Eu tinha um álbum de figurinhas da Copa de 82. Assistia aos jogos pela TV e escutava os nomes dos jogadores. Reconhecia-os nas fotos das figurinhas e associava a pronúncia de seus nomes às letras que os compunham. Foi assim, com Zico, Sócrates e Falcão, com Dino Zoff, Bruno Conti e Paolo Rossi, que aprendi a ler.
Eu já tinha a consciência, na época, de ser torcedor do Inter. No entanto, quase nunca, na infância, vi meus ídolos colorados jogando pelo clube. Do Figueroa só ouvi as histórias. Falcão, vi jogar apenas pela seleção. Taffarel eu vi jogar, mas não vi conquistar títulos. O Dunga eu vi levantar a taça FIFA, mas a de seleções. Depois também o vi jogar no Beira-Rio, mas em circunstâncias que eu preferia nem ter visto. Até que surgiu Fernandão.
Fernandão chegou ao Inter em 2004. Não sei quanto foi pago por sua vinda, nem quantas renovações de contrato fez ou quanto recebeu, ao todo, em salários, enquanto permaneceu no Beira-Rio. Mas de uma coisa eu tenho certeza: valeu cada centavo! Nos quatro anos em que jogou pelo Inter, levantou as taças mais importantes da história do clube. Agora, vai embora.
Terminado seu ciclo no Beira-Rio, posso afirmar que Fernandão me deu muito mais que o milésimo gol no clássico citadino e bem mais que as taças Libertadores e FIFA, a de clubes. Fernandão foi, no Inter e jogando pelo Inter, o ídolo que eu jamais havia tido antes. Mas não foi só isso. Fernandão me deu ainda mais! Fernandão me fez viajar no tempo. Fernandão me fez voltar à infância!
É com um pequeno pôster do time que enfrentou o Barcelona em Yokohama, que comprei de um ambulante quando me dirigia ao Beira-Rio, para aguardar o retorno dos Campeões do Mundo, que o meu filho, hoje, aprende a ler. Ele pega o pôster e me pergunta o nome e o número dos jogadores colorados, um por um. Depois, quer escrevê-los no computador.
O Fernandão ele já conhece bem, do Fernandão ele já sabe o número. “O 9 é de Fernandão, né, pai?”, ele pergunta. “É, filho, é.” Respondo orgulhoso. É assim, sempre que ele me vê também brincando de escrever no computador. E quando isso ocorre, retorno à infância, brincando com as minhas figurinhas e aprendendo a ler com meus ídolos. Eu aprendi com Falcão, hoje meu filho aprende com Fernandão.
Obrigado, Fernandão! Não só por ter feito o gol mil, não apenas pela Libertadores ou pelo Mundial. Obrigado por tudo isso, é claro, mas principalmente por ter me feito voltar aos meus tempos de guri. Pena que neste momento, nada mais me resta senão te dizer adeus.
Agora, voltarei a ser adulto por um tempo, esperando o um dia em que outro Fernandão apareça por aqui. Não sei quanto tempo levará, se cinco, dez, vinte anos ou mais. Só sei que aguardarei ansioso o dia em que poderei fazer essa viagem de novo. Da próxima vez, quem sabe, na companhia do meu filho.
Baita abraço a todos!
Eu já tinha a consciência, na época, de ser torcedor do Inter. No entanto, quase nunca, na infância, vi meus ídolos colorados jogando pelo clube. Do Figueroa só ouvi as histórias. Falcão, vi jogar apenas pela seleção. Taffarel eu vi jogar, mas não vi conquistar títulos. O Dunga eu vi levantar a taça FIFA, mas a de seleções. Depois também o vi jogar no Beira-Rio, mas em circunstâncias que eu preferia nem ter visto. Até que surgiu Fernandão.
Fernandão chegou ao Inter em 2004. Não sei quanto foi pago por sua vinda, nem quantas renovações de contrato fez ou quanto recebeu, ao todo, em salários, enquanto permaneceu no Beira-Rio. Mas de uma coisa eu tenho certeza: valeu cada centavo! Nos quatro anos em que jogou pelo Inter, levantou as taças mais importantes da história do clube. Agora, vai embora.
Terminado seu ciclo no Beira-Rio, posso afirmar que Fernandão me deu muito mais que o milésimo gol no clássico citadino e bem mais que as taças Libertadores e FIFA, a de clubes. Fernandão foi, no Inter e jogando pelo Inter, o ídolo que eu jamais havia tido antes. Mas não foi só isso. Fernandão me deu ainda mais! Fernandão me fez viajar no tempo. Fernandão me fez voltar à infância!
É com um pequeno pôster do time que enfrentou o Barcelona em Yokohama, que comprei de um ambulante quando me dirigia ao Beira-Rio, para aguardar o retorno dos Campeões do Mundo, que o meu filho, hoje, aprende a ler. Ele pega o pôster e me pergunta o nome e o número dos jogadores colorados, um por um. Depois, quer escrevê-los no computador.
O Fernandão ele já conhece bem, do Fernandão ele já sabe o número. “O 9 é de Fernandão, né, pai?”, ele pergunta. “É, filho, é.” Respondo orgulhoso. É assim, sempre que ele me vê também brincando de escrever no computador. E quando isso ocorre, retorno à infância, brincando com as minhas figurinhas e aprendendo a ler com meus ídolos. Eu aprendi com Falcão, hoje meu filho aprende com Fernandão.
Obrigado, Fernandão! Não só por ter feito o gol mil, não apenas pela Libertadores ou pelo Mundial. Obrigado por tudo isso, é claro, mas principalmente por ter me feito voltar aos meus tempos de guri. Pena que neste momento, nada mais me resta senão te dizer adeus.
Agora, voltarei a ser adulto por um tempo, esperando o um dia em que outro Fernandão apareça por aqui. Não sei quanto tempo levará, se cinco, dez, vinte anos ou mais. Só sei que aguardarei ansioso o dia em que poderei fazer essa viagem de novo. Da próxima vez, quem sabe, na companhia do meu filho.
Baita abraço a todos!