quarta-feira, junho 10, 2009

10 Copa Joan Gamper 1982

"0-0: Algo falla"

Esta era a manchete do Jornal El Mundo Deportivo, de Barcelona, na edição de 25.08.1982 um dia após o Internacional ter eliminado o poderoso Barcelona da Taça Joan Gamper, na rodada de estreia. O jornal prossegue:

"De forma irônica, Barcelona e Colonia, os grandes favoritos do Gamper-82, disputarão o encontro de consolação do torneio".

"cabe dizer que o encontro Barcelona-Internacional de Porto Alegre constituiu uma sonora decepção para os torcedores azul-grená, que de forma iludida e massiva quase lotaram o atual e impressionante Camp Nou, não só pela eliminação de sua equipe para a grande final, mas muito especialmente pelo pobre jogo exibido".

O Barcelona havia preparado uma grande festa para o torneio. Apesar do clube já ter disputado, nos últimos dias, o Teresa Herrera e o Palma de Mallorca, havia deixado para o Joan Gamper a estréia de suas duas grandes contratações: o argentino Maradona e o alemão Schuster. Além disso, havia a grande estrela do futebol espanhol, no momento: Quini.

O Internacional chegou a Barcelona falando em revanche, pois dias antes havia sido derrotado no Torneio Teresa Herrera, em La Coruña, por 1x0. O técnico colorado Ernesto Guedes criticou a arbitragem, e o treinador azulgrená, Udo Lattek rebateu que o time dele podia ganhar sempre do Internacional.

Além do sentimento de revanche, e da briga dos técnicos, havia Cleo. O meia colorado fora contratado pelo Barcelona, no início de 1982, mas após passar três meses apenas treinando, sem jogar, foi novamente negociado com o Colorado.

O Barcelona começou a partida pressionando. Logo no início, Quini deu um chute forte em direção ao gol colorado, mas Benítez fez grande defesa. A seguir, Esteban e Carrasco tabelam, e da marca do pênalti Esteban conclui, para fora. O amplo domínio territorial do Barcelona, porém, começou a esbarrar na marcação por zona do Internacional. Além da boa marcação, o Colorado raramente se arriscava ao ataque. Os poucos momentos ofensivos se restringiam aos avanços de Silvinho, que incomodava o lateral uruguaio Gerardo, e à habilidade de Rubén Paz, que enlouquecia a dupla de zaga azul-grená, Migueli e Alesanco.

No final da primeira etapa, o estreante Maradona chutou para fora. O único chute de importância colorado foi desferido por Silvinho, que obrigou Artola a fazer uma defesa relativamente difícil. Maradona, o craque argentino, estava apagado na partida, principalmente após uma dura entrada de Ademir, o volante colorado.

A 2ª etapa começa com o Barça pressionando, e logo Maradona cobra uma falta na trave. Mas logo vem a resposta, e Edevaldo, cobrando falta, também carimba a trave do Barcelona. O jogo parecia esquentar, mas logo torna-se monótono. O Internacional limitava-se a defender, e o Barcelona, apesar da posse de bola e do domínio territorial, não conseguia criar chances de gol. Os defensores Gerardo e Migueli ainda arriscaram chutes de longe, sem perigo. Lattek decide mexer no time e coloca em campo Schuster. O alemão deu nova dinâmica ao jogo, e logo após entrar, ao receber um lançamento de Quini, acertou a trave colorada. Pouco depois, chutou para fora, com perigo. Maradona passou a atuar mais à frente, e melhorou seu desempenho, também. O Barcelona pressionou bastante, no final, mas teve de se contentar com o empate em 0x0, e com a disputa de pênaltis.

Já era começo de madrugada em Barcelona quando começaram as cobranças:
Rubén Paz
Gol – Internacional 1x0
Quini
Chuta no poste – Internacional 1x0
Andrezinho
Gol – Internacional 2x0
Maradona
Gol – Internacional 2x1
Ademir
Gol – Internacional 3x1
Alesanco
Benítez defende – Internacional 3x1
André Luís
Gol – Internacional 4x1
Internacional classificado para decidir o torneio com o Manchester City.

Mas Udo Lattek manteve a arrogância, declarando ao jornal espanhol que: “Normalmente debemos ganar a estos brasileños pero esta noche el medio campo ha estado falto de profundidad.”

IN: Benítez; Edevaldo, Mauro Pastor, André Luís e Bereta (Müller); Ademir, Cléo (Sílvio), Mauro Galvão e Rubén Paz; Paulo César e Silvinho (Andrezinho)
BA: Artola; Gerardo, Migueli, Alesanco e Julio Alberto; Alonso (Schuster), Esteban (Marcos) e Victor; Quini, Maradona e Carrasco

A grande final seria no dia seguinte. E em 26.08.1982, lá estava a manchete de El Mundo Deportivo: “3-1: Acabo en samba.”

Depois de afirmar que o título do Internacional era inesperado, pois a equipe havia chegado à competição considerada a mais fraca entre os competidores, o jornal elogia o futebol apresentado pelo Colorado: “Dava auténtica gloria ver cómo tocaban y hasta manoseaban la pelota los brasileños, com sus pases medidos al primer toque, su sentido de la anticipación e su visión de hueco.”

