Não para que me interpretem oponente ao nobre colega Tiago, pois estou de acordo com sua lúcida mensagem. Retornem, crianças, para que saibam desde cedo que a vida não é mãe, é madrasta. Para que entendam a complexidade da palavra capital. Para que não se tornem vítimas de suas ilusões. Contudo, vinde a mim oh criancinhas para que não esmaguem num canto de si o lúdico, sendo que da mesma forma, ou com distinto valor de ônus, envolve o futebol. Sendo assim, não nego a teoria Marimon, apenas a completo, ofertando-lhe uma dose de insanidade. Creio que todo ceticismo a necessite, do contrário torna-se gozo de concubina, nada além do ofício no orifício. Antes que lhe tapem os olhos, leiam-me crianças. Sendo a vida como ela é, vós não sois trazidas por cegonhas.
Onde quero chegar?
... Nem te conto...
Sexo é “menos bom” sem amor ou nada se iguala a trepar acariciando mutuamente as almas?
Nunca! Escutem-me crianças: jamais. Porque sexo é sexo, dinheiro é dinheiro por toda a vida. Futebol é negócio (e não aquele de mijar), música é negócio, arte também. Tudo se comercializa, até casamento. Então o que vale nessa merda de realidade? Perguntar ao teu pai “9 é a do Fernandão né?”, mesmo sabendo que hoje ele está nas Arábias ganhando dinheiro. Por mais racional que se torne a humanidade, estaremos sempre em busca de amor e ídolos. Criemos outro Capitão. E como? Gozando com amor. Vendamos o que devemos vender. Sejamos pragmáticos ao ponto de sustentarmos nossos sonhos. Sejamos, com perdão pela audácia, Marimon e Diana. Façamos o necessário para que tenhamos em nossas veias novamente o pulsar do vermelho intenso. O coloradismo vive na simbologia da índia que cedeu ao assédio do colonizador e assim teve o que comer para seguir viva, entretanto, virou os olhinhos nos braços de um herói sem necessária pátria, mas com coração somente seu.
Fernandão segue a correnteza, mas não esquece o primeiro gol à margem do rio na final da Libertadores, quando seu semblante paralisou no que ocorre quando se transa com amor. Aquela expressão de “pára tudo” pode acontecer sobre uma cama, num cantinho do quarto, com uma pequena janela ao lado, por onde se recupera um pouco de ar que o suspiro tomou. Quase tudo tem um preço. Porém, algumas coisas estão acima disso, lutemos por estas. É o que realmente vale à pena, como andar por Madrid vestindo a sete vermelho-vibrante, passar pela frente do Bernabeu e na esquina seguinte escutar o grito provindo de um carro passando “Dá-lhe Inter!”. Isso me aconteceu ontem. Só estou aqui porque trabalhei seguindo as regras do capitalismo, mas ninguém paga meu sorriso e a resposta: Dá-lhe!