Salomon havia sido eleito o craque do campeonato uruguaio, atuando pelo pequeno Defensor. Em março de 1978 o Internacional decidiu contratá-lo para preencher a vaga ainda aberta com a saída de Figueroa. Salomon estreou em 07.05.1978, no empate em 1x1 com o Coritiba, no Couto Pereira, pelo campeonato brasileiro. O zagueiro começou como titular, mas chegou a perder a titularidade durante algumas partidas, voltando ao time apenas nos últimos jogos.Salomon não adaptava-se ao futebol brasileiro. No Uruguai, ele era o zagueiro da sobra. No Internacional, ele tinha de sair para o combate, e sua lentidão o tornava um obstáculo fácil para atacantes rápidos. No Uruguai, seu nome continuava em alta, e Dino Sani, técnico do Peñarol, pediu sua contratação. O presidente do Peñarol ofereceu 120 mil dólares ao Colorado, que considerou a quantia baixa. Mesmo assim, o dirigente uruguaio prometeu conseguir mais dinheiro, e inscreveu Salomon no campeonato uruguaio, antes que se encerrasse o prazo. Estava tudo quase certo.
07.09.1978 - Gre-Nal pelo campeonato gaúcho, que não valia mais nada, os dois clubes já estavam classificados para as semifinais do turno e jogariam com reservas. A direção colorada, ainda indecisa sobre a qualidade de Salomon, pediu a Cláudio Duarte que escalasse o zagueiro. Se jogasse mal, seria vendido, caso contrário, ficaria no time. Logo aos 8’ de jogo, uma bola foi lançada na direção da área colorada. Salomon foi em sua direção, e o atacante gremista Everaldo também.Percebendo a dividida inevitável, Salomon preparou-se para chutar a bola com toda força. Mas Everaldo entrou na bola com o corpo de lado e o pé levantado, solando o lance. Salomon chutou com força, e o impacto do choque fez com que ele voasse por cima do gremista. Salomon caiu no chão berrado de dor, e os jogadores colorados correram para cima de Everaldo. Fechou o tempo no Gre-Nal. Salomon, caído no gramado, se retorcia de dor, com fratura exposta da tíbia e perônio. Salomon foi substituído por Larry. Saiu de campo não mais para voltar a Montevidéu, como era seu sonho, mas para ir para a mesa de cirurgia de um hospital porto-alegrense. O Internacional venceu por 1x0, e Salomon, que ficaria um longo tempo em recuperação, jamais jogaria pelo Colorado. Pelo Internacional, Salomon jogou 17 partidas (12 vitórias, 4 empates, 1 derrota), marcou 2 gols e foi substituído duas vezes.
Pinga estreou no Internacional em 1984. Foi campeão do Torneio Heleno Nunes e do campeonato gaúcho, naquele ano. Com a camisa da Seleção Brasileira, foi medalha de prata nas Olimpíadas. Presença constante nas convocações da Canarinho, formou com Taffarel, Luís Carlos Winck e Aloísio, uma defesa de grande qualidade, mas que não acumulou títulos porque o resto do time não estava à altura.
O drama de Pinga começou na partida que decidiu o campeonato gaúcho de 1987. Naquele ano, o campeonato foi decidido em um hexagonal com Fórmula Fraga. O Grêmio venceu o 1º turno. Mas no 2º turno o Colorado passou a bater em todo mundo - Juventude, Caxias, Brasil – e abriu 2 pontos de vantagem sobre o Grêmio. Mas na penúltima rodada o Internacional empatou em 0x0 com o Esportivo, no Beira-Rio, enquanto o Grêmio vencia o Brasil, em Pelotas, por 3x2. A vantagem caia para 1 ponto. O Gre-Nal de 19.07.1987, no Olímpico, passou a valer muito. Se o Colorado vencesse ou empatasse, ganharia o 2º turno e provocaria a realização de 2 Gre-Nais decisivos. Se o Grêmio vencesse, ganharia o título direto.
E a partida não começa bem. Logo a 1’ Lima faz 1x0 para o rival. A partida segue parelha, até que aos 16’ ocorre um lance de pura covardia. Pinga entra em uma bola dividida com o ponteiro gremista Fernando, que ergue a perna e acerta o joelho direito do colorado com a sola, rompendo todos os ligamentos do zagueiro. Pinga berra de dor e seus companheiros correm para acudi-lo, mas o juiz Carlos Martins não marca falta e manda o jogo seguir, sem que os colorados percebam. Enfrentando apenas a resistência do goleiro Taffarel, Lima amplia: 2x0.
Pinga sai de ambulância, direto para a mesa de operações. Todos percebem a gravidade da lesão (muito pior que uma fratura), e o time do Internacional fica aturdido. Aproveitando-se da situação, Jorge Veras faz 3x0 aos 18’. A torcida gremista já imaginava uma grande goleada, mas na saída de bola o Internacional lança-se ao ataque e só é parado com pênalti. Luís Carlos Winck cobra e desconta: 3x1. Os colorados querem vingança, e Norberto chuta Fernando com violência, junto à bandeirinha de escanteio. O gremista cai por cima do mastro e o quebra, mas Carlos Martins, sabendo que errou, não tem coragem de sequer advertir o volante colorado.
A partir deste gol o Internacional volta a concentrar-se na partida. Tendo uma tarefa quase impossível, o Colorado lança-se em busca do empate. A pressão dá resultado quando o ponteiro-direito Paulinho Gaúcho diminui novamente, aos 18’ do 2º tempo. A torcida gremista, em todo estado, encolhe-se. A pressão continua. Paulinho quase marca, novamente. A seguir, outro gol perdido. No final, o empate salvador não vem.
Pinga voltaria aos gramados somente em 1991. Emprestado para clubes menores, voltou em 1992, para ser campeão gaúcho e ter participação decisiva no título da Copa do Brasil, quando sofreu o pênalti inteligentemente marcado pelo árbitro José Aparecido de Oliveira. Célio Silva cobrou e marcou o gol do título, aos 42’ do 2º tempo. Em 1993 saiu novamente do Beira-Rio, rodando por vários clubes até 1999.