quarta-feira, agosto 04, 2010
5 Teté - O Marechal das Vitórias
Há 53 anos, terminava a maior passagem de um técnico pelo comando do Internacional.
temporada de 1957 não estava boa para o Internacional. José Francisco Duarte Júnior, mais conhecido por Teté, comandou o Colorado por seis anos consecutivos, entre 1951 e 1957.
Teté começou sua carreira de treinador na década de 1930, treinando equipes de Bagé e Pelotas. No início dos anos 1940, fazia um grande trabalho no Brasil de Pelotas, e despertou interesse do Internacional, que chegou a pensar em contratá-lo, em julho de 1942, mas não houve consenso na direção colorada.
Em 1947 Teté chegou a Porto Alegre, para trabalhar no Cruzeiro. A seguir, foi para o Nacional, onde novamente destacou-se, e foi contratado pelo Colorado durante a temporada de 1951.
No comando do "Rolinho", foi campeão metropolitano e gaúcho em 1951, 1952, 1953 e 1955. A perda do título de 1954 para o Renner não abalou seu prestígio. Em 1956 comandou a Seleção Brasileira campeã panamericana no México. Mas nesta temporada, a perda do título para o Grêmio foi mais sentida.
Em 1957 a situação piorou. Não havia nada que diminuísse o descontentamento da torcida com os resultados de campo. No campeonato metropolitano, chegamos a ficar 4 jogos sem vitória: Cruzeiro (0x2), Renner (1x2), Aimoré (2x2) e Grêmio (1x1). Alguns jogadores consagrados pelas conquistas anteriores já não apresentavam o mesmo rendimento. Bodinho, completamente fora de forma, perdeu a titularidade. Larry continuava no time, mas era criticado por estar lento. Luizinho, outro ídolo que não estava em boa fase. O veterano Júlio Pérez, campeão mundial pelo Uruguai, em 1950, jogou duas partidas magníficas, logo que foi contratado. Mas lesionou-se, e quando voltou não conseguiu apresentar o mesmo futebol. Descontente consigo mesmo, pensava em rescindir o contrato com o Colorado e voltar para o Uruguai. Joaquinzinho, recém-chegado do Brasil de Pelotas, ainda não havia se afirmado. Quem conseguia destacar-se um pouco era o volante Odorico, o meia Ivo Diogo e o atacante Chinesinho.
Em 4 de agosto de 1957 o Internacional enfrentou o Flamengo de Caxias do Sul, nos Eucaliptos. A expectativa era de uma boa vitória colorada, mas ela foi minguada (2x1), e teve um lance confuso, no final. Aos 42' do 2º tempo Nilo marcou um gol para o Flamengo, confirmado pelo árbitro argentino Miguel Comesaña. Porém, os jogadores colorados reclamaram que a bola havia entrado no gol por um buraco na lateral da rede, enquanto os caxienses diziam que a bola havia furado a rede de dentro para fora. O auxiliar Alfredo Belo apoiou a versão colorada, e o juiz anulou o gol.
O fraco desempenho colorado irritava a torcida, sócios e alguns dirigentes. O Correio do Povo publicou esta matéria, na edição seguinte ao jogo:
“Como é público e notório, o plantel colorado não vem rendendo o suficiente. Em parte porque não se entrosa, em parte porque apresenta deficiência de preparo físico, em parte porque jamais se apresenta duas vezes com a mesma escalação e, ultimamente, talvez porque ande preocupado com outras coisas – a verdade é que vai de decepção em decepção, em que pese contar com nome de expressão do ‘soccer’ nacional. Ainda domingo passado, a decepção foi enorme: jogando contra uma equipe quase inexpressiva como é a do Flamengo, ainda assim custou imensamente para obter uma vitória pela diferença mínima. Segundo boatos que andam pelas rodas esportivas, na reunião de hoje, da diretoria, alguns diretores pretendem sugerir fórmulas revisionistas. Impressionados com o alto custo do plantel e em especial de alguns jogadores, sem o rendimento condizente, pretendem que essa situação seja revisada, se for o caso até negociando alguns dos caríssimos valores que não vêm rendendo metade do que podem”.
