terça-feira, julho 15, 2008

24 Alegorias e Adereços

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Com a conquista do título brasileiro de 75 surgiu o primeiro adereço sobre o escudo na camisa de jogo: a estrela. Com o bi, em 76, veio a segunda e com o tri invicto, em 79, a terceira estrela, acompanhada de um ramo de louros verde que, mais tarde, sairia da camiseta.

Em 92, um título de menor importância voltou a bordar mais uma estrela na camisa colorada: a Copa do Brasil. Embora tenha sido uma edição atípica da competição, na qual o Inter teve que vencer Corinthians, Grêmio, Palmeiras e Fluminense até sagrar-se campeão, sempre entendi que a quarta estrela mais diminuía as conquistas anteriores que enaltecia o título recente. Botaram um petiço no meio dos cavalos como se todos tivessem a mesma altura, ou seja, depreciaram o lote.

Então veio a Libertadores de 2006 e, com ela, uma estrela maior, centralizada e um pouco acima das outras quatro. Até que não ficou feio, mas convenhamos que já era muito adereço.

Ao vencer a Copa do Mundo de Clubes, imaginei que o clube poderia adotar o mesmo que as seleções nacionais, uma estrela por mundial, mas isso não ocorreu. Eis que surgiu a sexta estrela, acima da referente à Libertadores e ainda por cima na cor cinza. Poluição visual pra ninguém botar defeito.

Em junho de 2007 viria a Recopa que, conquistada em seqüência, após Libertadores e Copa do Mundo, deu ensejo à simbólica Tríplice Coroa. Nada melhor que tal comenda para que o Presidente Píffero suprimisse a constelação assimétrica e colorida da camisa para bordar sobre o escudo do clube uma pomposa e rebuscada coroa, que mais parece refletir sua personalidade que, propriamente, a tríade de títulos internacionais. Curiosamente, junto com a coroa veio um ramo de louros, só que desta vez, abaixo do distintivo e na cor cinza, talvez por causa de alguma geada do rigoroso inverno do ano passado.

Tamanha foi a rejeição à nova alegoria agregada ao símbolo que houve declarações de representantes do clube em rádios locais, dando conta de que a coroa seria apenas um adorno de transição para que o escudo do clube voltasse a aparecer sem mais nenhum adorno na camisa de jogo neste ano. Já estamos em julho e lá segue a coroa na camisa.

Esse carnaval sobre o símbolo máximo do clube, fez com que haja hoje, uma verdadeira bagunça de alegorias e adereços nos espaços físicos e nos materiais oficiais do Inter. No estádio há placas apenas com o distintivo. Nos letreiros de Campeão do Mundo há coroas e ramos. Na capela há estrelas. Na central do sócio e na loja do clube, também. E, há poucos dias, até a bandeira do clube tremulava com quatro estrelas.

Menos mal que, aparentemente, o belíssimo distintivo colorado voltará a aparecer novamente sem adornos na camisa de jogo. Ao menos no topo da página inicial do site do clube e nos anúncios de publicidade mais recentes, já é assim que o escudo aparece. Coincidência ou não, isso ocorre concomitantemente com o retorno de Fernando Carvalho ao Inter. O que mostra, também, que quem é rei não perde a majestade e que bobo da corte nunca será monarca, ainda que se sente no trono e use coroa.

Sei que o tema em tela não passa de perfumaria, não ganha jogo nem levanta taça. Mas acho que já está na hora do clube estabelecer um padrão quanto a isso. Afinal de contas, o baile do centenário está chegando e os convidados querem saber que tipo de flor deverão usar na lapela: um cravo ou um girassol.

Baita abraço a todos!