sábado, março 13, 2010

15 Previnir ou Reagir contra a Violência? II

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Confusão em estádio de futebol é sempre igual: ninguém sabe de quem é a culpa. Os graves e lamentáveis atos de violência ocorridos no Estádio Couto Peireira, do Coritiba, em 07/12/2009 não foram suficientes para produzir nenhuma mudança significativa em direção ao nosso objetivo em termos estádios seguros para os bons torcedores. Clube, Polícia, Imprensa e STJD seguem com a mesma leitura e abordagem sobre o tema: individualizar os erros e omitir-se em suas respectivas parcelas de responsabilidade.

O grande marco de mudança no futebol inglês foi o Relatório Taylor. O Hooliganismo e os estádios de arquitetura agressiva deram lugar a grandes centro de lazer, que hoje são fontes fundamentais de receitas para os clubes europeus. Esse "Taylor Report" foi importante exatamente por constatar que clubes, federações e imprensa deveriam chamar para si as responsabilidades e mudar o "conceito de estádio". Não mais focado em conter "hooligans", mas em atender com conforto e segurança aos bons torcedores.

Voltando ao caso do Couto Pereira, a excelente reportagem do repórter Vitorino Chermont da SporTv abaixo, mostra como foi a reabertura do Couto Pereira, a manutenção do péssimo e comprovadamente ineficiente método de trabalho por parte da Polícia e algumas conseqüências lamentáveis, como o jovem que teve o crânio afundado por uma "arma branca" (pistola de bala de borracha), que continua a ser usada. Enquanto que atitude que tiveram em relação a torcida organizada responsável foi proibir o uso das camisetas e a entrada de meia dúzia de imbecís (não dá para dizer que são torcedores, por favor).

Um dos recursos de inteligência imposto pela legislação é punir o Clube. Se não fizer como sempre de punir, depois reduzir a pena, o STJD está certo em punir o Coritiba, não porque eu tenha algo contra o Clube, mas porque considero bom e positivo para o Coxa e, pelo exemplo, para todo o futebol brasileiro. Ao sair do julgamento, os dirigentes do Alviverde paranaense sentiram-se "injustiçados". Pediam a absolvição do Clube, pois os "responsáveis"(aquela meia dúzia de imbecís) já estavam sendo punidos e o Clube era "vítima". Estão errados. A atitude correta, seria aproveitar a previsível punição, para reeducar e conscientizar seus bons torcedores e afastar os maus, usar o fato para mobilizar o torcedor coritibano para uma nova postura em seu Estádio, proibir e acabar de vez com vantagens às torcidas organizadas, como uso de faixas (que até foram usadas para pular o fosso), intrumentos e, claro, os ingressos subsidiados.

Além disso, o Clube é o responsável pela segurança no Estádio. De nada adianta retirar as grandes, como eu sempre defendi (aqui, aqui ,aqui...), sem substituir por uma proteção humana, devidamente treinada (aqui, aqui, aqui...). E no caso de um jogo de risco (como era aquele), reforçar essa segurança. Com equipe própria "do estádio", treinada para as necessidades do Clube e auxiliada pela Polícia, a qual, no caso, ainda demorou um bom tempo para reagir, reagiu errado, e sem ter um plano de ação de emergência resultando em uma ação desesperada, desorganizada e incompetente.

Muitos desses erros, da polícia, do Clube e da imprensa (que por vezes mostra-se perdida nessas questões de violência nos estádios) devem ser corrigidos para o crescimento do futebol brasileiro. A melhor gestão, desde a divulgação, transporte, conforto, segurança, serviços e opções de lazer extra-jogo é o que os Clubes devem buscar para beneficiarem-se com a renda dos jogos e também a maior capacidade de mobilização de seus torcedores.