Aproveitando os dados disponibilizados pelo Pedro Luiz, um colorado da comunidade do Internacional, no orkut, que mora em São Paulo e tem fotografado inúmeras publicações esportivas disponíveis nos arquivos da FPF, resolvi fazer um artigo sobre os salários dos jogadores gaúchos, em 1948.
Segundo os dados da Federação Riograndense de Desportos, os gastos durante todo o ano de 1948 foram divididos em dois grupos: salários (pagos mensalmente) e luvas (bonificações pagas na renovação do contrato ou premiações por conquistas). Os gastos, por clube, foram os seguintes:Salários (em Cr$):1º Grêmio (Porto Alegre) - 248.800,002º Internacional (Porto Alegre) - 158.000,003º Renner (Porto Alegre) - 168.600,004º Coríntians (ex-Força e Luz) (Porto Alegre) - 144.400,005º Pelotas (Pelotas) - 106.800,006º Cruzeiro (Porto Alegre) - 96.000,007º Nacional (Porto Alegre) - 89.800,008º Floriano (Novo Hamburgo) - 72.600,009º Bagé (Bagé) - 71.200,0010º Guarany (Bagé) - 70.100,0011º Brasil (Pelotas) - 57.000,0012º Riograndense (Rio Grande) - 52.720,0013º Guarany (Santa Maria) - 50.680,0014º Bancário (Pelotas) - 44.500,0015º Cachoeira (Cachoeira do Sul) - 36.900,0016º Fluminense (Santana do Livramento) - 30.780,0017º Rio Grande (Rio Grande) - 24.900,0018º Esperança (Novo Hamburgo) - 24.850,0019º Farroupilha (Pelotas) - 24.000,0020º 14 de Julho (Santana do Livramento) - 21.600,0021º Internacional (Santa Maria) - 20.700,0022º Riograndense (Santa Maria) - 18.450,0023º Santanense (Santana do Livramento) - 16.500,0024º São José (Porto Alegre) - 16.000,0025º Armour (Santana do Livramento) - 9.440,0026º General Osório (Rio Grande) - 3.600,00Luvas (em Cr$):1º Internacional (Porto Alegre) - 295.000,002º Coríntians (ex-Força e Luz) (Porto Alegre) - 128.000,003º Renner (Porto Alegre) - 113.000,004º Cruzeiro (Porto Alegre) - 107.300,005º Grêmio (Porto Alegre) - 106.400,006º Pelotas (Pelotas) - 71.500,007º Guarany (Bagé) - 66.000,008º Brasil (Pelotas) - 33.000,009º Rio Grande (Rio Grande) - 29.300,0010º Nacional (Porto Alegre) - 29.000,0011º Bancário (Pelotas) - 29.000,0012º São José (Porto Alegre) - 24.500,0013º Riograndense (Rio Grande) - 13.190,0014º Santanense (Santana do Livramento) - 6.000,0015º Farroupilha (Pelotas) - 3.000,00As demais 11 equipes não pagavam luvas.
Total (em Cr$):1º Internacional (Porto Alegre) - 453.000,002º Grêmio (Porto Alegre) - 355.200,003º Renner (Porto Alegre) - 281.600,004º Coríntians (ex-Força e Luz) (Porto Alegre) - 272.400,005º Cruzeiro (Porto Alegre) - 203.300,006º Pelotas (Pelotas) – 178.300,007º Guarany (Bagé) - 136.100,008º Nacional (Porto Alegre) - 118.800,009º Brasil (Pelotas) – 90.000,0010º Bancário (Pelotas) – 73.500,0011º Floriano (Novo Hamburgo) - 72.600,0012º Bagé (Bagé) - 71.200,0013º Riograndense (Rio Grande) - 65.610,0014º Rio Grande (Rio Grande) - 54.200,0015º Guarany (Santa Maria) - 50.680,0016º São José (Porto Alegre) - 40.500,0017º Cachoeira (Cachoeira do Sul) - 36.900,0018º Fluminense (Santana do Livramento) - 30.780,0019º Farroupilha (Pelotas) – 27.000,0020º Esperança (Novo Hamburgo) - 24.850,0021º Santanense (Santana do Livramento) – 22.500,0022º 14 de Julho (Santana do Livramento) - 21.600,0023º Internacional (Santa Maria) - 20.700,0024º Riograndense (Santa Maria) - 18.450,0025º Armour (Santana do Livramento) - 9.440,0026º General Osório (Rio Grande) - 3.600,00
O salário mínimo, na época, era de Cr$ 380,00.
