quarta-feira, junho 11, 2008

31 2002 - Começa a Era Fernando Carvalho

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Em 2002 chegava à presidência do Internacional Fernando Carvalho. Dirigente colorado desde os anos 1990, já havia tentado ocupar o principal cargo do clube em eleição anterior, mas fora derrotado. Sabidamente o presidente que conquistou os principais títulos do clube, seu começo de gestão não foi muito promissor.

Assumindo o clube praticamente sem atletas, teve de montar um elenco e contratar um técnico rapidamente. A escolha do técnico recaiu em Ivo Wortmann. Quanto aos jogadores, uma leva aportou no Beira-Rio: os goleiros Renato (ex-Corinthians) e Clemer (ex-Flamengo), os zagueiros Chris (ex-Coritiba), Amelli (ex-River Plate) e Júnior Baiano (ex-Shen Shuan, da China), o lateral-direito Maricá (ex-Vasco), o lateral-esquerdo Cássio (ex-Flamengo), os volantes Alexandre (ex-São Paulo), Márcio (ex-Caxias) e Leandro Ávila (ex-Botafogo), os meias Fabiano Costa e Carlos Miguel (ambos ex-São Paulo), o atacante Mahicon Librelato (ex-Criciúma) e o centroavante Fernando Baiano (ex-Corinthians) foram os principais.

Mesmo assim, o clube fracassou nas suas duas primeiras competições: a Copa Sul-Minas, onde não conseguiu classificar-se para as semifinais, e a Copa do Brasil, onde foi eliminado na 3ª fase, pelo Atlético MG.

Depois de alguns amistosos (incluindo uma vitória sobre o Equador, uma das seleções que eram apontadas como possíveis revelações na Copa do Mundo), veio o campeonato gaúcho, já com na zaga. A estréia foi contra o Juventude, em Caxias do Sul. Em plena neblina, o Internacional venceu por 1x0, em um jogo marcado por tragédias. Um torcedor colorado foi morto por uma bomba lançada da torcida do Juventude, e um membro das organizadas da Papada morreu na explosão acidental do explosivo que carregava, ao sofrer uma abordagem policial. No jogo seguinte, um empate em 0x0 com o Esportivo, no Beira-Rio, deixou o clube obrigado a vencer o jogo seguinte, para chegar à final. A possibilidade de ficar fora da decisão do Gauchão pela terceira vez seguida causou a demissão de Ivo Wortmann. Em São Gabriel, com Guto Ferreira de técnico interino, o Colorado venceu por 3x1 e chegou à final, contra o 15 de Novembro, que havia eliminado o Grêmio. Nas finais, duas vitórias: 3x2 e 2x0. Era o primeiro título oficial conquistado pelo Internacional desde 1997.

A competição seguinte foi o campeonato brasileiro. Guto Ferreira, efetivado como técnico, sobreviveu por cinco partidas, mas após um empate em casa com o São Paulo (2x2), foi substituído por Celso Roth.

O atual técnico gremista teve um começo promissor, ganhando 11 pontos em 15 disputados. Na sua sexta partida, o adversário era o lanterna Figueirense, treinado por Muricy Ramalho, no Beira-Rio. A torcida esperava uma goleada, mas o que se viu foi uma estupenda vitória catarinense. O Figueirense chegou a estar vencendo por 3x0, nos minutos finais o Colorado quase encostou no marcador, mas no último minuto veio o gol definitivo: Figueirense 4x2.

Nos jogos seguintes, o time somou um empate fora e uma vitória em casa. Na partida seguinte, novamente um lanterna, o Paraná. No dia do jogo, o vice-presidente de futebol colorado, Pércio França, declara à imprensa que o Internacional “perdera o poder de ressuscitar os mortos”. E o time parecia confirmar isso em campo, abrindo o marcador logo aos 4 minutos do 1º tempo. Mas doze minutos depois a partida já estava 2x1 a favor do Paraná.

Passado o vexame, o clube empata com o Gama, fora, e com o Fluminense, em casa. O jogo seguinte era contra o Goiás, na zona de rebaixamento. Só seis mil torcedores compareceram ao Beira-Rio, para ver o clube novamente “ressuscitar mortos”: Goiás 2x1.

O time ameaça uma recuperação, ao bater o Atlético PR, na Arena, por 3x2. Mas no jogo seguinte veio a derrota no Gre-Nal (0x1), disputado no Beira-Rio. Na partida seguinte, o lateral Cássio marca o milésimo gol colorado em campeonatos brasileiros, o que não evita a derrota de 3x2 para o Atlético MG. Na partida seguinte, no Beira-Rio, o Internacional enfrentava o Coritiba, que teve um jogador expulso no final do 1º tempo. Mesmo com um jogador a mais, o Colorado não soube se impor, e ainda levou um gol aos 47 minutos do 2º tempo. A catástrofe gerou duas demissões: o técnico Celso Roth, substituído por Cláudio Duarte, e o vice-presidente Pércio França, que cedeu seu lugar para Ibsen Pinheiro.

Faltando quatro rodadas, o Internacional não estava em uma posição tranqüila na tabela. Na primeira partida de Claudião, o Internacional arrancou um empate heróico diante do São Caetano (1x1), com Fernando Baiano fazendo o gol salvador a seis minutos do final do jogo. Com este resultado, o Internacional ficava fora da zona de rebaixamento. Mas na partida seguinte, uma derrota de 3x2 para o Juventude, em Caxias do Sul, devolveu o Internacional à zona de rebaixamento. Três dias depois, o Internacional enfrenta o Cruzeiro, no Beira-Rio. O time joga melhor, tem mais volume de jogo, mas volta a perder: 0x1. Na saída de campo, o abatimento é total. Alguns jogadores dão entrevista achando que o time já estava rebaixado. Fernando Baiano, quase chorando, promete ficar para jogar a 2ª divisão. Os repórteres têm de avisá-los de que o clube ainda tem chances de permanecer na elite.

Na última partida, o Internacional entra no gramado, no Magueirão, em Belém, precisando vencer o Paysandu e ainda torcer por resultados paralelos. O clima é tenso, mas a equipe consegue ser melhor em campo que o adversário. Porém, seu domínio não se traduz em gols. Quando começa o 2º tempo, boas notícias começam a chegar aos jogadores colorados. Os resultados paralelos são favoráveis, mas o Internacional precisa vencer. Mas aos 13 minutos, Mahicon Librelato apara um cruzamento de Fernando Baiano e estufa as redes: Internacional 1x0! Mesmo assim, a apreensão ainda permanece. O Paysandu pode empatar. Mas o alívio vem logo em seguida: aos 17 minutos Fernando Baiano cobra falta da intermediária. Apesar da distância, seu chute rasteiro desvia na barreira e entra no canto direito do goleiro Róbson: Internacional 2x0! Agora era só esperar o tempo passar, e torcer para os resultados paralelos permanecerem favoráveis. Quando o árbitro Valdomiro Mathias da Silva Filho apita o final do jogo, a imensa nação colorada respira aliviada. O fantasma da 2ª divisão apenas passou perto do Beira-Rio, mas não parou por lá. Na verdade, seu objetivo era a Azenha, onde ele chegaria em 2004.