Nenhum clube (brasileiro ao menos) chega ao topo e nele se mantém por muitos anos.
Há uma alternância histórica na supremacia do futebol nacional.
Santos, Botafogo, Inter, Cruzeiro, Flamengo, São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Corinthians: todos já tiveram ciclos de ouro, permeados por grandes conquistas e inesquecíveis esquadrões.
Timaços como o Santos de Pele, o Inter de Falcão e o Flamengo de Zico. Escretes que marcaram época, conquistando tudo que estava ao alcance e colocando seu nome no panteão de grandes equipes do futebol tupiniquim.
No entanto, todo ciclo acaba.
Quanto mais tempo perde-se ao reconhecer e começar a transição, mais tempo leva para reiniciar um novo ciclo vitorioso.
Pegamos o São Paulo, por exemplo. Hoje, talvez, o clube mais vitorioso de todos os tempos no cenário nacional.
No início da década, havia um estigma de clube “pipoqueiro”, amarelão.
Façanhas como perder uma Copa do Brasil no último minuto para o Cruzeiro, inúmeros vice-campeonatos e campanhas que ficaram no “quase” (por exemplo, um terceiro lugar na LA03, perdendo pro Once Caldas) apenas reforçavam que faltava algo, algo talvez mínimo.
A partir de 2005, este algo não faltava mais. Capitaneado por Rogério Ceni, veio um dos ciclos mais duradouros e vitoriosos do futebol brasileiro: 1 Libertadores, 1 Mundial, 3 Brasileiros, 1 Paulista. Sem contar 1 vice e 1 semifinal da Libertadores, além de 7 participações consecutivas na mesma. Tudo isto num período de 6 anos.
Este ciclo são-paulino acabou.
Sem a costumeira Libertadores e suas receitas vultuosas no horizonte e com o aposento próximo de lideranças históricas, ainda que de maneira tardia, a renovação já começou. O gradual lançamento de jovens e ambições imediatas mais modestas irão ser uma constante nessa nova fase de transição.
Trago o exemplo são-paulino não apenas pelo fato da válida comparação com o melhor, mas também pela proximidade e semelhança contextual com o nosso amado clube.
O ciclo vitorioso colorado, também irá ter um fim. Nada dura para sempre, e não seremos exceção.
Iniciado em 2006 (pode-se argumentar que o ciclo vitorioso começou antes), já somamos, mesmo que intervalados, 2 Libertadores, 1 Sulamericana, 1 Recopa, 1 Mundial, alguns gauchões e Deus queira, mais um mundial.
Em 2007, repousando ou não nos louros da vitória, a letargia e a falta de mudança de rumos abreviaram novos êxitos.
Creio que é imperativo que a nova direção, qual seja, seja capaz de discernir que o ciclo atual está próximo do fim e faça as necessárias mudanças de rotas, reavaliações de políticas e alicerces básicos da gestão do clube.
Dessa maneira, um novo ciclo, igualmente vitorioso pode emergir.
Listo abaixo, ao nível pessoal, o que EU espero do próximo presidente.
• Renovação do plantel: Dispensa de atletas caros que não deram a resposta esperada (Edu, Renan, Leonardo) de baixa qualidade e/ou de baixo custo/benefício (Pato, Lauro, Bruno Silva, Daniel, Marinho, Ronaldo, Juan, Alecsandro). Oxigenação do grupo com contratações de qualidade (em condição de serem titulares) para goleiro, primeiro volante e centroavante e espaço maior para jovens promessas (Oscar, Damião, Marquinhos, Dalton…)
• Desvinculação do patrocínio master ao coirmão, e obtenção de novos valores próximos ao valor estimado de mercado do clube (R$ 20 milhões/ano).
• Obtenção de novas receitas, investimento em revitalização do complexo Beira-Rio (sem prejudicar o futebol) e avanço na profissionalização da gestão do clube em áreas como marketing, finanças e administração.
• Manutenção da política de venda de jogadores para equilíbrio das finanças e reposição, CONTANTO que seja a altura, e NUNCA de jogadores imprescindíveis e em meio a campeonatos.
• Investimentos maciços em futebol, que é e sempre será o carro chefe e razão da existência do clube.
Por fim, existe uma frase muito “batida”, mas não menos verdadeira que diz que tão difícil quanto chegar ao topo, é manter-se nele.
O desafio que surge é tão difícil e exigente quanto foi reerguer o clube.