Os dados divulgados levam a algumas análises interessantes. O Grêmio, apesar de pagar quase cem mil cruzeiros a mais que o Internacional, em salários, perde por quase cem mil, também, no geral dos gastos. Isso poderia refletir o fato do Internacional ter tido um ano vitorioso, ao contrário do rival. Mas em luvas o Grêmio também perde para outras equipes, ficando apenas em 5º lugar. Isso demonstra algo mais. Podemos supor que havia uma política do Internacional de remunerar os atletas principalmente com valores extra-salário.
Talvez esta política explique o fato do Internacional resistir ao assédio dos clubes do centro do país sobre seus principais atletas. O Rolo Compressor não perdia jogadores. Rui, que saiu em 1944, e Villalba, que saiu em 1944, mas retornou em 1946, foram para centros menores (Paraná e Minas Gerais, respectivamente).
Somente no final de 1949, e com o consentimento do clube, que pretendia renovar o grupo, começaram a sair atletas para o eixo Rio-São Paulo: Tesourinha para o Vasco, Nena para a Portuguesa, Adãozinho para o Flamengo. Na década de 1950, a situação mudaria. As perdas ocorreriam mais rapidamente, com os jogadores recém chegando no auge de suas carreiras. Assim foi com Oreco (Corinthians), Chinesinho (Palmeiras) e Joaquinzinho (Corinthians).
Outra curiosidade era que o interior tinha dificuldades de concorrer com a capital, não apenas com a dupla Gre-Nal. O clube que melhor pagava, no interior, ficava apenas em sexto lugar, na lista geral. Isso leva a pensar do que seria o campeonato gaúcho, se a unificação tivesse ocorrido antes de 1961. Até então, os clubes do interior enfrentavam apenas o campeão da capital, no campeonato estadual. Com mais equipes de Porto Alegre, talvez o futebol do interior tivesse dificuldades para obter os resultados que conseguiu, historicamente.
Para finalizar, em 1948 o futebol estava ingressando na fase em que, pelo menos na dupla Gre-Nal, os jogadores passavam a viver apenas do esporte. Tesourinha, em seus primeiros anos de futebol, teve de trabalhar também como armeiro da Brigada Militar, mas na metade da década de 1940 já era apenas jogador de futebol. Os salários eram incomparavelmente inferiores aos atuais, mas já permitiam ao atleta ter uma vida relativamente boa, em termos econômicos.
