Alberto nem tentou defender o pênalti, muito mal batido, no meio do gol e fraco (quase o goleiro defende de calcanhar, quando saía do gol). Alguns dias depois, Manga voltou a cobrar um pênalti, num amistoso contra o Guarany de Garibaldi, e perdeu. Depois disso, "Manguita Fenómeno" não voltou mais a arriscar-se em penalidades.

Julio.Colorado em Sampa disse...

Muito legal Raul.
Curti todas essa vitórias pelo rádio.

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