A primeira partida que lembro de ter assistido foi a do bicampeonato brasileiro, em 1976. São lembranças vagas. Recordo mesmo do gol de falta do Valdomiro e da festa da torcida (eu morava em Porto Alegre, na época). Batemos o Corinthians por 2x0.
A final de 1977, entre Atlético MG x São Paulo, eu assisti, mas tenho menos lembranças, ainda. Daquele ano de más lembranças futebolísticas, recordo apenas do salto mortal desastroso de André Catimba, na decisão do Gre-Nal, e da agressão do são-paulino Chicão em Ângelo, do Galo, solenemente ignorada pelo árbitro.
Em 1978 as lembranças são mais vivas. A Copa na Argentina, e o fiasco do Peru. A semifinal do Brasileiro, quando fomos eliminados pelo Palmeiras, e a decisão do Gauchão, em um jogo-extra, quando Valdomiro liquidou com a carreira de Corbo, goleiro gremista. Na final do Brasileiro, inesquecível foi o pênalti bobo cometido por Leão, que deu um “cascudo” em Careca, após defender um cruzamento. Foi expulso e o ex-colorado Escurinho acabou no gol.
O ano de 1979 começa com um bloqueio: não consigo lembrar do Gauchão daquele ano. Em compensação, o Brasileiro é rico em recordações felizes: o Gre-Nal, a vitória sobre o Cruzeiro, no Mineirão, as semifinais, contra o Palmeiras e as finais, contra o Vasco. Nunca vi um atleta jogar tanto quanto Falcão, na vitória de 3x2 sobre o Palmeiras, em São Paulo.
A temporada de 1980 era para ser consagradora! No campeonato brasileiro, uma campanha excelente, que terminou de forma trágica, naquela derrota para o Atlético, em pleno Beira-Rio. Um resultado surpreendente, como a derrota na estréia, para a Itabaiana. Na Libertadores, outra boa campanha, que termina em fracasso: o radinho de pilha cheio de estática chegou a me alegrar, quando consegui decifrar que a partida estava 1x0 para o “zzz..acional”. Infelizmente, logo lembrei que o adversário tinha um nome parecido. Mas já era tarde, já havia provocado todos os primos gremistas que estavam na casa da minha avó, local de reunião da família, quando eu morava no interior. No campeonato gaúcho, assisti pela TV o Internacional perder o título sem perder Gre-Nal.
Em 1981 começava uma época difícil. Falcão já não vestia mais o manto rubro. Lembranças boas foram a grande atuação de Batista, no massacre sobre o Verdão (6x0), e o gol de Silvinho no Gre-Nal decisivo do título gaúcho: Paulo Roberto está procurando o ponta colorado até hoje. Neste mesmo ano, pela primeira vez fui ao Beira-Rio, assistir um empate com o Bangu (0x0).
Do ano de 1982, lembro bem de uma derrota de virada, para o Flamengo, no Beira-Rio (3x2), que sepultou nossas chances no Brasileiro. Depois, a vitoriosa excursão à Europa, onde conquistamos a Joan Gamper. E no Gauchão, os 5 gols de Geraldão em 2 Gre-Nais. No Brasileiro, assisti minha primeira vitória no Beira-Rio: 2x0 no Brasília, gols de Geraldão e Roberto Lampião.
Em 1983, ficou marcado na minha memória o empate em 1x1 com o Sport, em Recife, que eliminou o Colorado, mesmo com a vitória sobre o Galo, na última rodada. Saímos atrás do marcador, empatamos, e tivemos boas chances de virar o jogo, mas ficou mesmo 1x1. No campeonato gaúcho, ganhamos o título sem muitas dificuldades, com uma rodada de antecipação.
O ano de 1984 marcou uma disputa caseira. O Brasil de Pelotas estava entrando na melhor fase de sua história, e meu pai, xavante doente, tornou-se o meu maior rival futebolístico. Criamos até um novo clássico, o Bra-Nal. No campeonato brasileiro, o Brasil ajudou a eliminar o Internacional, junto à Lusa de Tite e o Flamengo de Zico. A seguir, veio a conquista do Torneio Heleno Nunes. Começamos a campanha devagar, sem empolgar, mas levantamos a taça. Na esteira, o Internacional foi a base da Seleção Olímpica que pela primeira vez ganharia uma medalha. No campeonato gaúcho, perdemos as duas partidas para o Brasil, no hexagonal final, mas mesmo assim comemoramos o tetra, porque na penúltima rodada, enquanto perdíamos por 1x0 para os xavantes, em pleno Beira-Rio, o Grêmio levava 3x0 do Nóia, em Novo Hamburgo.
O décimo ano, 1985, marcaria o início de uma nova era sem títulos. E o começo até não foi ruim. O time começou o campeonato brasileiro de forma surpreendente: jogando as duas primeiras fora de casa, batemos o América no Rio (4x0) e o forte Corinthians, em São Paulo (1x0). Entre a 1ª e a 2ª fases, disputamos a Copa Bento Gonçalves. Depois de comemorar a eliminação do Grêmio, na semifinal, a surpresa: perdemos o título para o São Paulo de Rio Grande. Na 2ª fase do Brasileiro, chegamos na última rodada precisando vencer o Bangu, no Beira-Rio, para chegarmos à semifinal, mas perdemos por 2x1. Para piorar, tive de aturar o Xavante do meu pai eliminando o Flamengo e passando de fase. Finalmente, no campeonato gaúcho, perdemos o título no Gre-Nal decisivo: 2x1. Eu estava com 15 anos, e pela 4ª vez, desde que eu havia nascido, o Grêmio conseguia superar o Internacional.