Segundo os dados da Federação Riograndense de Desportos, os gastos durante todo o ano de 1948 foram divididos em dois grupos: salários (pagos mensalmente) e luvas (bonificações pagas na renovação do contrato ou premiações por conquistas). Os gastos, por clube, foram os seguintes:Salários (em Cr$):1º Grêmio (Porto Alegre) - 248.800,002º Internacional (Porto Alegre) - 158.000,003º Renner (Porto Alegre) - 168.600,004º Coríntians (ex-Força e Luz) (Porto Alegre) - 144.400,005º Pelotas (Pelotas) - 106.800,006º Cruzeiro (Porto Alegre) - 96.000,007º Nacional (Porto Alegre) - 89.800,008º Floriano (Novo Hamburgo) - 72.600,009º Bagé (Bagé) - 71.200,0010º Guarany (Bagé) - 70.100,0011º Brasil (Pelotas) - 57.000,0012º Riograndense (Rio Grande) - 52.720,0013º Guarany (Santa Maria) - 50.680,0014º Bancário (Pelotas) - 44.500,0015º Cachoeira (Cachoeira do Sul) - 36.900,0016º Fluminense (Santana do Livramento) - 30.780,0017º Rio Grande (Rio Grande) - 24.900,0018º Esperança (Novo Hamburgo) - 24.850,0019º Farroupilha (Pelotas) - 24.000,0020º 14 de Julho (Santana do Livramento) - 21.600,0021º Internacional (Santa Maria) - 20.700,0022º Riograndense (Santa Maria) - 18.450,0023º Santanense (Santana do Livramento) - 16.500,0024º São José (Porto Alegre) - 16.000,0025º Armour (Santana do Livramento) - 9.440,0026º General Osório (Rio Grande) - 3.600,00Luvas (em Cr$):1º Internacional (Porto Alegre) - 295.000,002º Coríntians (ex-Força e Luz) (Porto Alegre) - 128.000,003º Renner (Porto Alegre) - 113.000,004º Cruzeiro (Porto Alegre) - 107.300,005º Grêmio (Porto Alegre) - 106.400,006º Pelotas (Pelotas) - 71.500,007º Guarany (Bagé) - 66.000,008º Brasil (Pelotas) - 33.000,009º Rio Grande (Rio Grande) - 29.300,0010º Nacional (Porto Alegre) - 29.000,0011º Bancário (Pelotas) - 29.000,0012º São José (Porto Alegre) - 24.500,0013º Riograndense (Rio Grande) - 13.190,0014º Santanense (Santana do Livramento) - 6.000,0015º Farroupilha (Pelotas) - 3.000,00As demais 11 equipes não pagavam luvas.
Total (em Cr$):1º Internacional (Porto Alegre) - 453.000,002º Grêmio (Porto Alegre) - 355.200,003º Renner (Porto Alegre) - 281.600,004º Coríntians (ex-Força e Luz) (Porto Alegre) - 272.400,005º Cruzeiro (Porto Alegre) - 203.300,006º Pelotas (Pelotas) – 178.300,007º Guarany (Bagé) - 136.100,008º Nacional (Porto Alegre) - 118.800,009º Brasil (Pelotas) – 90.000,0010º Bancário (Pelotas) – 73.500,0011º Floriano (Novo Hamburgo) - 72.600,0012º Bagé (Bagé) - 71.200,0013º Riograndense (Rio Grande) - 65.610,0014º Rio Grande (Rio Grande) - 54.200,0015º Guarany (Santa Maria) - 50.680,0016º São José (Porto Alegre) - 40.500,0017º Cachoeira (Cachoeira do Sul) - 36.900,0018º Fluminense (Santana do Livramento) - 30.780,0019º Farroupilha (Pelotas) – 27.000,0020º Esperança (Novo Hamburgo) - 24.850,0021º Santanense (Santana do Livramento) – 22.500,0022º 14 de Julho (Santana do Livramento) - 21.600,0023º Internacional (Santa Maria) - 20.700,0024º Riograndense (Santa Maria) - 18.450,0025º Armour (Santana do Livramento) - 9.440,0026º General Osório (Rio Grande) - 3.600,00
O salário mínimo, na época, era de Cr$ 380,00.
Os dados divulgados levam a algumas análises interessantes. O Grêmio, apesar de pagar quase cem mil cruzeiros a mais que o Internacional, em salários, perde por quase cem mil, também, no geral dos gastos. Isso poderia refletir o fato do Internacional ter tido um ano vitorioso, ao contrário do rival. Mas em luvas o Grêmio também perde para outras equipes, ficando apenas em 5º lugar. Isso demonstra algo mais. Podemos supor que havia uma política do Internacional de remunerar os atletas principalmente com valores extra-salário.
Talvez esta política explique o fato do Internacional resistir ao assédio dos clubes do centro do país sobre seus principais atletas. O Rolo Compressor não perdia jogadores. Rui, que saiu em 1944, e Villalba, que saiu em 1944, mas retornou em 1946, foram para centros menores (Paraná e Minas Gerais, respectivamente).
