Tarde de uma segunda-feira normal, 15:00. Domingo de clássico gre-nal, 13:00. Quarta-feira, dia de jogo decisivo na Libertadores. Em comum, o local de encontro, a chamada “parada obrigatória”, a visita que colorado nenhum pode deixar de fazer.
Logo na entrada, a fascinante e rica história colorada. Perfil dos fundadores, contexto histórico, ideais. Objetos como o primeiro uniforme, fotos de reuniões e de momentos importantes, vídeos, bem como qualquer tipo de registro que remonta à criação do clube.
Tal qual uma linha do tempo, década a década é registrado os fatos e as decisões que somadas, levam o clube a ter milhões de seguidores e se equiparar a muitos casos a uma religião, uma seita.
Ali, o torcedor entende como nasce uma paixão, o que motiva e o que alicerça um clube. Entende a identificação do clube, e a sua própria com o colorado.
O mesmo torcedor quase perde o fôlego quando adentra no espaço destinado aos grandes esquadrões que já vestiram o manto rubro. Timaços, verdadeiras seleções que se não foram vistas por todos, ao menos no imaginário de todos ainda desfilam no Beira-Rio. Ainda mais quando o torcedor pode ver gols como a tabela de cabeça contra o Atlético-Mg na semifinal do BR76, reviver o gol de Tinga na final da LA 2006, vibrar com o gol iluminado de Figueroa contra o Cruzeiro e muitos outros.
Documentários e entrevistas também se fazem presentes, fazendo com que a máxima de “recordar é viver” emocione e arrepie. Jornais de época estampam as paredes, e o torcedor é tomado pela singela sensação da história estar sendo originalmente escrita ao invés de meramente lembrada.
O sagrado manto colorado… Uma seção com todos os modelos assinados pelos jogadores que trajados, ostentaram nosso orgulho farrapo através daqueles uniformes. Ali o torcedor poderia adquirir uma réplica do modelo que desejasse e com seu nome e número nas costas.
A história do clube se faz através dos seus resultados de campo, suas glórias e suas jornadas memoráveis. Os atores principais, no caso os jogadores, também têm um espaço especial, com réplicas de cera em tamanho real (estilo Madame Tussaud). Ali concentra-se uma constelação de craques de fazer inveja: Bodinho, Larry, Figueroa, Carpeggiani, Falcão, Valdomiro, Tinga, Fernandão, Manga, Fernando Carvalho… O visitante inclusive vota no próximo ilustre colorado a ser eternizado.
Destaque especial também tem a imensa e reluzente sala de troféus, símbolo máximo da grandeza do clube. Nada como tirar foto com as taças e adquirir réplicas das nossas conquistas.
O torcedor feliz é um potencial investidor. Seja de uma associação ou de qualquer aquisição, por menor que seja. No final, o marketing muito bem explorado. Uma seção com DVDs de jogos históricos, souvenirs, produtos licenciados de todos os tipos, e para todos os gostos. Em dias onde não haja jogos, o torcedor pode adquirir paralelamente um tour pelo estádio, conhecendo a morada do campeão do mundo em cada detalhe, e podendo sentir a forte emoção de reviver os passos de seus ídolos, subindo do vestiário, desembocando no campo e até mesmo batendo pênaltis ou participando de qualquer promoção que o valha.
Confesso que não tenho ideias da viabilidade de tal projeto (ao menos dessa magnitude), projeto este que é o tão sonhado museu colorado. Mas não imagino um colorado que não gostaria de reviver os momentos históricos do seu clube, sempre projetando uma nova história a ser escrita, tão exitosa quanto a que já foi traçada.
A informação existente, inclusive com divulgação no site colorado, é que no ano de nosso centenário, em parceria com a Reebok, o museu sairá do papel. Mais do que uma oportunidade de fortalecimento do clube e da marca, surge também a chance de ingressar num mercado pouco explorado no Brasil e consequentemente captar preciosos recursos.
Nunca esquecendo que clube sem memória, nada mais é que um clube menor do que realmente podia ser.