Muricy Ramalho venceu 4 dos últimos 6 campeonatos brasileiros. O número de fato seria 5, mas em 2005 havia Zveiter e Márcio Rezende de Freitas… Recentemente ganhou a Libertadores, a mesma que já tinha sido vice em 2006. Talvez hoje seja o grande treinador brasileiro em atividade.
No entanto, recentemente, nas duas vezes que foi cogitado sua volta ao Inter, vi diversas manifestações dizendo que só sabia armar retrancas e que na sua passagem anterior deixou escapar os Brasileirões de 2004 e 2005.
Felipão tem no currículo 2 Libertadores, 3 Copa do Brasil, 1 Brasileirão, 1 Copa do Mundo, além de 1 Vice da Eurocopa por Portugal… Sem mencionar trabalhos brilhantes em pelo menos metade das equipes que passou.
Mesmo assim, alguns dizem que está defasado, que só sabe disputar mata-mata e que não vale o investimento de 750 mil/mês (concordo quanto a demasia do salário, mas discutir sua qualidade é insanidade).
Wanderlei Luxemburgo, em sua trajetória, abocanhou 5 Campeonatos Brasileiros (por 4 equipes diferentes), 1 Copa do Brasil e uma penca de campeonatos estaduais. Já treinou a Seleção Brasileira e o Real Madrid, e mesmo não vindo bem nos últimos 3 a 4 anos, é treinador de reconhecida qualidade, mas que muitos já o consideram passado.
Paulo Autuori tem 2 Libertadores, 1 Mundial, 3 Campeonatos Peruanos e 1 Brasileiro, mas é considerado muito “blasé”, sem vibração e sem controle de vestiário.
Treinadores com currículo (leia-se títulos) são criticados por não jogarem bonito, por viverem no passado e/ou por ganharem demais. As vezes os três fatores juntos.
O Santos de Dorival Jr apresentou o melhor futebol do ano passado. Bem armado, era uma máquina de fazer gols. O mesmo vem apresentando trabalhos consistentes em equipes menores (Figueirense, Coritiba, São Caetano) e recentemente trouxe o Vasco de volta do inferno da segundona. Mesmo assim, é chamado de ruim por não conseguir apresentar resultados no Atlético-Mg (pergunto, quem é que consegue/conseguiu nesta última década)?
Abelão quando veio era a antítese de um treinador vencedor. Era o eterno derrotado, o sempre vice, o “quase” personificado.
Exemplos não faltam. Treinadores emergentes, com bons trabalhos recentes são criticados pela falta de currículo (títulos) e no primeiro trabalho ruim são considerados insuficientes.
Não há unanimidades. É impossível contentar a todos.
Nenhum treinador apresenta consistentemente bons trabalhos. Sabe por quê? Por que treinador não entra em campo, não faz gol, muito menos os evita.Sem elenco, sem peças de reposição e sem qualidade, não há milagre.
As estrelas ainda são os jogadores. São eles e suas ações dentro de campo que definem o resultado de uma partida e de um campeonato.
Há uma clara super valorização do papel dos treinadores.
O problema do Inter é treinador? Eu ainda acho que o problema é elenco.
Venha Cuca, Dorival, Bianchi, Zé da Pastelaria ou Guardiola, não podemos transferir responsabilidades.
Que a direção tenha muita serenidade e parcimônia na hora de escolher seu novo comandante, optando por alguém de idéias claras, com ambição e que faça o simples, sem invenções nem idéias mirabolantes.
Mas que o foco não seja desviado. O elenco ainda é carente e insuficiente.
Sem mudar essa idéia de que o problema está sempre na casamata, talvez nem contratando o Mourinho resolva.