Como resultado desta reunião, o presidente colorado, Ítalo José Michelin pediu que o técnico Teté se demitisse. Como ele não o fez, o clube o demitiu. Houve descontentamento de parte de associados e conselheiros, que chegaram a organizar um protesto defendendo a permanência do técnico, mas sem muita força.
No dia seguinte, o Colorado, após tentar sem sucesso Luís Engelke (técnico do Aimoré, que fazia boa campanha), o clube anunciava Gastão Leal, que havia treinado o Brasil de Pelotas, Pelotas, e estava no Lourenciano. Mas o novo técnico, percebendo a situação grave, anunciou que ficaria apenas por 4 dias, até o jogo contra o Nacional, para dar mais tempo ao clube, na busca por um técnico definitivo. Entretanto, a boa vitória sobre o clube da Chácara das Camélias (3x0), com uma exibição convincente, e o fracasso da direção em tentar contratar Flávio Costa e Ricardo Díez (dois técnicos de expressão nacional), levou o clube a anunciar Gastão Leal como técnico definitivo.
Logo em seguida, o clube recebeu uma proposta para jogar na Bahia. Uma pesquisa realizada em Salvador apontou Vasco da Gama, São Paulo, Santos e Internacional como os clubes de “maior cartaz” entre os torcedores. Sua excursão ao Nordeste foi invicta, mas com apenas uma vitória (1x1 Náutico, 3x3 Santa Cruz, 1x1 Sport, 1x1 Seleção Baiana e 1x0 Ypiranga).
Mas antes da excursão, nova dor de cabeça: a Portuguesa veio ao RS disposta a contratar Odorico e Chinesinho, do Colorado. E levou Odorico, por 1,5 milhão de cruzeiros, mesmo valor que pagou por Alfeu, do Aimoré. Novamente ocorreram protestos contra a direção. O presidente anunciou que faria uma rápida reposição, e tentou trazer Luís Alberto, reserva de Dequinha, no Flamengo do Rio. Mas o negócio não concretizou-se. Por outro lado, o clube contratou Clóvis, um atacante de 18 anos, do Riograndense RG, apenas para atravessar uma negociação do Grêmio.
Surgiu, nesse momento, o Movimento Fiscalizador, de oposição, antepassado dos atuais movimentos políticos do clube. Em campo, a situação melhorou um pouco. Gastão Leal venceu 9 partidas seguidas, pelo campeonato. Das 15 partidas do metropolitano em que comandou o Colorado, venceu 13 e perdeu 2 apenas. Mas perdeu o título.
Teté foi treinar o São José, fazendo boas campanhas. Em 1960, voltou ao Colorado. Mas o clube passava por dificuldades, e a saúde do técnico não estava nada bem. Teté ficou poucos meses no comando colorado. Após sair do clube, não treinou mais nenhuma equipe, falecendo em 18 de junho de 1962.
5 Comentários:
Grande Raul!
E só para acrescentar, foi durante o citado empate de 2 - 2 com o Aimoré que Nelson Silva começou a esboçar o que mais tarde seria o hino do nosso clube!
Bodinho, Larry, Odorico e Chinesinho – quando o time do Inter vai mal, são os ídolos que minha “quase-septuagenária” mãe cita como verdadeiros exemplos de dedicação e amor à camisa rubra e à instituição Sport Club Internacional, bem diferentes dos “Walteres da vida por aí...
Caramba, cabrón! Não sabia que o grande Julio Perez havia envergado o manto sagrado também!!
Muito bom!!!
Como o club era irregular, quanta bagunça.
Raul, boa tarde.
Sou muito amigo de sobrinho-neto do Teté. Mandei para ele uma cópia deste artigo. Se você possuir mais informações sobre o Teté e caso seja possível, por favor nos remeta.
Forte abraço.
Marcelo Furlan
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