sexta-feira, julho 11, 2008

72 Bunda Branca Produções (Parte 1)

72
Vou contar a breve história da maior produtora de pornografia do Rio Grande do Sul. Como surgiu, desenvolveu-se e seu fabuloso destino. Por sinal, hoje contarei apenas metade da história. A outra metade fica pra próxima sexta, dia 18. O que a história tem a ver com o Inter? Hoje, nada. Sexta que vem, talvez... Portanto, boa leitura e aguardem o que virá na próxima sexta, com a segunda parte. Bom final de semana a todos!

Carlos Roberto divertia-se em frente ao computador, vendo sabe-se lá o quê. Seu sorriso inadivertido denunciava um grau de satisfação único e seria tremenda desconsideração ordenar que fizesse o trabalho pendente naquele momento. Nem a bunda da estagiária Monique, que sacolejava gostosa de um lado a outro da repartição, fez com que Carlos Roberto desgrudasse os olhos do monitor.

Estudante de jornalismo, Monique era uma morena de cabelo preto escorrido que, quando preso,pendia-lhe como crina de cavalo, ou melhor, de potranca, porque Monique era mesmo uma potranca. Potranca em temperamento e potranca na concepção estética da coletividade masculina que predominava no setor. Todos queriam cavalgar naquela potranca. Carlos Roberto também, mas não exatamente naquele instante, pois agora todos os seus desejos pareciam canalizados tela adentro de seu computador.

Funcionário terceirizado da gráfica de um órgão público estadual, Carlos Roberto era responsável pela diagramação e impressão dos trabalhos solicitados pelos demais departamentos daquela instituição pública. Os estagiários do setor brincavam que Carlos Roberto era "Operador de Ctrl P"... Já trabalhava lá fazia uns cinco anos. Por isso, gozava do domínio total do serviço e de certa intimidade com Reginaldo, servidor público responsável pela gráfica e, logo, chefe de Carlos Roberto.

A gráfica contava ainda com estagiários encarregados pelas encadernações de documentos. Estagiários especiais, diga-se de passagem, visto que ocupavam vagas destinadas à integração social e profissional de pessoas com pequenos déficits mentais, como dificuldades de aprendizado na escola, entre outros. Logo, encaixavam-se nesse perfil o Rauph, mulato de olhos esbugalhados e que vivia a tocar pandeiro pelo setor; Fabrício "Pelêga", inicialmente apelidado de pelêgo, mas por algumas razões inexplicáveis tornou-se Pelêga. Também entre os "especiais" havia o pretinho Bolacha, pequenino e rechonchudo, que vestia-se como rapper americano, cheio de gestuais, dezenas de correntes e demais adereços típicos.

Entre os estagiários "normais", havia o Túlio no turno da manhã e João Pedro à tarde, ambos aprendizes de Carlos Roberto nas "delicadas" tarefas atinentes a um operador de "Ctrl P" do serviço público.
Carlos Roberto interrompe a própria concentração e chama o estagiário Túlio, a fim de compartilhar aquele momento sublime com algum colega de trabalho.
" Vem cá, vem cá! Quero te mostrar uma coisa... hehe" Diz Carlos Roberto em voz baixa.
" O que é?" Indaga Túlio.
" Dá uma olhada nisso!" Carlos Roberto inclina levemente seu monitor na direção dos olhos de Túlio, que postava-se em pé, ao seu lado.
"Minha nossa senhora! Tu é muito cara-dura, meu!!!" Exclama Túlio, para em seguida rir quase descontroladamente.

Aquela risada atraiu as atenções do restante do setor. Carlos Roberto logo se viu rodeado de gente, alguns em pé, outros puxando cadeiras. A atração vinha irresistível de seu monitor. E ele comprazia-se daquele momento. Reginaldo, o chefe, apenas atentava o furdunço dos "moleques" na distância confortável de sua cadeira, até que a coisa esquentou. Um alvoroço patrocinado por urros, risadas e expressões variadas fizeram com que finalmente Reginaldo se levantasse e se dirigisse até o epicentro do acontecimento. Carlos Roberto exibia um sorriso triunfal. Um videozinho rolava na tela de seu computador.
"Puta que pariu, Carlos! Se o diretor entra aqui agora eu tô fodido! Desliga essa porra!" Gritou Reginaldo.
"Calma, chefe! Fica frio." Carlos Roberto diminui o som e diz: "Olha essa parte..."
"Peraí, esse aí é tu?" Indaga Reginaldo.
"Eu mesmo!"
"E essa daí?"
"É uma "mina" paga."
"Poutz..." Reginaldo rende-se ao "apelo" do vídeo e puxa uma cadeira para si, também. Os estagiários abrem o melhor espaço pro chefe, deixando-o ao lado de Carlos Roberto.
"Dá pra voltar mais pro início?" Pergunta o chefe.
Aquela sessão de "cinema" prometia.

Carlos Roberto morava de aluguel numa travessa da avenida Farrapos e tornou-se voraz consumidor dos "produtos" que a noite da redondeza generosamente oferecia. Noite sim, noite não, ele arrastava para sua casa alguma prestadora de serviço da famosa avenida. Carlos Roberto tinha um grande "buffet" a céu aberto e não se furtava em degustá-lo. Mas Carlos Roberto sentia que podia incrementar aquela sua rotina noturna. Matutou algumas alternativas e comprou uma pequena câmera digital, cuja serventia lhe complementaria o prazer despejado nas putas.

Para Carlos Roberto a questão era bem simples: uma câmera na mão e uma idéia nas cabeças, nas suas duas "cabeças". Passou a gravar suas performances com as garotas de aluguel, sem que essas soubessem. Deixava a câmera cuidadosamente escondida na estante da sala, de modo que sua lente apontasse pro sofá onde realizava suas proezas sexuais. Daí, explica-se a sessão de "cinema" patrocinada por Carlos Roberto naquela manhã, na repartição.

Carlos Roberto era a estrela dos vídeos e os estagiários começavam a vê-lo como ídolo. Não acreditavam que estavam assistindo um videozinho pornô cujo astro principal era seu colega de trabalho. E Carlos Roberto parecia sentir mais prazer com isso do que com as garotas pagas.
As manhãs da repartição nunca mais foram as mesmas após o advento dos vídeos caseiros de Carlos Roberto.

Ele era o roteirista, diretor, ator e produtor de seus vídeos e as "atrizes" involuntárias cobravam preços acessíveis. Momentos de glória, de glória! Mas a gurizada já começava a contestar a qualidade das produções. Alegavam que as atrizes eram muito frias, que não haviam tomadas diferentes e já contestavam o próprio Carlos Roberto como ator pornô. Reclamavam também que a bunda branca do Carlos Roberto tomava conta das cenas. E eles não queriam ver sua bunda branca, queriam ver as garotas. A bunda branca do Carlos Roberto... Os olhos do Carlos Roberto brilharam: nascia ali a Bunda Branca Produções.