O Internacional começou a partida pressionando. Aos 5’, Paulo César cabeceia, obrigando Corrigan a fazer uma difícil defesa. André Luís aos 20’, Cleo aos 27’ e Mauro Galvão aos 42’ também obrigaram o goleiro inglês a trabalhar. O Manchester só ameaçou uma vez, em um chute de Tweart, defendido por Benítez.No 2º tempo, os gols que faltaram na 1ª etapa decidiram aparecer. Aos 12’, Hakeide derruba Cleo na área: pênalti para o Colorado, que Edevaldo converte. Aos 15’, Silvinho e Paulo César trocam passes pela ponta e este último marca um belo gol: 2x0.Aos 20’, Hartford, da seleção escocesa, agride um jogador colorado e foi expulso. Aos 37’, jogada de combinação de todo o ataque colorado, resulta em chute de Silvinho. No rebote, Fernando Roberto amplia: 3x0. No apagar da luzes, aos 41’, Mcdonalds, de cabeça, após uma cobrança de escanteio, descontou para o Manchester.

Minutos depois, o capitão André Luís recebia o troféu de campeão.
IN: Benítez; Edevaldo, Mauro Pastor, André Luís e Mauro Galvão; Ademir, Müller (Joãozinho), Cléo (Sílvio) e Rubén Paz; Paulo César (Fernando Roberto) e Silvinho
MC: Corrigan; Ranson, Macdonald, Tweart e Kempron (May); Bond, Reenes e Hartford; Hakeide, Cross e Power

Ah, e o Barcelona do falastrão Udo Lattek e dos craques Maradona, Schuster e Quini? Na preliminar perdeu por 1x0 para o Colônia e terminou o torneio em último lugar.

10 Comentários:

SecoFC disse...

E tem gente que lança devedê de segundona, hehehehe

Antes deles ganharem dos reservas do hamburguer nós já jogávamos contra adversários muito mais qualificados.

Depois vêm falar que "nascemos" em 2006!

Excelente post, Prof. Raul!!

Pablo Faria disse...

Tava vendo o jogo da Selenike, fiquei reparando no Pato. Que jogador estranho ele... Parece que tá sempre meio desligado, sei lá. Esquisito... Já Nilmar, tá realmente numa ótima fase. E o Kaká, hein? Que jogadoraço! Já pensou Guina, Sandro, Kaká, Dale, Taison e Nilmar?!!!

Renan Santos disse...

Eu usava essa taça Joan Gamper de contra-argumento pro Toyotão 83 delas hehahahaha

Falava que tínhamos batido o Barcelona de Maradona enquanto eles tinham pego o Hamburguer de Ninguém.

Unknown disse...

Raul... fugindo um pouco do tópico, tu sabes me dizer qual era o camisa 8 do Inter em 93? Porque eu tenho a camisa 8 de 93, mas eu era pequeno e não lembro qual era o jogador.
Gracias!
Saudações Coloradas

Sacuga disse...

Tá ai uma parte da história que eu não conhecia .
Muito instrutivo parabéns.
Mas mudando de saco pra mala, tem um brasão so inter em branco no fundo do blog que atrapalha bastante a leitura do texto ; vou verificar se é meu navegador mas gostaria de saber se mais ninguém teve esta dificuldade na leitura.

Abraço

Sacuga disse...

Acabei de testar é o navegador sim, formatei o pc e ele estava com o IE 6
apartir do IE 7 ou com o uso do firefox ou google chrome , o brasão fica transparente.
Desculpem o incomodo.

Abraços

Schroder-EUA disse...

Bela historia Raul...vivi isso ...na epoca so foi uma pena que nunca vimos vido disso tudo, so no radinho.

PS:

Sacuga, eu nao sabia que no IE6 não era transparente o escudo..bah...te conta esse IE6 so da problema, é uma bosta esse navegador, são inumeros os problemas. RECOMENDO se voce usa ainda IE ou faz o upgrade pra IE7 ou usa Firefox. IE 6 simplesmente é um atraso!

col disse...

Belíssimo relato, Prof.!

Raul Pons disse...

jplanzini:

O time do Internacional mudou muito, naquele ano. Mas provalvelmente quem mais vestiu a camisa 8 foi o Élson.

Para quem quiser verificar "in loco" a decepção dos espanhois com a perda da Jona Gamper,aí vai o site do El Mundo Deportivo:

http://www.elmundodeportivo.es/hemeroteca/index.html

Que inveja dos espanhois! Um jornal de esportes que vc pode consultar online todas as edições desde 1906!

Ticiano disse...

Em 1999 estive no museu do Barça, no Camp Nou. Lá tem a sala Joan Gamper, onde nas paredes estao as fotos de cada capitão campeão erguendo a taça, com uma placa embaixo descrevendo o time e tal... Não teve preço tirar a foto ao lado do quadro do Ander Luis erguendo a taça, como num prenuncio da freguesia catalunha perante o Colorado! hehehe

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