Somente no final de 1949, e com o consentimento do clube, que pretendia renovar o grupo, começaram a sair atletas para o eixo Rio-São Paulo: Tesourinha para o Vasco, Nena para a Portuguesa, Adãozinho para o Flamengo. Na década de 1950, a situação mudaria. As perdas ocorreriam mais rapidamente, com os jogadores recém chegando no auge de suas carreiras. Assim foi com Oreco (Corinthians), Chinesinho (Palmeiras) e Joaquinzinho (Corinthians).
Outra curiosidade era que o interior tinha dificuldades de concorrer com a capital, não apenas com a dupla Gre-Nal. O clube que melhor pagava, no interior, ficava apenas em sexto lugar, na lista geral. Isso leva a pensar do que seria o campeonato gaúcho, se a unificação tivesse ocorrido antes de 1961. Até então, os clubes do interior enfrentavam apenas o campeão da capital, no campeonato estadual. Com mais equipes de Porto Alegre, talvez o futebol do interior tivesse dificuldades para obter os resultados que conseguiu, historicamente.
Para finalizar, em 1948 o futebol estava ingressando na fase em que, pelo menos na dupla Gre-Nal, os jogadores passavam a viver apenas do esporte. Tesourinha, em seus primeiros anos de futebol, teve de trabalhar também como armeiro da Brigada Militar, mas na metade da década de 1940 já era apenas jogador de futebol. Os salários eram incomparavelmente inferiores aos atuais, mas já permitiam ao atleta ter uma vida relativamente boa, em termos econômicos.
7 Comentários:
legal o texto
isso só confirma que as cabeças do Inter são mais inteligentes
e com pés no chão
por isso o grêmio ja caiu 2 vezes
e o Inter continua firme
e conquistou as mesmas coisas
Muito interessante esses dados.
Analisando o contexto dos valores, tomando por base o salário mínimo, podemos verificar que a Folha de Pagamento dos salários dos jogadores do Inter aumentaram aproximadamente 500% daquela época para hoje.
Ou seja, hoje manter o time de futebol do Inter é cinco vezes mais caro do que em 1948.
Mas também devemos fazer um adendo: naquela época o salário mínimo não funcionava como é hoje. A lei que o tinha instituído era de 1943 (Decreto Lei 5.977/43) e um novo valor só foi instituído em 1952 (no valor de Cr$ 1.200,00 - Decreto 30.342/51).
Se tomassemos por base esse salário de 1952, a diferença seria ainda maior, na base de os salários atuais serem 18 vezes maiores que os daquela época.
Apenas conjecturas, claro.
R$ 450.000,00 PARA TREINAR UM CLUBE DE FUTEBOL??!?!?! (CASO MURICI E OUTROS).
DAI AGENTE PERCEBE QUE O NEGÓCIO É MUITO MAIOR QUE O ESPORTE.
Guilherme, não acredite em tudo que vem da imprensa.
O Muricy não pediu isso pro Inter.
Pra você ter uma base, a imprensa já bradou aos quatro ventor que ele ganha 450 mil no SP, quando na verdade, somando alguns bonus por objetivos ele tira aprox. 250 mil.
Sempre gosto dos tópicos do Prf. Raul.
Tesourinha era armeiro da Brigada. Não sabia dessa.
Às beatas e torcedores do Abel FC, vejam o que um torcedor escreveu em outro blog:
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ABEL FEZ COM O INTER O MESMO QUE RONALDINHO FEZ COM O GRÊMIO !! JURAVA AMOR E NA SOMBRA NEGOCIAVA O FUTURO !! ESTÁ FICANDO NORMAL ESTAS ATITUDES !!!
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É isso aí !
Nos anos 1930 e início dos anos 1940 era comum os jogadores terem mais uma profissão, e muitos trabalhavam na BM. A Revolução Constitucionalista, em SP, em 1932, atrapalhou muitos clubes da capital, pois a BM enviou tropas para SP, que permaneceram um bom tempo lá. Entre os convocados, alguns jogadores de clubes menores e de ligas não-oficiais da cidade.
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