
Em muitos artigos que escrevo aqui, percebo pelos comentários o desejo de colorados de conhecerem mais sobre o passado do nosso futebol, especialmente sobre os clubes que fizeram nome mas já desapareceram.
Para satisfazer esta curiosidade, vou fazer uma série de artigos sobre alguns de nossos velhos rivais, que ficaram pela estrada do tempo.
O Grêmio Esportivo Renner foi fundado em 23.07.1931, por Victor Gottschold, Avelino Amaral e Apolinário Corrêa, entre outros, todos funcionários da A.J. Renner e Cia.
O clube realizou seus primeiros jogos na rua Frederico Mentz. Em 15.11.1935 o Renner inaugurou seu estádio na rua Sertório (esquina com a avenida Eduardo) vencendo o Taquarense por 5x4. O estádio foi construído em um terreno doado por Antônio Jacob Renner, presidente de honra.
O Renner era chamado de "Time dos Industriários", e seu estádio, o Tiradentes, era conhecido como Waterloo, porque os grandes clubes costumavam perder pontos jogando lá. Seu uniforme consistia em uma camiseta com listras verticais vermelhas e brancas.
Em 1936 o Renner participou da fundação da Liga Atlética Porto Alegrense (LAPA), ao lado do Portuário, Rio Guahyba, Gloriense e Arrozeira Brasileira. No ano seguinte, com a divisão da principal liga portoalegrense, o Renner abandonou a LAPA e ingressou na facção da Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Atléticos que manteve-se fiel à CBD (AMGEA cebedense). Em 1938 o clube venceu o Torneio Início e o campeonato municipal, disputando o campeonato gaúcho. Com a unificação do futebol portoalegrense, realizou-se no primeiro semestre de 1939 o Torneio Relâmpago, com onze equipes e que classificaria os cinco primeiros para a Série A, ficando os restantes na Série B. Renner, Cruzeiro e Americano terminaram o torneio empatados em 4º lugar. No Torneio Desempate o Renner ficou em último, perdendo a vaga na Série A.
Em 1940 o clube analisou a possibilidade de alterar seu nome para Industrial ou Navegantes, para adequar-se aos estatutos da AMGEA. Nesta temporada, com uma grande campanha na Série B, o clube teve seu atacante Caburé (artilheiro da competição) convocado para a Seleção Brasileira que disputaria o Campeonato Sul-Americano na Bolívia (os clubes gaúchos recusaram-se a ceder seus atletas e Caburé jamais jogou pela Seleção). Precisando apenas de um empate para ganhar o campeonato da Série B, o clube perdeu para o Porto Alegre, desperdiçando a chance de subir à Série A. Na melhor de três com o Porto Alegre, o clube foi novamente derrotado e ficou em segundo lugar. No ano seguinte o clube resolveu não inscrever-se para disputar o campeonato da Série B.
Em 1942 o clube venceu o campeonato da Série B mas não conseguiu o acesso para a Série A. Em 1944, novamente chegou ao título, conquistando o direito de ascender à série principal. Em 1947, no Torneio Extra, terminou a competição empatado na 1ª colocação com o Internacional, e venceu o jogo extra por 2x1. O clube voltaria a vencer o Torneio Extra em 1951. Em 1951 o Renner foi vice-campeão juvenil, repetindo o feito em 1953 e 1957. Mas o grande momento do clube foi na temporada de 1954. O Renner sagrou-se campeão citadino com três rodadas de antecipação ao vencer o Juventude por 9x2, no dia 08.01.1955. A seguir, conquistou o campeonato gaúcho de 1954, ao vencer o Ferrocarril por 2x0, em 30.01.1955.
Em 1956 o Renner conquistou o Torneio da ACEPA (um torneio extra norturno, disputado no final da temporada). Em 1957 disputou o Torneio Quadrangular do Rio de Janeiro, contra Bangu, Vasco e Fluminense.
O final da década de 1950 marcou um período de crise do clube, que chegou a ter 5.000 sócios, mas era deficitário. No final de cada temporada a empresa A. J. Renner tinha de cobrir o rombo financeiro cada vez maior. Após o campeonato de 1958, a direção decidiu extinguir o departamento de futebol profissional do clube.
Entre os jogadores do clube, destacaram-se o goleiro Valdir de Morais (titular por vários anos no Palmeiras e avô de Danny Morais), o lateral-direito Bonzo, o lateral-esquerdo Olavo, o volante Badanha, o ponteiro-direito Sabiá, o meia Breno Melo (que foi para o Fluminense e fez fama no cinema, com o papel principal no premiadíssimo Orfeu Negro), os atacantes Caburé, Saladuro, Cabano e Medina, e os ex-colorados Joane, Hormar, Rui Motorzinho e Ênio Andrade.